Parece que já se passou um longo tempo desde que a Remedy, conhecida pelo terror de Alan Wake, decidiu mudar de ares e revelar Quantum Break. O exclusivo para Xbox One sofreu alguns atrasos e continua um tanto distante de seu lançamento, que acontece apenas em abril. A desenvolvedora, por outro lado, continua aproveitando esse tempo extra para surpreender.
Em uma longa apresentação na BGS 2015, Quantum Break assume ares de game de plataforma. Estamos no começo do segundo ato e o protagonista, Jack Joyce, aparece no encalço de Paul Serene, o vilão da história. A destruição nas instalações da Monarch Corporation é grande e parece que algo deu muito errado nos experimentos que propiciam a viagem no tempo.
As complicações são tamanhas que foram, literalmente, capazes de “quebrar o tempo”. Essa é uma boa definição para uma zona em que nada parece funcionar como deveria – a cronologia trava, avança alguns segundos e depois retorna. Enquanto a base vai implodindo, contêineres e paredes caem uns sobre os outros para, imediatamente depois, retornarem à forma inicial.
Para caçar os oponentes, Jack precisa aproveitar os momentos em que existe passagem segura, além de utilizar seus poderes para seguir mais rápido e evitar ser esmagado. É lógico que, pelo caminho, também estão oponentes, que utilizam equipamentos para ganharem de forma artificial os poderes que o personagem principal adquiriu após um acidente com os experimentos da Monarch.
Saber a hora de seguir em frente, pular ou esperar dá o tom da sequência, bem diferente dos trechos de tiroteio, que podem soar como mais o mesmo. É claro, Jack e seus inimigos possuem os poderes do tempo que transformam a coisa toda, como a possibilidade de criar escudos, mover-se mais rapidamente ou congelar o inimigo, mas ainda assim, a ação soa como o mais do mesmo, com os “murinhos” de tantos outros títulos do tipo.
Mais desse tipo de variação pode ser esperada ao longo do game, promete o produtor Thomas Puha, da Remedy. Para ele, a ideia da viagem no tempo permite diversas abordagens e, ao mesmo tempo, uma serie de mudanças no jogo. “No coração, Quantum Break é uma experiência de ação e história. Mas no meio disso tudo, acabamos fazendo outras coisas”, diz ele, sem revelar exatamente o que teremos mais adiante – apenas trechos ao volante foram uma ausência confirmada.
Dois lados
Desde o começo, Quantum Break foi alardeado como uma experiência transmídia, que não abrange apenas o game em si. E se o título é sobre os mocinhos, o seriado é sobre os vilões. São quatro episódios de cerca de 20 minutos cada um, que se intercalam aos trechos de gameplay e revelam o outro lado daquilo que acabou de acontecer.
No trecho desse tipo exibido na BGS, por exemplo, dois agentes, Liam e Beth se confrontam de arma em punho. O par parece ter uma história, que não sabemos ainda, mas que também promete ser uma das subtramas de Quantum Break. Enquanto isso, Jack está preso em uma van, ou não, já que, em um piscar de olhos, as pistolas desaparecem e a dupla termina a cena com cara de bobo.
Esse é um trecho cujo outro lado é efetivamente jogável. No controle do protagonista, você utiliza mais uma das tais “quebras no tempo” para escapar com facilidade, roubando as duas armas no processo e, simplesmente, saindo andando. É um momento simples, apenas para fins de demonstração, mas que mais adiante no título, apresenta influências maiores.
Ao longo da jogatina, os jogadores encontrarão os momentos de “junction in time”, trechos que determinam, por exemplo, o caráter do episódio que vem a seguir e também elementos futuros que podem se tornar um problema ou uma facilidade. São mudanças que não determinam necessariamente o andamento da história, como em Until Dawn, por exemplo, mas que mudam as coisas um pouco.
Puha mostrou como isso funciona em vídeo. Na cena, vemos Hatch (à esquerda, na imagem abaixo) um dos cães de guarda da Monarch Corporation, diante de uma testemunha. Aqui, duas abordagens podem ser tomadas: a “Hardline”, que investe na violência e na pressão, e termina na morte da moça, ou a “PR”, mais política, convencendo-a a cooperar por meio de ameaças não diretamente a ela, mas sim à sua família.
Segundo o produtor, a escolha da primeira torna os ânimos mais inflamados. O vazamento da morte também gera protestos contra a Monarch e transforma algumas cenas de ação em momentos mais delicados, recheados de inocentes. Por outro lado, a sobrevivência da testemunha permite saber mais sobre o enredo, já que para proteger sua família, ela acaba ajudando a corporação, mesmo que a contragosto.
O foco, no final das contas, está no fator replay, e Puha garante que os jogadores deverão brincar com as escolhas e terminar o game mais de uma vez, não apenas para conhecer a história por completo, mas também explorar todas as possibilidades em termos de habilidade, progressão e enredo.
O início do fim do tempo está cada vez mais próximo. Quantum Break chega no dia 15 de abril, exclusivamente para o Xbox One. Os episódios da série também estão nos discos, com o jogador tendo a experiêcia completa, e na ordem, inteira de uma só vez.