Uma semana após 17 de dezembro de 2015, existiam dois tipos de pessoas no mundo inteiro: as que gostaram de “Star Wars: O Despertar da Força” e as que não gostaram. Tanto para o bem quanto para o mal, o argumento era o mesmo, o filme lembra bastante o primeiro da franquia, “Uma Nova Esperança”.
Para os mais novos, que estavam ali conhecendo e se encantando com o universo criado por George Lucas pela primeira vez, a experiência foi semelhante aos que vislumbraram no cinema Luke, Leia e Han Solo quando jovens destruindo a Estrela da Morte.
Com isso, ao me deparar com este jogo da franquia LEGO, dentre tantos outros que existam, minha perspectiva não poderia ser diferente, pois estava me encantando com um estilo que, também, pela primeira vez eu passava a conhecer. E estar no grupo do meio, dos que já conheciam Star Wars e haviam adorado o sétimo filme, fez dessa releitura de “Star Wars: O Despertar da Força” a melhor possível.
A imersão no universo de Star Wars que o game transmite vai além de atirar com blasters ou pilotar X-Wings, e está justamente o seu entorno.
E não só por montar vários personagens carismáticos com as pecinhas tão legais quanto, mas por nos trazer a sensação de reconstruir o próprio longa metragem e nos fazer tomar como verdade versões hilárias de cenas que já havíamos gostado bastante anteriormente. O joinha de BB-8 na versão LEGO é um grande exemplo.
Ao iniciar a narrativa já no meio do combate final de “O Retorno de Jedi”, variando entre Han Solo, Leia, Chewie e os Ewoks, LEGO Star Wars: O Despertar da Força amarra o novo game da série aos filmes anteriores, apresentando aos possíveis novos fãs que há outras histórias por trás das que serão revividas por Rey, BB-8, Finn e os mais de 200 personagens desbloqueáveis dentro do jogo.
Mesmo com todas as tentativas em amenizar certas passagens, uma determinada cena consegue ser tão triste e impactante quanto foi no cinema.
O título traz de volta nomes como Qui-Gon Jinn, Boba Fett e Lando Calrissian – mas deixa de fora Jar Jar Binks, Mace Windu e outros, ao menos nessa primeira leva, mesmo entre os DLCs – com habilidades próprias para desbloquear determinadas áreas do jogo, acessando puzzles e interagindo com o cenário.
Para os jogadores habituados à franquia pode soar mais do mesmo. Porém, a fluidez de como tudo se encaixa, misturando vários tipos de jogabilidade num só título (da correria desenfreada de Jakku até manobrar a Millenium Falcon sobre destroços, por exemplo), nos mostra a evolução do estilo da série LEGO, e, de alguma forma, nos faz sentir como se estivéssemos sentados no tapete de casa, com um balde infinito de peças, brincando de LEGO.
Quanto à história de LEGO Star Wars: O Despertar da Força, ela nos é contada com a conhecida característica narrativa da série. Algumas das suas cenas são substituídas por algo mais simples ou até realmente engraçado, mudando, por vezes, o seu contexto. No entanto, mesmo com todas as tentativas possíveis em amenizar certas passagens, uma determinada parte consegue ser tão triste e impactante quanto foi na grande tela.
Apesar de competente, a maior qualidade do game não fica em sua jogabilidade, e sim, no cuidado de transpor detalhes da ambientação e trilha sonora (nesse ponto, dificilmente há algo que possa dar errado) para dentro um jogo de aventura. O poder de imersão no universo de Star Wars que o game transmite vai além de somente ouvir o som do tiro das blasters ou pilotar X-Wings, e fica mais forte justamente em seu entorno.
Antes de cada um dos seus capítulos, o jogo resume os acontecimentos com as letras amarelas subindo no fundo preto e, nos loadings, aspectos do jogo e do universo da saga são mostrados como se fosse um aperitivo para o fã. Entretanto, alguns problemas vão sendo percebidos no decorrer da campanha, como a câmera que segura o jogador mais afoito em descobrir cada peça escondida (e são muitas!) pelos cenários, atrapalhando a exploração.
A impossibilidade de sair e salvar a qualquer momento da partida também incomoda. Assim, ao jogador, resta terminar ou voltar ao seu início, algo que um simples salvamento automático, colocado em cada resolução de puzzle, resolveria. Mesmo assim, isso não é um aspecto que transforme a experiência em algo extremamente frustrante.
Ao finalizar o game, fica a vontade de voltar e debulhar os jogos anteriores de Star Wars. Tirar a poeira do console da geração passada e curtir mais um tempo nesse universo de puzzles, cenas engraçadas e Lightsabers se chocando. Ou, então, aguardar por um novo box com todos os jogos, da mesma forma que acontece com os filmes. E seguimos felizes, como num truque mental Jedi, comprando tudo de novo.
O game foi testado no PlayStation 4, em cópia cedida pela Warner Bros.