Quando jogamos Monster Hunter: World na BGS 2017, tivemos uma boa primeira impressão. A possibilidade de estar com os amigos em um mundo aberto e cheio de monstros podia deixar qualquer um com o hype bem alto, e em janeiro de 2018, pudemos conferir o game por completo e ver se toda a expectativa era real.
Começamos com a boa e velha customização dos personagens – coisa que eu particularmente adoro. Há bastante variedade em ambos os gêneros, mas só para os personagens humanos. Os amigatos têm algumas opções de escolha, mas neles, a personalização está mais nas armas e armaduras. Durante a jogatina, brindes por missão completada ou login diário garantem upgrades de espada, novos capacetes e assim por diante – inclusive, quando Monster Hunter: World atingiu cinco milhões de cópias vendidas, todos os jogadores foram presenteados desta forma.
Tudo começa quando você, como caçador(a), se une à personagem Quinta em seu QG. As missões de escoltas, exploração de territórios, procura por itens e busca por algum membro do grupo têm um ponto em comum: um monstro que você precisará caçar. O modo campanha tem seu começo, meio e fim, com enredo que não é dos mais elaborados, mas faz sentido e explica o motivo de ser necessário concluir certas tarefas.
A primeira hora do jogo é praticamente um grande tutorial. Você vai aprender sobre ataques, defesa, como fabricar itens, armaduras e armas, além de receber dicas, como por exemplo, o consumo de comidas específicas, na cantina, para aumentar seu força, vigor e vida antes de uma missão. Uma visita ao ferreiro pode melhorar seu equipamento e o do amigato. Durante nossa análise, os servidores apresentaram alguns problemas, o que não impedia a jogatina offline, mas sim o uso de alguns itens e do sinal de socorro, que permite chamar ajuda.
A Ajudante que te acompanha na aventura dá várias dicas, não só no tutorial, mas em relação às missões. Ela me ajudou para encontrar um monstro que gostava de lugares mais úmidos como lagoas e banhados, indicou que eu precisava me alimentar antes das missões, verificar itens ou sobre o uso do sinal de SOS. Isso sem contar outros NPCs, como os ferreiros, o pessoal da botânica e da cantina, que também ajudam a seguir em frente.
Monster Hunter: World já era um sucesso no Oriente e, agora, consegue seu espaço ao Sol no Ocidente.
O começo até que é tranquilo, a maioria dos monstros são de nível mais baixo, e a tranquilidade dura até o jogador encontrar os gigantes, como Baroth e Anjanath, por exemplo. Uma das coisas que chama muito a atenção são as entradas cinematográficas para eles. Todos têm cenas bem trabalhadas, com uma trilha sonora de aventura que empolga o jogador.
Mas isso pode ser perigoso, pois assim que termina a cutscene, começa a porradaria. E, com isso, vem um problema grave na jogabilidade.Os controles permitem desviar de ataques, correr, usar itens ou mantos de camuflagem, mas na hora de golpear o monstro, mesmo com a opção de travar a mira, é muito fácil atingir o ar. A perda de controle é frequente, isso quando a câmera não buga e foca em uma árvore ou pedra. Algo terrível e que faz o sangue ferver de raiva, principalmente, nas missões com limite de tempo.
Você pode até optar por armas de longo alcance, pois fica mais fácil lidar com a mira, mas o dano tirado é bem inferior ao de uma espada ou lança. Claro que isso não fará diferença se estiver jogando com amigos, ou caso o jogador tenha soltado um sinal de SOS para pedir ajuda. Quando sozinho, entretanto, é um aspecto que exige preparação. Para facilitar, a Capcom fez um site com um manual completo para ajudar todos os caçadores, não só falando sobre o gameplay em si, mas também sobre pontos fracos do monstros e dando dicas para as missões.
A cada desmaio, seu amigato te leva para o acampamento, onde você pode reaver a energia, comer alguma coisa na cantina para aumentar seu poder de ataque, organizar itens, reforçar ou trocar armaduras e se preparar para a batalha. Mas não demore muito, pois o monstro pode voltar para seu ninho e também se curar. Um mapa e os vaga-lumes ajudam a encontrar o alvo, sendo possível ver não apenas onde o monstro está, mas também sua recuperação.
Monster Hunter: World não é só matança, pois depois de algumas aventuras, você também poderá aprender a capturar desde as pequenas criaturas até as gigantescas, como Jargas – isso depois de derrota-lo, um dos objetivos da primeira missão do game. A lista de coisas para serem feitas no mapa é enorme, e somente a campanha já vai fazer você investir um bom tanto de horas no jogo. Se quiser platinar, prepare-se para um tempo de jogo digno de um game da série Persona.
A natureza de Monster Hunter: World pode nos pregar algumas peças. No meio da missão, você pode dar de cara com algum monstro gigante, uma ninhada de Jargas (eles são muito chatos) ou perder o tempo de um salto e acabar rolando pelo barranco. Mas há algumas vantagens nisso, como encontrar insetos que poderão ser usados para aumentar alguma habilidade, itens e o mais interessante, fazer um monstro te seguir até o ponto principal da missão, fazendo dois bichos brigarem entre si.
Em relação à trilha sonora, não há o que reclamar – tudo remete à aventura. Durante a luta, a música é alta, com muitas batidas de tambores e orquestras, mas quando a criatura fugia, vinha um tom mais calmo, chegando a cessar a canção, como se ela estivesse acompanhando o monstro. A dublagem também agrada, mas pode causar estranheza, principalmente quando o personagem diz apenas uma frase ou palavra, enquanto o restante emudece. O protagonista pode não ser dos mais comunicativos, mas é esquisito quando o restante da aldeia também age dessa forma, mesmo que isso seja proposital.
Por outro lado, em Monster Hunter: World, quando o protagonista encontra um oponente, dá para ver a reação de susto, medo ou até aquela cara de quem tem um plano friamente calculado. Isso vale também para todos os outros, inclusive o amigato, resolvendo um problema de falta de expressões faciais que é comum em games desse tipo.
Os gráficos são muito ricos em detalhes, com não só o ambiente, mas também a vegetação enchendo os olhos. As luzes, cores e sombras deixam o ambiente realista mesmo em geleiras e trechos aquáticos, mas ainda mantendo aquele ar fantasioso e aventureiro que o game propõe. Durante a jogatina, é comum perceber uma queda ou outra na taxa de frames, quando dois bichos estão lutando, por exemplo, mas nada que afete a partida.
Monster Hunter: World já era um sucesso no Oriente e, agora, consegue seu espaço ao Sol no Ocidente. Quem é fã da franquia vai se sentir agraciado pela quantidade gigantesca de coisas para fazer, assim como quem curte um bo RPG. Todos, entretanto, devem se preparar e controlar os nervos para lidar com as falhas na jogabilidade.
O jogo foi testado no PlayStation 4, em cópia cedida pela Capcom.