Não existe vida sem dificuldades. Elas são maiores para uns e menores para outros, mas todo mundo, em algum momento, vai lutar. Seja por decisões próprias ou de terceiros, injustiças ou situações muito maiores e que fogem completamente de nosso controle, todos passaremos por algum momento complicado na vida. E isso é perfeitamente normal e corriqueiro.
É nessa noção que está a maior força de Life is Strange, não apenas do mais recente Before the Storm, mas também, de toda a saga. Estamos no controle de Max ou Chloe, mas, na verdade, observando o desenrolar de uma trama que poderia ser de qualquer um de nós. São temas palpáveis, cotidianos, comuns e incrivelmente reais. As garotas são as personagens principais, mas poderia ser, facilmente, eu ou você.
As obras da Deck Nine e da Dontnod não chamam a atenção pelos gráficos ou enredo cheio de reviravoltas e surpresas. Nem mesmo o poder de viagem no tempo é um grande chamariz, tanto que ele foi removido em Before the Storm – e nem fez tanta falta. São jogos que até passariam despercebidos não fosse o boca-a-boca que levou a franquia a ares de sucesso e destaque. E, com isso, fomos apresentados a um enredo daqueles que não vamos esquecer por um bom tempo.
E isso se deve não apenas ao caráter de realidade, mas também, à crueldade com a qual Life is Strange nos destrói. E em seu mais recente episódio, Despedida, isso acontece da maneira mais cruel de toda a franquia, quando o inferno vem, literalmente, bater à porta e o mundo real atinge as protagonistas como uma rocha após uma divertida hora de brincadeira.
Ao que tudo indica, temos aqui, também, a despedida de Max, Chloe e outros personagens desse arco, já que a ideia é que Life is Strange 2 siga por um novo caminho. O círculo, finalmente, está fechado e é hora de seguir em frente, mas sem nunca esquecer do passado. É hora de dizer adeus, mas também, muito obrigado pela experiência maravilhosamente destruidora que elas nos proporcionaram.
O jogo foi testado no PlayStation 4.