Katana ZERO é um daqueles jogos que são obras-primas. A arte é impecável, com detalhes nas animações, cenários e personagens, se tornando ainda mais impressionante com as ações durante a jogabilidade. Um deleite para os olhos em Pixel Art.
Junto de toda a qualidade técnica do jogo temos a história e mecânicas que estão à altura dessa arte maravilhosa. Katana ZERO é muito gostoso de jogar e a história se abre para você na medida em que progride, tudo muito bem amarrado e explicado. Com o tempo, começamos a entender esse mundo louco onde você, um samurai sem memória, é contratado para eliminar alvos muito particulares.
Ao início de cada fase, o Dragão, personagem principal, reflete sobre como superar aquele estágio e, quando o jogador morre, pensa que “talvez não desse jeito” e a fita rebobina até o começo. (Nota para xs novinhxs: rebobinar é algo que a gente fazia com fitas VHS ou K7; era necessário voltar uma fita para o começo para que quem fosse usar na próxima vez pudesse assistir ao filme ou ouvir à música completa).
Katana ZERO é uma verdadeira obra-prima. 10/10.
Esse aspecto também dá a entender que tudo não passa de uma análise cuidadosa de seus movimentos e ações, algo parecido com o filme “Sherlock Holmes”.
A ação frenética, junto da falta de memória, lembra muito Hotline Miami. É muito fácil morrer no jogo, mas isso sempre será por vacilo seu. É possível sentir como passar por aquela parte difícil, mas a combinação de movimentos precisa ser exata, ou, talvez, pensar em outro caminho e forma. É comum você se pegar refletindo sobre uma parte antes de chegar nela, fazendo exatamente o que o personagem sugere.
Existe também como deixar o tempo em câmera lenta, criando um efeito muito legal e facilitando a antecipação para se defender dos disparos dos inimigos. Esse poder é muito explorado na história do jogo, pois parece ser fruto de uma droga ainda desconhecida. E rebater tiros é sempre algo ótimo de se fazer. Quando o replay da fase acontece, nada está em câmera lenta, então só vemos movimentos rápidos e inimigos caídos por todos os lados.
Outra situação muito bacana é o sistema de diálogo, em que você pode ser grosseiro e não esperar o outro terminar de falar ou esperar para escolher uma melhor opção. O legal é que suas escolhas de conversa afetam mesmo a narrativa, com algumas coisas podendo, ou não, acontecerem dependendo da forma como você interage com os NPCs. Assim, mesmo ao falar com alguém, é preciso atenção e velocidade para selecionar a opção desejada antes do tempo acabar.
As fases são muito bem elaboradas, com inimigos diversos e algumas situações engraçadas ao estilo Metal Gear. Hora ou outra, encontramos capangas conversando ou vivendo as próprias vidas. Esses elementos acabam criando situações divertidas no jogo e aumentando a imersão nesse mundo cyberpunk louco.
Se você acha que as melhores parte do jogo já foram ditas, eu ainda não falei a melhor de todas. Com o perdão da palavra, puta que pariu, que trilha sonora foda. E detalhe, ela é diegética, ou seja, faz parte do mundo do jogo. Sempre que começa uma fase, o Dragão ajeita os fones de ouvido, liga a mósica e bora descer porrada em geral no ritmo.
Contudo, Katana ZERO é um jogo frenético. Não espere calmaria e fases leves. Na medida que o jogo avança, rapidamente você se deparará com desafios complexos e a agilidade dos dedos e conhecimento das mecânicas do jogo serão as únicas formas de se salvar.
Morrer significa voltar para o começo. Isso parece punitivo, mas é importante para a narrativa.
Sempre existirão estágios que são até relaxantes de tão fluidas, mas não baixe sua guarda. Logo um chefão irá aparecer e bora alongar os dedos, pois será uma daquelas batalhas intensas, de morrer diversas vezes, para acabar vencendo em segundos quando o replay acontecer.
Morrer significa voltar para o começo. Isso parece punitivo, mas é importante para a narrativa. Porém, nada pior do que, depois que eliminar todos, acabar descobrindo que a saída fica no lugar por onde você entrou e, por puro descuido, acabar caindo em uma armadulha enquanto volta pelo cenário vazio. Adeus progresso e boa sorte em vencer tudo novamente.
Katana ZERO tem todos os elementos de um grande jogo: jogabilidade fluida e trilha sonora incrível. Porém, ele se torna ainda melhor com a arte absurdamente bem trabalhada e narrativa muito cativante, com mistérios e pontas soltas que serão amarradas. A ideia das fitas VHS é um toque muito interessante e os personagens todos são bem carismáticos, até no dossiê mostrando quem são os alvos.
Como já dito, é um daqueles jogos que podem ser considerados obras-primas. Abraça e vai. Vale a pena.
O jogo foi testado no PC, em cópia cedida pela Devolver Digital.