Uma nova história, mas que ao mesmo tempo, complementa a anterior. Mecânicas adicionais de jogabilidade que transformaram um conteúdo extra em algo, em diversos aspectos, até mesmo superior ao título que o originou. Tudo parecia bem no mundo de The Evil Within, na medida em que as coisas poderiam estar assim em um local povoado por monstros e controlado pela mente insana de um vilão, que parece ter um gosto especial por sangue, nojeiras e metais cortantes.
Mas, como o próprio game nos ensinou, estamos sempre saindo de uma situação para cair em outra ainda pior. Só que, no caso dos DLCs de The Evil Within, deixamos uma perspectiva interessante, em termos de enredo e jogabilidade, para uma conclusão que fica bem abaixo das expectativas.
The Consequence já começa com uma mudança completa de ares em relação aos capítulos anteriores. A oficial Juli Kidman deixa os cenários escuros e variados, com diversos caminhos a seguir, por ambientes mais claros e lineares. Ela enfrenta inimigos no topo de prédios destruídos e acaba com a ameaça de Ruvik nos salões de um hotel, permanecendo sempre no encalço de Leslie e trabalhando contra as ordens da organização que a colocou dentro do STEM, para começar.
Apesar de um trecho bastante interessante logo no início, no qual a protagonista perde sua lanterna e precisa utilizar bastões químicos para iluminar o ambiente, dá para perceber que a equipe da Tango Gameworks começa a ficar sem ideias. O jogador está sempre seguindo em linha reta, com pouco a ser explorado nos cenários e quase nada para fazer a não ser seguir em frente, rumo ao objetivo.
Enquanto The Assignment primava justamente por fazer mais do que o game original, The Consequence peca pelo oposto.
Não seria tanto um problema caso a ação não acontecesse em cenários pobres de elementos o pior, em situações reaproveitadas do game original. Problemas gráficos também aparecem aqui e, além das salas que se constroem perante o jogador, dá para perceber paredes sem textura, elementos sem iluminação e um visual que deixa muito a desejar.
Na análise do primeiro DLC, The Assignment, elogiamos a Tango Gameworks por, aparentemente, ter aprendido com os erros cometidos no game normal. Aqui mesmo no NGP, a empresa e o criador do game, Shinji Mikami, foram criticados por investirem em uma ação descerebrada da metade para o final do título, que transformou um título que vinha, até então, sendo bastante instigante, em uma cópia ruim de um shooter.
Isso vale também aqui, mas em menor grau. The Consequence tem seus momentos de tiroteio, e eles são tão chatos quanto no game original. Mais uma vez, a culpa é da jogabilidade, que priva o jogador e coloca os inimigos em uma posição de vantagem bastante artificial. Errar o caminho ou disparar sem acertar significa que você morreu, principalmente no trecho em que se usa uma espingarda, e não poderá fazer nada além de aguardar a morte e esperar conseguir na próxima vez.
Felizmente, são apenas duas cenas desse tipo em toda a jogatina, que leva menos de duas horas para ser concluída, como no anterior. Existe um momento de ação interessante, sim, quando enfrentamos a amaldiçoada Shade, que tanto nos causou problemas no primeiro DLC e, agora, pode ser enfrentada com tiros que destroem o refletor que lhe dá seus poderes.
Outra citação honrosa é o combate final, dividido em diversas etapas, e que contém trechos bastante simbólicos em que Kidman luta contra clones de si mesma. Apesar do trecho interessante, a batalha tem pouco carisma e, apesar de ser épico como um confronto que dá fim a um game deveria ser, não representa o menor desafio para um jogador que já passou por diversos desafios até chegar ali.
Pensando bem, isso é até bom. The Consequence traz pouquíssimos momentos de tensão e praticamente nenhum susto. Na maior parte do tempo, o jogador se verá andando apenas para frente, sem ver nem fazer muita coisa, e não vendo a hora de tudo acabar.
A Bethesda e a Tango Gameworks nunca falaram isso com todas as palavras, mas tudo dava a entender que a série de DLCs com Juli Kidman explicaria tudo aquilo que a trama de The Evil Within deixou de lado. O que aconteceu com Leslie? Qual o destino da consciência de Ruvik? Quem está por trás de todo esse pesadelo?
Do início ao fim, The Assignment dá a entender que algumas destas questões serão resolvidas. Mas, como se feito por uma equipe completamente diferente também em termos de enredo, The Consequence não apenas falha em dar respostas, mas adiciona novas perguntas, inserindo elementos de sopetão e entregando não apenas um final completamente aberto, mas começo e meio igualmente escancarados.
Se a ideia de que teríamos que comprar um DLC para conhecer a conclusão de The Evil Within já era bastante negativa, essa sensação é ampliada por dois aqui. Em um primeiro momento, dá para se sentir enganado, já que aquilo que deveria ter sido explicado não foi. E, em um segundo, vem a frustração, já que, desta vez, não temos extras adicionais para esperarmos – o terceiro e último DLC, The Keeper, deve ser focado no inimigo “cabeça de cofre” e mostrar como ele se originou dentro da mente insana de Ruvik.
O efeito disso tudo acaba não sendo de todo negativo por causa de aspectos externos ao jogo. O final aberto de The Consequence acaba sendo um deleite para quem gosta de teorizar. Foi o que aconteceu, por exemplo, ao final de nosso gameplay, com uma discussão que continuou logo depois, pelo grupo do NGP. Se você tem amigos que entraram na pira de The Evil Within, o enredo nada conclusivo pode até ser um ponto negativo, mas pelo menos, vai gerar boas conversas.
Se a ideia de que teríamos que comprar um DLC para conhecer a conclusão de The Evil Within já era bastante negativa, essa sensação é ampliada por dois aqui.
Enquanto The Assignment primava justamente por fazer mais do que o game original, The Consequence peca pelo oposto – apresenta menos do que o esperado. O DLC não resolve os questionamentos da história, acrescentando mais dúvidas em vez de resolve-las, apresenta os mesmos erros do game principal e, acima de tudo, traz uma jogabilidade nada desafiadora e bem pouco memorável.
Com uma jogabilidade linear, conceitos repetidos e momentos de ação que quando não são descabidos, são fáceis demais, o DLC conclui de forma bastante negativa a saga de Sebastian, Juli e Joseph nesse mundo de pesadelo. Resta mais um extra, mas ao contrário deste, parece que pouca gente está realmente empolgada.