Lançado no mesmo dia que o personagem G, Sagat retorna ao mundo do Street Fighter com muita expectativa por parte dos fãs. Seu retorno era esperado desde 2015, após o produtor Yoshinori Ono negar a presença do lutador caolho causando grande furor na cena dos jogos de luta.
Mas, como foi muito requisitado em enquetes de popularidade, o imperador do Muay Thai retorna ao menu de seleção de personagens um dia após a EVO 2018, fechando, aparentemente, a temporada de personagens para este ano. E ele não chega sozinho…
Acompanhado de seu tigre de estimação, chamado Willa Maiu, Sagat toma seu lugar como representante do Muay Thai e icônico personagem de Street Fighter com um visual bem diferente das suas vestimentas tradicionais. Agora sem patrocínio algum da Shadaloo, ele parece um mendigo lutador com um pet para alimentar.
Além do visual, uma nova história para o Rei conta o momento em que ele foi tocado pela energia maligna do Satsui no Hado, a Onda Assassina. Para quem assistiu o anime “Street Fighter Victory”, fica mais fácil entender que Hado (ou Hadoko) é a técnica que faz as pessoas soltarem projéteis, segundo o criador das artes marciais, Bodhi Darma, e seria a iniciação tanto para Ryu e Ken quanto para Sagat.
Falando de Satsui no Hado, lembremos que não é uma exclusividade dos praticantes de Ansatsu Ken, apesar de Akuma ter alcançado os pontos mais altos dessa força e Ryu já ter se rendido à esse poder maligno, tornando-se o Evil Ryu (Violent Ken não é canônico, pois seria o Ken possuído pelo sangue de Orochi, da SNK).
A força só se manifesta em praticantes de artes marciais que já aprenderam o Hado e são muito ambiciosos, almejando serem o mais forte do mundo, e o pobre Sagat encaixa perfeitamente no “grupo de risco”. Ele já foi tocado pelo Satsui no Hado do Ryu e ganhou a grande cicatriz no peito, abriu mão da própria dignidade juntando-se à Shadaloo e carrega grandes frustrações no peito e na mente.
Resistindo à tentação de ficar mais forte, Sagat abre mão desse poder maligno e decide percorrer o caminho do guerreiro com seus próprios esforços e negando qualquer trapaça. Ele busca provar sua posição como imperador do Muay Thai, mas, agora, mostrando mais empatia por Ryu e desprezo por Akuma, que se renderam à tentação, indo contra uma das principais regras do artista marcial: a honra e a retidão.
Apesar da nova aparência, história e amiguinho, Sagat é um dos personagens retornantes que menos mudaram, nos fazendo pensar que ele é um elo entre Falke e Cody sobre o capricho seletivo da Capcom. Com os mesmos golpes desde Street Fighter II Turbo, ele não traz muita novidade ao jogo e serve de elo conservador para os jogadores mais tradicionais. O problema está em como ele foi enfraquecido nesta versão.
Revisando os golpes do Sagat, temos o Tiger em cima, em baixo, Tiger Uppercut, Tiger Knee e só. As versões EX correspondem à Street Fighter IV, exceto o último, que ficou com uma animação de dois impulsos para frente. A V-Skill é o mesmo movimento criado para o Street Fighter Zero 2, o Angry Scar, onde a cicatriz brilha e o próximo Tiger Uppercut seria mais forte.
Como o V-Trigger I são Tiger Cannons, oriundos de Street Fighter Zero, só teremos novidades no V-Trigger II, com os novos chutes. A maior fonte de reclamação dos jogadores é o enfraquecimento dos golpes em comparação à todas as aparições anteriores do personagem, incluindo crossovers.
Com golpes fortes lentos, que às vezes passam sobre os adversários, e falta de prioridade em chutes de longo alcance, Sagat tem poucos recursos para fazer frente à personagens melhor balanceados e, principalmente, os injustos Top Tiers de temporada. O antigamente temido Tiger Uppercut agora pode ser tirado com golpes fracos, a menos que seja a versão EX, único ataque invencível no início, além do Critical Arts, uma joelhada que não vai muito longe e que tem como escapar por baixo, dependendo da posição do adversário.
Falando ainda em joelhada, o temível Tiger Knee dos tempos de outrora se foi, dando lugar a um movimento curto e lento, não tendo mais alcance contra adversários no ar.
V – SKILL: Angry Charge
O retorno de uma técnica antiga que muitos desconheciam, Angry Charge é o nome atualizado da Angry Scar, habilidade que usa o rancor da cicatriz feita pelo Ryu para tornar o próximo Tiger Uppercut mais potente, mesmo que seja apenas um pouco. A diferença é que, agora, permite também acertar o oponente em queda após golpes que normalmente não deixam que se continue acertando. Um exemplo clássico é que, após o Tiger Knee, não dá para acertar um Tiger Uppercut normal, mas quando em Angry Charge, sim, o que aumenta a barra de V-Skill. Apesar de adicionar visualmente um poderzinho ao golpe, as características de área de acerto, velocidade e prioridade do próximo Tiger Uppercut permanecem iguais.
V – TRIGGER I: Tiger Charge
Com a ativação deste VT, Sagat tem a possibilidade de soltar dois Tigers Cannon, seu antigo Super e Ultra Combo de magias, que acertam cinco vezes, agora com um simples apertar de dois botões. Em compensação, os ataques não tiram muita energia. Recomendado para quem está começando com o personagem ou precisa lidar com Guile e Menat, com seus VTs I que soltam muita magia na tela, permitindo ligar com golpes EX de perto, longe e adversários que pulam bastante para trás. Dá pra encher o adversário de magia na cara.
V – TRIGGER II: Tiger Assault
V-Trigger para jogadores mais avançados, apesar de não ser nada difícil de usar. Enquanto ativado, permite usar dois tipos de chutes clássicos de Muay Thai: Tiger Rush, se faz com para frente + VT e se trata de dois ataques consecutivos para frente começando com uma joelhada, que se defendida deixa Sagat indefeso, mas se acerta, envia o adversário para o ar, permitindo mais ataques, onde o indicado é o segundo ataque da técnica; o Tiger Spike, chute que pode ser carregado e enviar o inimigo rodopiando pro ar permitindo finalizar com qualquer tipo de super ataque. Quando carregado ao máximo, permite também quebrar a defesa do adversário, mas tem dois pontos fracos inexplicáveis: o tempo para aproveitar essa brecha na defesa é muito curto e há uma redução de danos incrível se continuado com o Critical Art. Muito bom para amedrontar adversários nos cantos por absorver um ataque quando carregado.
CRITICAL ART: Tiger Rampage
Uma versão terrestre do antigo Ultra Combo Tiger Destruction, começa com um Tiger Knee cheio de poder dourado e continua com uma sequência de três chutes clássicos de filmes de Muay Thai, seguindo de duas cotoveladas e finalizando com um Tiger Uppercut cheio de poder, com um visual bem impactante e destruidor. É uma pena que, apesar de toda essa aparência cinematográfica, seja um dos Critical Arts mais fracos de todo o jogo, com um alcance curto, área de efetividade reduzida e tira pouca energia, como a maioria dos combos do Sagat. Como já dito antes, se usado após quebrar a defesa com um Tiger Spike, o dano é reduzido e tira menos que um EX Tiger Knee. Como não é um ataque de muitos acertos, não creio que o culpado seja o Damage Scalling (escala de danos, que reduz danos quanto mais ataques o inimigo recebe), pois outros personagens têm técnicas de quebrar defesa e seus Critical Arts permanecem tirando a mesma quantidade de energia. Apesar de tudo, é bom para sair de situações tensas dada sua invencibilidade, no início
Fica claro que o personagem não recebeu a devida atenção, como Cody e G, personagem novo que roubou todos os holofotes de Sagat com seus golpes criativos e uma variedade de combos e situações que contrastou ainda mais com o rei do Muay Thai, que já chegou mal-tratado pela Capcom. É incrível como é necessário gastar todos os recursos do personagem para conseguir um dano que personagens mais recentes como Blanka, Sakura e Falke conseguem com apenas uma barra de EX ou nem isso.
Apesar de tantos ponto negativos, Sagat é bem divertido de se jogar e, mesmo que passe muita raiva enfrentando personagens mais bem trabalhados, o jogador ainda terá seu lugar ao sol se souber como dominar o céu com o Tiger Uppercut e as distâncias com magias de perto com os ataques médios pra pressionar o adversário.
Junto de Sagat, vieram seu estágio de Street Fighter II e a roupa clássica do primeiro game da franquia, quando ele era o chefão final e tratado com respeito. Não é fácil ser o rei em um jogo cheio de desbalanceamento, mas não se deve abaixar a cabeça, senão a coroa cai.
