Firmando-se como uma das maiores desenvolvedoras de jogos da atualidade, a francesa Ubisoft vem emplacando uma franquia de sucesso após a outra: Assassin’s Creed, Far Cry, Watch Dogs, Just Dance, Rainbow Six, são apenas alguns exemplos. Com expertise na criação de jogos de ação em mundo aberto, as histórias da maioria dos jogos da empresa são sempre ricas, cheias de detalhes, e de diversas sutilezas e easter eggs que só os jogadores mais atentos conseguem perceber.

Há alguns anos, se especula que diversos jogos da empresa se passam na mesma realidade. A Ubisoft vive colocando easter eggs que ligam ou pelo menos fazem menção a uma franquia dentro da outra. Quem parece estar no centro de tudo isso é Assassin’s Creed, que além de trazer dentro de seus jogos referências e pistas sobre os futuros lançamentos, tem vários easter eggs relacionados à sua história serem inseridos em games como Far Cry e, mais recentemente, Watch Dogs. Mas afinal, isso não seria apenas uma forma da Ubisoft fazer um “jabá” de seus jogos dentro de duas outras franquias, ou será que se trata mesmo de um emaranhado de referências que interligam as histórias e fazem com que as suas franquias sejam algo muito maior, e de fato interligadas entre si?

Nem tudo é o que parece ser

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Apesar das inúmeras referências, um dos pontos que sustentam a hipótese de que as ligações sejam apenas easter eggs são os próprios easter eggs! A Ubisoft é famosa por colocar brincadeiras e referências em seus jogos, e em Assassin’s Creed vemos um sem número de referências, não só a jogos da própria Ubisoft, mas também a franquias como Mario, e principalmente Metal Gear. Houve até uma “troca de extras” entre as franquias AC e MG, onde em Metal Gear 4, há uma roupa extra de Altaïr, e em AC: Brotherhood, há uma roupa extra que deixa Ezio com o exoesqueleto de Raiden.

Com essas referências a vários jogos de outras empresas, além das ligações caseiras, fica até fácil de imaginar que os produtores simplesmente resolveram dar uma brincada com o universo dos games, e colocar dentro de AC, piadas que homenageiam vários grandes jogos, dessa forma esfriando um pouco os rumores que as franquias da Ubisoft estão interligadas dentro de um mesmo universo.

Importante também salientar que a própria Ubi nunca confirmou que seus jogos se passam em um mesmo universo. Na verdade, os produtores da empresa são sempre bem evasivos quando questionados sobre isso, e na maioria das vezes, respondem apenas que gostam de brincar com referências diversas e que isso faz com que os jogadores explorem mais os seus títulos, sempre buscando justamente por essas pistas.

Caminhos que se cruzam

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Assassin’s Creed parece ser o centro desse emaranhado de referências e de caminhos que parecem se cruzar. Referências a personagens, àAbstergo Industries, e até mesmo aos próprios assassinos são encontradas em jogos como Watch Dogs e Far Cry 3, dois grandes sucessos da Ubi que tem mais em comum com AC do que apenas essas referências.

No game de tiro, por exemplo, é possível encontrar dentro de um bunker um logo da Abstergo pintado em uma das paredes, além de uma carta que é encontrada em determinado ponto do jogo e fala sobre memória genética e os famosos Pieces of Eden, dois dos elementos centrais das tramas da franquia Assassin’s Creed.

Em Watch Dogs, jogo que conta com uma infinidade de NPCs que podem ser hackeados para descobrir mais a respeito deles, é possível encontrar alguns que são listados como ex-funcionários da Abstergo. Em vários lugares do jogo, geralmente em frente a prédios onde Aiden deve entrar para cumprir alguma missão, é possível ver um símbolo na calçada que se assemelha muito à cruz dos Templários, indicando sua presença e talvez até sua propriedade e envolvimento com as falcatruas de Chicago. No smartphone de Aiden, que roda o sistema operacional ctOS, há um ícone que se visto de ponta-cabeça, lembra MUITO o símbolo da irmandade dos Assassinos, coincidência?

Como se não o bastante, a missão final da side quest de Comboios Criminosos chama-se “Requiscat in Pace”, e nela o jogador deve interceptar um cientista chama Olivier Garneau, CEO da Abstergo em AC4: Black Flag, e a quem o jogador encontra várias vezes durante as missões no presente. Em Watch Dogs, ao acessar esta missão, Aiden Pearce intercepta uma troca de mensagens entre Olivier e uma pessoa que lhe dá boas-vindas a Chicago. Aiden fala que “este cara está envolvido com sujeira pesada: genomas patenteados, manipulação de memórias genéticas, experimentos farmacêuticos.. tudo isso financiado por uma grande dose de corrupção coorporativa”. Aiden então parte em missão para interceptar o comboio de Olivier, e ao chegar até o alvo e perfilá-lo, a mensagem “Targeted by the Brotherhood” (Alvo da Irmandade) é mostrada… é claro que se trata da Irmandade dos Assassinos.

Agora fazendo o caminho inverso. Em Assassin’s Creed IV: Black Flag, ao explorar os computadores da Abstergo no presente, é possível encontrar um documento com diversas informações sobre a Blume, empresa que em Watch Dogs é responsável pela produção do sistema ctOS, que controla todos os dispositivos de Chigago. No documento, além de diversas informações sobre a Blume, é possível até mesmo ver o logo do ctOS em meio a diversas páginas de informações.

Era pra ser e não foi?

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Pelos fóruns internet afora, surgiram muitas teorias, algumas inclusive corroboradas por ex-membros da equipe de desenvolvimento da Ubi, que Watch Dogs deveria ser na verdade um jogo da franquia Assassin’s Creed que se passaria completamente nos tempos atuais. No entanto, a necessidade de lançar uma nova franquia, fez com que, ainda nas fases iniciais do projeto, ele se tornasse um jogo individual, mas cheio dessas referências à suposta franquia à qual ele deveria pertencer. Outros motivos que levaram a Ubi a tomar essa decisão, supostamente, foram a visão de tentar criar uma série para concorrer com jogos como GTA e Saints Row, e também o medo de implementar novas mecânicas e desvirtuar sua principal e mais estabelecida marca. Dessa forma, a empresa pôde experimentar mais do que se Watch Dogs fosse um Assassin’s Creed passado inteiramente no presente.

Mas, as referências de AC em Watch Dogs não param por aí. Também vinda dos mais longínquos fóruns da internet, surgiram teorias e discussões a respeito da principal arma do jogo: o smartphone de Aiden Pearce. O objeto seria uma Piece of Eden, carregando em si grande poder e dando a seu possuidor a possibilidade de estabelecer equilíbrio no mundo. Impossível não traçar esse paralelo ao se pensar no poder demonstrado pelos Pieces of Eden em AC e o celular do protagonista em Watch Dogs.

Os vilões do jogo tecnológico também podem dizer muito sobre essa suposta ligação entre as duas franquias. Eles são, em sua maioria, homens poderosos, no topo de suas pirâmides de poder, que controlam a tudo e a todos em meio a conspirações, sempre visando o bem de seu próprio grupo… notaram algo em comum com os Templários apresentados em Assassin’s Creed? Tudo bem que a partir de AC3, vemos que os Templários não são tão ruins assim, bem como os Assassinos não são tão bonzinhos, mas a semelhança existe, e em ambos os jogos, os vilões lutam por aquilo que acham o melhor para seus interesses e para o meio que vivem.

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Ainda que tudo isso seja muito interessante e faça a gente ficar confabulando e buscando conexões, a palavra oficial da Ubi é que cada jogo se passa em seu próprio universo. Apesar disso, o fato de nunca ter desmentido veementemente essa teoria de que várias de suas franquias se passam em um mesmo universo e estão conectadas, e o fato de termos muitos easter eggs que “conectam” os jogos, fazem com que os jogadores fiquem ávidos por um dia ter a confirmação de que tudo é realmente conectado propositalmente.

Em dias de jogos com tramas cada vez mais elaboradas, uma empresa que tem diversas franquias e busca interligar seus jogos dentro de uma mesma trama, de um mesmo universo, é algo bastante plausível. Mais do que isso, se a conexão realmente existir, é um passo rumo a algo muito maior do que jogos ou franquias que tem suas histórias encerradas dentro de suas próprias limitações, e mostraria que a empresa possui um planejamento e atenção especiais a algo que mexe tanto com a cabeça dos jogadores.

Fontes

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