Não é nada incomum um game de grande porte chegar ao mercado acompanhado de um aplicativo, ou então, de um título individual para celulares ou tablets. Normalmente, aqui, a ideia é expandir a experiência, entregar novas formas de jogar, habilitar itens exclusivos ou, no mínimo, arrecadar mais alguns trocados dos fãs. E, no caso da versão mobile de Mortal Kombat X, não existe definição melhor que essa última.
O título gratuito está disponível em versões iOS, Android e Windows Phone, e traz a mesma cara de outros bastante interessantes, como a versão móvel de Injustice, por exemplo. Mas é só a aparência mesmo, pois no restante, temos aqui uma opção repetitiva e nada interessante, que só vai te deixar pensando no game original.
Nos tablets e smartphones, Mortal Kombat X acaba sendo apenas uma prévia rasa do que está no jogo completo.
Quando se pensa na franquia Mortal Kombat, logo vêm à cabeça Scorpion, Sub-Zero ou Liu Kang, além dos sangrentos Fatalities, que são marcas da saga. Não é bem assim no game mobile – aqui você jogará, na maioria do tempo, com versões genéricas de soldados humanos e ninjas inexpressivos que apenas lembram os grandes guerreiros da série.
É claro que eles estão no game, mas na maioria das vezes, você vai enfrentá-los, em vez de controlá-los, a não ser em eventos especiais nos quais, por exemplo, a morte dos protagonistas significa Game Over. Tudo isso, claro, se você não tiver bolsos fundos – pagando, você terá acesso rápido à todos os personagens e poderá compor sua equipe com os preferidos. Nada surpreendente para uma empresa que está vendendo “Fatalities fáceis” para o jogo normal.
Fora das batalhas, a versão mobile de Mortal Kombat X emula um baralho. Personagens, intens e equipamentos possuem diferentes atributos, para serem combinados de acordo com o andamento das partidas. É possível formar até três equipes distintas e a ideia é que cada uma delas esteja adequada a um tipo diferente de oponente. Na pratica, não é bem assim e a habilidade necessária para sobreviver nesse combate mortal passa longe daqui.
A impressão é de que, como num adventure, estamos apenas permitindo que a ação continue, e não participando efetivamente dela.
O jogador controla grupos de três personagens, que como em um título da série King of Fighters, se revezam na tela, exigindo um gerenciamento da quantidade de energia e também de seu estilo de combate, de acordo com os oponentes. De vez em quando, surgem condições especiais, como batalhas em que um dos protagonistas não pode morrer ou se vê incapacitado de alguma maneira, tendo que confiar em outras maneiras de lutar.
A vitória vale moedas e almas, que são o dinheiro do mundo de Mortal Kombat X. É com elas que o jogador pode comprar habilidades, itens e, principalmente, lutadores melhores, que serão essenciais nas partidas do futuro. Eventos especiais ou desafios diários também garante. Uma pequena cota de pontos para deixar sua carteira virtual um pouco mais gorda.
A desenvolvedora Monotype pode até se defender alegando que o game não é um pay-to-win, uma vez que todos os artigos compráveis podem ser obtidos sem o uso de dinheiro de verdade. A diferença é que nesta versão, o jogador paga com sua paciência e deverá ficar horas e horas grindando para poder, finalmente, adicionar Scorpion à sua equipe. A vontade de desistir pode acabar sendo maior.
É bem bizarro imaginar que, de um game que faz parte do circuito competitivo de jogos de luta e possui sua bela cota de pro players, nasceu um título cujo único objetivo é tocar a tela sem parar, de forma sucessiva, sem estratégia alguma. O lugar em que você faz isso não importa, nem a intensidade dos toques, é muito menos, algum tipo de ritmo. Golpes especiais exigem movimentos simples, como deslizar o dedo, mas esse é o máximo de rebuscamento que encontraremos na versão mobile de Mortal Kombat X.
Cocê jogará, na maioria do tempo, com versões genéricas de soldados humanos e ninjas inexpressivos que apenas lembram os grandes guerreiros da série.
Fatalities também aparecem aqui e ali, mas apenas em momentos pré-programados e idênticos aos vistos nos consoles e PCs. Aqui, também, exigem apenas movimentos simples e pouco inventivos. A impressão é de que, como num adventure, estamos apenas permitindo que a ação continue, e não participando efetivamente dela.
No final, vence quem for mais rápido no dedo, e os oponentes controlados pelo computador apenas serão uma ameaça caso você esqueça que está jogando e simplesmente não pressione a tela. No restante, dá para jogar Mortal Kombat X no tablet enquanto assiste um filme, por exemplo. E, nesse caso, qual o sentido do game?
Com gráficos bonitos e performance adequada, a versão mobile do mais novo título da Netherrealm pode ser interessante durante uma espera na fila, com uma jogatina de cinco minutinhos, ou para impressionar aquele parente mais velho que não entende muito bem que celulares também estão se tornando video games.
Acima dessa superfície, porém, há muito pouco. Nos tablets e smartphones, Mortal Kombat X acaba sendo apenas uma prévia rasa do que está no jogo completo. Por isso, o melhor é investir nele e deixar essa experiência esquecível de lado.
O game foi testado em versão iOS.