Maneater

por Ana Cruz

Vamos precisar de um barco maior

Normalmente, nos filmes de monstros, nos deparamos com a seguinte situação: o bicho está quietinho no seu canto e algum caçador, morador ou jovem com os hormônios em fúria vai incomodar o pobre coitado que está apenas curtindo sua existência. Então, é hora da vingança!

Maneater é um RPG de ação no qual você é um tubarão da espécie cabeça-chata, tirado cruelmente da barriga de sua mãe pelo caçador e pescador Skaly Pete. Não feliz o bastante, ele ainda marca o filhotinho para poder identificá-lo quando esse tivesse tamanho o bastante para ser caçado.

A história nada mais é do que um grande episódio de documentário sobre a vida do renomado pescador. O enredo pode ser considerado genérico, mas as reviravoltas envolvendo Pete são interessantes e é divertido ver, apesar de tudo, o relacionamento dele com seu filho, Kyle. Diferente do pai, ele é estudante de biologia e, muitas vezes, defende o tubarão, até que uma tragédia colocará o protagonista e Pete em conflito.

Com o passar dos níveis, o jogador desbloqueia novos ataques e habilidades, mas não se empolgue com as possibilidades. Maneater é repetitivo e corre o risco de ficar cansativo.

Não fique triste pensando que o tubarão não tem seu desenvolvimento; esse aspecto é voltado para o físico do animal e, de vez em quando, nos encontros com seu principal algoz, afinal queremos vingar sua mãezinha. O melhor de tudo são as observações do narrador, dublado pelo ator Chris Parnell (de “Archer” e “Rick and Morty”), no idioma original, e no melhor pior estilo Animal Planet.

Ele passa informações sobre os locais do mapa de forma bem engraçada, abraçando o clima de zoeira do jogo. Isso sem falar nos inúmeros easter eggs, desde o clássico “Tubarão” até “It: A Coisa” e “O Demolidor”. Na versão nacional, apenas o narrador fala em português, e a recomendação é que os jogadores experimentem o game em nosso idioma, pois a dublagem é excelente.

As falas são divertidíssimas e incluem até referências brasileiras, como uma citação a “Nós Vamos Invadir Sua Praia”, seja nos comentários sobre os animais, a morte do protagonista ou até sobre a ganância dos caçadores. Entretanto, Skaly Pete e os caçadores líderes falam apenas em inglês.

O passeio no mapa pode ser feito de duas maneiras: nadando, pulando algumas cercas, cortando caminho pelos túneis e, mais adiante, com o modo anfíbio, que permite caminhar por aí. Ou o jogador pode optar pelas viagens rápidas através das grutas, onde também poderá salvar, customizar e fazer melhorias necessárias em seu tubarão.

O maior problema de Maneater está nas quedas constantes na taxa de frames. O jogo também pode travar, corrompendo saves e obrigando o jogador a começar tudo de novo.

Apesar de ser relativamente pequeno, o mapa tem vida marinha bem ativa, principalmente nos encontros com predadores como barracudas, jacarés (malditos!), tubarões-martelo e orcas, por exemplo.
Com o passar dos níveis, o jogador desbloqueia novos ataques e habilidades para personalizar o tubarão como desejar, mas não se empolgue achando que existem milhares de maneiras de fazer isso. Não há, mas dá pra brincar um pouco.

O nível máximo é 30, dividido em níveis, e missões secundárias garantem novos itens. Já as principais consistem em destruir barcos, matar animais inimigos, consumir peixes ou humanos e só. Ou seja, Maneater é repetitivo e corre o risco de ficar cansativo.

Há um problema bastante incômodo nos controles, que não respondem tão bem e, muitas vezes, isso se torna fatal, principalmente no luta contra os barcos dos caçadores. É tanta coisa acontecendo que você pode mirar certinho para pegar o caçador líder, mas acabar acertando o vento ou comendo uma bomba lançada por eles.

A maior falha está nas quedas constantes na taxa de frames, seja nadando ou, pior, quando entramos em combate. Além da dificuldade na resposta dos comandos, o game pode fechar sozinho nestes momentos, chegando até mesmo a corromper saves e obrigando o jogador a começar do início. Patches de atualização podem resolver o problema em algum momento, pois ele também acontece nas viagens rápidas.

Mesmo com tudo isso, Maneater ainda consegue ser divertido. Como é relativamente curto, pode se tornar aquele tipo de game casual, para jogar e relaxar, matando tudo em seu caminho, dar boas risadas e buscar referências à cultura pop.

O jogo foi testado no PS4, em cópia cedida pela Deep Silver.