A Capcom também ataca nos smartphones com o sucessor espiritual do idoso Super Puzzle Fighter II Turbo. Depois de mais de 20 anos, Puzzle Fighter revive o clássico sistema que mistura Tetris com Puyo Puyo: você precisará combinar as pedras iguais para formar gemas de variadas cores que só podem ser destruídas com as peças específicas de detonação. Enquanto isso, os personagens da empresa simulam um combate em visual SD.
Até aí, nenhuma novidade, mas o sistema de combate foi adaptado para ser como tantos jogos freemium para celulares. Como na maioria dos jogos japoneses para smartphone, você vai pegar vários personagens e evolui-los com recursos do jogo (ou pagar com grana real). Temos o sagrado PvP, além das missões que se repetem a cada semana.
A estratégia de Puzzle Fighter é gerenciar vários fatores ao mesmo tempo. A tensão se dissipa, pois nada mais tem importância a não ser formar peças gigantes de acordo com os super golpes.
Super Puzzle Fighter II Turbo foi lançado originalmente para arcades e fez um sucesso estrondoso no PlayStation. O game levava para casa toda a emoção de fazer jogadas incríveis, com um visual bem colorido, e o carisma dos personagens de Street Fighter Zero e DarkStalkers, principalmente, executando provocações e golpes famosos quando a sequência de detonação era muito grande.
Essa premissa foi mais ou menos mantida, visto que agora os personagens são de dezenas de franquias ao mesmo tempo, como se fosse um crossover interno da Capcom. Apesar de a tela estar muito reduzida, ainda é possível fazer uma detonação épica de peças, mas não com o mesmo efeito sobre o adversário, o que acaba sendo a principal diferença entre Puzzle Fighter e seu antecessor.
No original, o nocaute era obtido quando o jogador fazia o adversário encher até o topo sua tela com peças. Aqui, temos um sistema de barra de energia e lotar a tela do adversário só representa uma punição leve. Mais voltado para um simulador de jogo de luta usando Tetris, Puzzle Fighter se organiza com um sistema onde se desbloqueia golpes e é possível fazer upgrade neles, seja com o dinheiro do jogo (ou real) e cards que se ganha a cada vitória, seja no PvP ou nas missões, as duas únicas opções de jogo disponíveis.
Simplificando, o sistema de combate ainda consiste em juntar peças da mesma cor e enviar pedras em contagem regressiva para ferrar a vida do adversário, mas sem um planejamento de super golpes, não é possível dar muito dano ao rival. Cada personagem tem dois especiais desbloqueáveis que podem ser evoluídos ou trocados quando se novos são obtidos, mas é preciso conseguir um formato específico de peças, como um bloco ou retângulo, senão, nada feito. Somado à isso, temos os Critical Arts, que além de tirar bastante energia, podem causar um status negativo temporário na vítima, como paralisia por tontura ou deixá-lo em chamas.
A estratégia do Puzzle Fighter do século XXI é saber gerenciar vários fatores ao mesmo tempo. O objetivo clássico foi para o ralo, enquanto o novo conceito é o de causar o máximo de dano. Para isso, também existem os Strikers, dois personagens secundários que atacam junto quando se faz combos gigantescos e enche-se mais rápido a Barra de Critical Art.
Quando se joga uma versão de Tetris em que o objetivo é causar mais danos numéricos, e não evitar perder o controle das peças que se acumulam na tela, a tensão acaba se dissipando, pois nada mais tem importância a não ser um objetivo: decorar a queda de peças do adversário e formar pedras gigantes de acordo com os super golpes.
Às vezes, até se usa a penalidade como estratégia, pois se as peças do fundo são eliminadas como punição, a bagunça na base pode ser eliminada para organização do meio para o topo, agora com mais espaço.
O maior problema da versão atual, porém, é que ela funciona apenas online. E com a internet móvel de qualidade duvidosa do Brasil, pequenas travadas podem arruinar uma jogada completa – você arrastou as pedras, mas o lag te ferrou e a peça caiu na fileira errada. Isso quando o dedo não tampa parte da tela…
Apesar de tantos poréns, Puzzle Fighter ainda representa uma boa opção gratuita de lazer e nostalgia para os velhos amantes de uma disputa de quebra-cabeças e personagens da Capcom, mesmo com esse design esquisito na modelagem, a nova tradição da empresa em 2017. Quem sabe, com o sucesso desse, eles não revivem a franquia Pocket Fighter também?
O game foi analisado na versão Android.