Apesar das muitas semelhanças, Let It Die não é uma cópia cínica de Dark Souls. Com esse elefante branco fora do caminho, fica mais fácil percorrer os pontos desse jogo e afirmar que é justamente essa tentativa de mudar o que funciona nos jogos da From Software que transforma Let It Die em algo, apenas, mediano.
Isso que não quer dizer que não há boas e interessantes novas ideias nele. Nem que referências às franquias “Soulsborne” sejam nulas, existem várias. O problema real está em como foram aplicadas essas inovações dentro de um gênero que exige habilidade e malemolência nos comandos, além de uma jogabilidade sincronizando tudo isso de forma, no mínimo, justa.
Dados básicos como o dano das armas, as características do personagem e a própria estamina não são precisas numa análise rápida.
O que foi encontrado, porém, é o primeiro e mais cruel inimigo, chegando já no tutorial. De início nota-se que o que era simples na franquia Souls, foi complicado em Let It Die. E o que era confuso nos jogos da From Software, sistema de seleção e troca de armas, por exemplo, conseguiram piorar ainda mais.
E mesmo com um Grim Reaper skatista, chamado Uncle Death, nos apresentando de uma forma carismática (talvez) um mundo recheado de humor negro e sofrimento – que é algo bom -, Let It Die acaba prejudicado pela sombra problemática do jogo freemium, onde o que é vendido nele é o que mantém vivo nosso personagem, num gameplay tão difícil (ou mais) que Dark Souls.
Em 2026, o planeta foi devastado por um terremoto, gerando uma torre que se ergue no centro da Terra. Chamada de Torre de Barbs, seus níveis estão repletos de inimigos, armas, sangue e monstruosidades, mas em seu topo uma grande recompensa lhe aguarda. Essa é a premissa do jogo inteiro e, com o decorrer do tempo, ela não o sustenta. Após algumas horas de Let It Die, apenas monstros, itens e uma ou outra aparição esquisita do Uncle Death são vistas e nada mais.
Somos jogados no andar térreo da torre, e, logo em seguida, de uma maneira bastante original e interessante, nos é apresentada como rege a morte no game. A melhor característica encontrada em Let It Die.
Let It Die está sobre a sombra problemática do jogo freemium, onde o que é vendido nele é o que mantem vivo nosso personagem, num gameplay tão difícil (ou mais) que Dark Souls.
Logo após o golpe final, é dada a opção de continuar o jogo, com a barra de vida cheia e uns poucos segundos de vantagem para continuar a estratégia do combate – para isso, necessitando gastar o Metal da Morte, um item relativamente raro dentro do game e um tanto caro na PSN, chegando a custar pouco mais de R$ 300 o pack com 280 – ou aceitar a morte e perder absolutamente TUDO que o personagem juntou até então.
Algo bastante penoso, mas que difere do que já foi visto. Essa novidade deixa o jogador tenso, uma vez que para recuperar os pertences, devemos lutar contra nosso antigo personagem. Chamados de Haters (excelente nome empregado), eles avançam extremamente agressivos, com todos os níveis e equipamentos coletados, enquanto nos resta um novo personagem de primeiro nível vestindo uma sunga. Um tanto desnivelado, bem fácil de odiar, realmente.
Sabemos que copiar o que funciona não é demérito para nenhum tipo de produto, desde que isso seja bem feito. O que foi criado pela From Software encaixa-se muito bem em uma boa gama de jogos. Let It Die faz bem em trazer, de forma gratuita, esse gênero para todos que possam baixá-lo.
Porém, o problema está justamente no pouco refinamento que Let It Die entrega na jogabilidade, onde tudo nele é corrido e confuso. Dados básicos como o dano das armas, as características do personagem e a própria estamina não são precisas numa análise rápida.
De uma maneira bastante original e interessante, nos é apresentada como rege a morte no game. Que é a melhor característica encontrada em Let It Die.
Correr e saltar com os pés descalços no peito do monstro consegue ser mais mortal que uma marreta de ferro. E para manter-se vivo, essa estratégia seguirá por um bom tempo no início do jogo, levando em conta que essa mesma marreta, como toda arma inicial, é frágil ao ponto de quebrar com poucos golpes.
Jogadores habituados ao “Soulsborne”, no entanto, encontrarão nele um alívio de algo novo para ser explorado e um novo desafio a ser enfrentado, desde que não sejam rigorosos ao extremo quanto ao resultado final. Já quem espera toda qualidade encontrada nos jogos da From Software poderá se frustrar.