Dentre tantos games que recebem novas versões anualmente, Just Dance acaba sendo apenas mais um na fila do pão. A partir deste ponto de vista, é fácil levantar a bandeira que defende como todo o mercado de joguinhos está saturado, e blá blá blá. Inclusive, é muito comum ouvir por aí argumentos como “deveriam parar de lançar um novo jogo da mesma franquia todo o ano porque não traz nada de novo”. Há quem diga que todos estes títulos deveriam ser transformados em serviços pagos com atualizações recorrentes. E, este é um ponto válido, realmente.
Todavia, toda a projeção desses games que recebem uma nova mídia física, um encarte com design reformulado e um número no título para atualizá-lo com o ano em que é lançado, vai muito além de você e eu: envolve inúmeros setores, desde a sua produção à venda do produto final. Então, quando joguei Just Dance 2018, em meio a todo o suor e as calorias perdidas, e os desafios propostos que instigam o jogador a se superar cada dia um pouquinho mais; veio também a constatação de que, hey, pensar que estes jogos atualizados anualmente deveriam acabar é só egocentrismo direcionado.
Para além da questão mercadológica, não é preciso nem abordar aqui a aproximação natural que as pessoas têm com a tecnologia atualmente – o que por si só inclui videogames na lista. Cada vez mais os jogos ganham espaço entre as tecnologias que comportam um lar, e a cada novo título lançado – mesmo sendo só uma versão atualizada – nascem novos consumidores que, possivelmente, seguirão a indústria a partir de um primeiro e agradável contato.
E que conste que, dentre todos os oito modos que Just Dance 2018 traz (World Dance Floor, Dance Lab, Sweat, Playlist, KCal Tracker, Challenge Mode e Double Rumble, que é exclusivo da versão Nintendo Switch), para mim o que mais se destacou foi o Kids Mode. Esta é a primeira vez que a Ubisoft dedica um modo exclusivamente às crianças. Até então, apenas músicas clássicas de filmes animados da Disney eram incluídas nos games da famosa franquia de dança, de modo a atrair diretamente a molecada. Agora, há um menu dedicado com oito coreografias inteiramente voltadas aos pequeninos.
A partir deste momento, ficou claro como a água para mim que estes jogos, os famigerados anualmente atualizados, são as portas de entrada que muitas crianças precisam para adentrar o mundo dos videogames. E, com este novo Modo Kids, é necessário encarar que os baixinhos é que são o público alvo de toda esta indústria no fim das contas, e a eles deve ser dado cada mais vez enfoque, sim. Não é como se nos tornássemos coadjuvantes, mas sim deuteragonistas deste mercado – e, na realidade, não é como se o seu ou o meu papel importassem muito nesta história.
Não há nada demais em só se divertir e deixar de lado os gráficos ultrarrealistas, personagens complexos ou narrativas intensas. Apenas relaxe. Apenas curta. Apenas dance.
Outro ponto que vale ressaltar sobre a importância do o jogo é em relação aos jogadores profissionais. Os e-sports já tomaram conta da indústria quer você goste/acompanhe ou não e Just Dance faz parte desse segmento. As mecânicas de pontuação durante as canções, isto é, a captação dos passos da coreografia, está um pouco mais calibrada se comparada às versões anteriores – e em especial quando em contraste com as músicas disponíveis no Just Dance Unlimited.
E por falar nisso… No fim, mesmo que a Ubisoft ainda assim ofereça o Just Dance Unlimited, que é de fato um serviço de streaming pago onde os usuários podem acessar mais de 200 músicas de versões anteriores de jogos da franquia nos consoles da atual geração; a importância de se adquirir um ou mais jogos físicos da franquia não muda a sua importância na indústria como um todo – especialmente se observada como desenvolvedor do produto. E claro, a diversão adquirida, seja sozinho ou ao lado de crianças, adolescentes e adultos, não muda.
Isso realmente é um ponto fixo no tempo: a mídia física pode mudar com o passar do tempo, o encarte e a interface podem receber uma reformulação de design, e o número no título pode ser alterado para corroborar com o ano em que é lançado, sim. Mas a diversão não muda. E Just Dance, de uma forma ou de outra, entrega isso com louvor.
E hey, não há nada demais em só se divertir e deixar de lado por um tempo os gráficos ultrarrealistas, ou os personagens propositalmente complexos, ou as narrativas mirabolantemente intensas, ou a jogabilidade especialmente envolvente, ou até as temáticas cheias de mensagens significativas… Não tem problema esquecer-se disso tudo, não. Apenas relaxe. Apenas curta. Apenas dance.
(Eu sei, foi um trocadilho horrível).
Vale ainda ressaltar que como de praxe, com um novo lançamento da franquia, novas músicas também entram para o rol de canções que compõem a franquia – e que são por sua vez, posteriormente, agregadas ao serviço Just Dance Unlimited.
Pessoalmente, como grande entusiasta de música e dança que sou (e falo aqui num aspecto geral), fiquei muito animada com a adição de alguns artistias específicos, o que tornou a experiência ainda melhor. As coreografias Extreme, que são versões alternativas das rotinas padrões, estão bastante desafiadoras e instigantes.
Mas chega de enrolação. No menu principal do game, o Dance, esta é a lista completa de músicas disponíveis:
Além destas, há pelo menos seis músicas exclusivas do Modo Kids e duas outras coreografias adaptadas. Oh, e se você estiver se preocupando com o conteúdo sensível de algumas músicas, já que o game recebeu tanto enfoque nas crianças, saiba que as canções do título recebem edições especiais ou ainda versões covers, o que realmente faz com que seja voltado para toda a família.
O jogo foi analisado no PlayStation 4 em cópia cedida pela Ubisoft.