The Witcher 3 foi um dos melhores jogos lançados no ano passado, não só pela história e suas batalhas épicas, mas como pelo mundo aberto que você poderia explorar a seu bel prazer. Quando você não estava ocupado demais decapitando grifos ou cometendo regicidio, havia um simpático jogo de cartas chamado Gwent, desenvolvido pelo próprio pessoal da CD Projekt, que acabou se tornando uma das gratas surpresas para os jogadores.

Um pouco confuso de se aprender no início, Gwent consiste em marcar mais pontos que o seu adversário com as cartas que você coloca em seu tabuleiro. Cada carta representa um personagem e este, por sua vez, tem um atributo numérico específico. Quando mais dessas cartas forem acumuladas, maior fica o seu placar no final. É possível também usar cartas especiais que reduzem o valor das cartas adversárias ou que as retiram do tabuleiro definitivamente.

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A grande sacada de Gwent está em incentivar a cautela de seu jogador, pois as cartas de sua mão serão as que você levará até o fim do jogo (a não ser que você tenha alguma carta especial que lhe concede mais um saque no seu deck), então se você gastar todo o seu arsenal na primeira rodada, poderá comprometer seriamente suas chances de ganhar a partida.

Em The Witcher 3, Gwent colaborava em construir o universo do jogo como uma atividade de lazer que os personagens tinham quando não precisavam se preocupar com os terrores do além. Agora, mais de um ano após a última aventura de Geralt, a CD Projekt Red está lançando o card game como um jogo separado, mas com algumas leves mudanças em suas mecânicas. Para falar um pouco delas, o NGP entrevistou Fabian Mario Doehla, gerente de comunicação da produtora.

NGP: Por que lançar Gwent como um jogo separado? Foi uma decisão planejada anteriormente, ou foi por conta da recepção dos jogadores em The Witcher 3?

Fabian Mario Doehla: Foi 100% os jogadores. Nós não tínhamos planos, talvez sonhos e visões, mas isso tudo foi por causa de todos os e-mails e pessoas que imprimiram as cartas e montavam seus decks. Elas ficavam ligando, nos mandando mensagens, comentando e abrindo fóruns no Reddit para jogar e montar suas próprias regras e nós pensamos “Ei, isso é muito legal!”. E então tivemos muitas reuniões perguntando se devíamos ou não devíamos fazer e todo o conselho achou que seria uma boa ideia e aqui estamos!

NGP: Neste game independente, vocês fizeram alguma alteração nas regras do jogo que vimos em Witcher 3?

FMD: Nós mantivemos as mecânicas principais de jogar três rodadas e de cada jogador ter três áreas para colocar as cartas na mesa, mas você tem que ter em mente que em The Witcher 3 não era muito balanceado, pois você jogava contra a inteligência artificial e [os jogadores] usavam alguns macetes. Era um minigame pequeno e divertido que as pessoas jogavam muito, mas precisamos fazer um balanceamento. Nós introduzimos o deck de Skellige e nós tivemos que fazer ajustes nas outras, tivemos que adicionar novas funções para elas. Então a mecânica central é a mesma, mas o balanceamento é totalmente novo.

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NGP: Como vocês pretendem “fisgar” uma nova audiência, agora que Gwent é um jogo próprio sem estar atrelado a outro?

FMD: Há um enorme mercado para jogos de cartas virtuais, nós temos títulos como Heartstone, que abriu os portões para uma grande audiência. E nós achamos que temos nosso próprio jogo e nossas próprias mecânicas, e que o ambiente é grande o suficiente para um game que já tem um background, que é o próprio The Witcher. Então nós temos nossa base de fãs que jogarão, pois é [relacionado à] franquia, mas por conta das mecânicas e de todo o balanceamento, do nome e pela reputação da empresa de ser justa e transparente, nós esperamos conseguir fomentar uma comunidade grande o bastante. Nós achamos que isso é o suficiente para construir uma marca forte. E obviamente é um jogo free to play, então qualquer um pode baixar e quem gostar continuará jogando e quem não gostar, não jogará.

Eu acho que lançar esse tipo de jogo ficou mais fácil por conta do free to play, ainda que tenha um ar negativo quando você fala que um jogo é freemium, mas acho que é um padrão quando se fala de jogos de cartas virtuais, então acho que nós conseguiremos.

NGP: Já que você mencionou Heartstone, qual a estratégia para se diferenciar de outros jogos de cartas do gênero?

FMD: Além do jogo ser baseado no universo de The Witcher, que é muito popular, e que funciona muito bem nos termos de ter duas forças se enfrentando usando os personagens [da franquia]. Nós achamos também que as pessoas não deixarão de jogar Heartstone por causa de Gwent. É mais como “Ei, eu gosto de jogos de cartas e vou conferir isso também!”. Além de tudo, nós estamos fazendo uma campanha single player onde você tem a chance de jogar com todos esses personagens, como Geralt. Nós chamamos o responsável pela maior parte da história de The Witcher 3, o que é muito legal para fazer uma experiência de single player além do jogador versus jogador.

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NGP: Muitas empresas hoje em dia já produzem seus jogos visando transformá-lo em um e-sport. A CD Projekt tem planos em levar Gwent para um cenário competitivo ou algo semelhante?

FMD: Nós estamos totalmente esperançosos disso! Sempre temos um melhor cenário em nossas cabeças em que todos amam o jogo, mas obviamente o primeiro passo é lançar o jogo para então balancear ele apropriadamente. Isso é algo muito importante, pois você só pode lançar um e-sport se você tiver um ótimo balanceamento, caso contrário o jogo está quebrado e não será adequado. Se conseguirmos fazer isso, o próximo passo acaba vindo automaticamente, se pessoas jogam e gostam bastante, ele chamará a atenção das ligas esportes com campeonatos e partidas ranqueadas. É claro que temos isso em mente, mas é nosso trabalho balancear o jogo e isso é algo para se pensar no futuro.

NGP: Seria essa a última vez que vemos algo de novo relacionado a The Witcher?

FMD: Por enquanto sim, nós dissemos que The Witcher 3, junto com a expansão Blood And Wine, seria a última entrada na série. Nós podemos chamar Gwent de spin-off, mas não estamos trabalhando em nenhum outro jogo da franquia. Nós temos outros grandes projetos que estão exigindo muitos recursos, como Cyberpunk, e não há mais espaço para The Witcher. Você precisa ter em mente que muitas pessoas que trabalharam no primeiro título ainda estão na CD Projekt, há mais de 10 anos, e eles foram muito bem com o terceiro game. Então como você chega para eles e fala para fazer mais um jogo da série, pois haveria a necessidade de ser maior e melhor que o anterior e as expectativas seriam ridiculamente enormes. Provavelmente alguns deles pulariam de uma ponte! [risos]

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