Se Ellie, de The Last of Us, pudesse jogar Resident Evil Revelations 2, ela com certeza absoluta definiria este segundo capítulo, Contemplação, com sua tradicional frase: “isso foi intenso”. Essa, realmente, é a palavra para definir as coisas por aqui, em um episódio que realmente faz jus às expectativas depositadas sobre ele e, acima de tudo, entrega aquilo que os fãs estavam querendo.
Tanto com Claire quanto com Barry, começamos exatamente como tudo terminou no episódio anterior. Elas, agora, contam com a ajuda de outros agentes da TerraSave, também capturados pela vilã misteriosa, enquanto o veterano segue em busca de sua filha ao lado de Natalia, descobrindo mais sobre os mistérios da ilha e da própria garotinha. E, com ele, vem também uma das maiores revelações do título, mais cedo do que os fãs estavam esperando.
Não se trata de ficar assustado com inimigos medonhos, mas sim, da sensação de estar sempre no fio da navalha. E é exatamente isso que Contemplação entrega
Se o primeiro episódio serviu para que os jogadores conhecessem os controles e se acostumassem com a jogabilidade, o segundo vem para que eles coloquem tudo o que aprenderam em prática. Contemplação passa longe do que seu próprio nome indica e chega mais focado na ação, mas sem deixar o terror de lado.
Os corredores apertados de uma instalação de pesquisas são substituídos por cenários mais abertos e ao ar livre, e muito mais inimigos. Lidando de verdade com a população infectada da ilha em que se passa todo o game, Claire e Moira enfrentam horda após horda de monstros em um dos trechos mais desafiantes do título até agora.
E é aqui, infelizmente, que se confirma uma crítica feita há uma semana, na análise do primeiro episódio. Em um determinado momento, as personagens devem escapar dos oponentes por uma escada que leva ao nível superior, mas a insistência de sua parceria de inteligência artificial em se manter próxima aos inimigos deve colocar tudo a perder diversas vezes. Em Resident Evil, morrer é comum, mas ver isso acontecendo por culpa do próprio sistema chega a ser inaceitável.
Mesmo com essa dificuldade mais alta, os confrontos não soam a apelação, e sim, carregam a característica visceral que parece permear todo o título. Neste segundo episódio, aparecem as primeiras batalhas contra chefes de fase, que se encaixam de forma natural ao andamento da aventura como um todo. E se a economia de munição já era essencial no primeiro capítulo, com inimigos comuns, aqui ela é imprescindível. São poucos os momentos em que você se verá com a energia completa e os bolsos cheios de munição, e mais raros ainda os trechos de calmaria, em que a respiração fica tranquila.
E é justamente nesse aspecto que se encaixa a tensão e o horror tradicionais da franquia Resident Evil. Como sempre, não se trata de ficar assustado com inimigos medonhos ou tramas macabras, mas sim, da sensação de estar sempre no fio da navalha. E é exatamente isso que Contemplação entrega, uma experiência em que qualquer erro pode ser fatal. É melhor que você esteja preparado…
O episódio começa, finalmente, a rodar as engrenagens da trama. Uma das maiores revelações do título já aparece aqui, mais cedo do que os fãs estavam esperando.
Contemplação também começa, finalmente, a rodar as engrenagens da trama. Por meio de arquivos espalhados pelo cenário e diálogos entre os próprios personagens, conhecemos mais sobre alguns motivos por trás de tudo o que está acontecendo. Além disso, ficamos sabendo mais sobre o passado da garotinha Natalia, e não apenas o presente, mas também o passado, começam a se desenhar.
Como já falamos, a revelação que muito fã estava esperando acontece aqui, mas é no final do capítulo que Resident Evil Revelations 2 apresenta sua grande novidade, que pode acabar mudando para sempre a forma como a Capcom lida com a franquia. Não vamos entregar spoilers, e você pode entender o que estamos falando assistindo ao nosso gameplay, por exemplo. Basta dizer que fomos surpreendidos e que, pela primeira vez, a empresa parece ter resolvido ousar de verdade em termos narrativos.
Como já comentei em diversas transmissões ao vivo aqui do site, certa vez tive um ataque de gastrite nervosa com o final de uma temporada de “24 Horas”, meu seriado preferido. Ao terminar Contemplação, me vi revivendo tais sensações – felizmente, sem a parte de passar mal, desta vez. Se empolgar era o objetivo da Capcom aqui, ela com certeza absoluta conseguiu.
Neste segundo episódio, a empresa se mostra totalmente confortável com o formato, deixando de cometer o coito interrompido de “A Colônia Penal”. Mais do que isso, abre as portas para uma nova torrente de sensações e emoções e, acima de tudo, atitudes que podem acabar mudando para sempre a relação que os fãs possuem com a série e seus personagens. Isso, claro, se ela realmente seguir em frente no caminho que começou a pavimentar aqui. Ainda existem dúvidas, mas a vista parece boa por enquanto.
O game foi analisado no PlayStation 4, em cópia cedida pela Capcom.