Desde a longínqua década de 80, a série Dragon Ball teve suas inúmeras sagas recontadas nos games dezenas de vezes, em vários formatos e em outros tantos estilos. O fato é que a história contada nestes jogos, resumindo centenas de capítulos da obra original, foi sempre a mesma. No máximo, abordando um ou outro ponto de vista, o que em meio a tanta mesmice era motivo de festa. Dragon Ball Xenoverse chega para provar o quão rico é o universo da série, extrapolando as aventuras de Goku, Piccolo, Vegeta e outros, além de nos colocar, pela primeira vez, de fato na trama.
No futuro, após ter viajado no tempo para salvar a vida de Goku e lutar ao lado de seu pai Vegeta contra o androide Cell, Trunks descobre a existência de um outro Kaioshin (deus acima dos deuses), o do Tempo. E é revelado a ele que alguém ou alguma força maligna está indo em direção ao passado para alterar a história conhecida. Como essa entidade o faz e quais seus objetivos ainda são desconhecidos.
Trunks recebe a missão de liderar uma tropa de guardiões do tempo para de corrigir anomalias temporais e não permitir que o espaço-tempo seja completamente alterado, culminando na destruição do universo. Dramático, não?
A jogabilidade é simplificada a ponto de ser divertida para os recém-chegados, mas customizável o suficiente para manter o interesse do jogador por muitas horas
Assim, para lhe auxiliar nessa missão, o herói de cabelo roxo reúne as sete Esferas do Dragão e invoca o grande dragão Shen Long. Como seu único desejo, pede que seja enviado um poderoso guerreiro para lutar ao seu lado e reverter todo o mal quem vem sendo causado ao fluxo do tempo. É aqui que você, jogador, passa a protagonizar o universo de Dragon Ball, dando vida a um guerreiro único graças às ferramentas de criação de personagens oferecidas logo no início.
Depois de criado seu herói, escolhendo entre humano, Saiyajin, Namekuseijins, Majin ou Arcosian, somos apresentados ao hub do jogo: a cidade de Toki Toki, que funciona como o quartel-general dos Guardiões do Tempo e lar do Kaioshin. Aqui, através de portais, temos acesso às quatro áreas que compõem a cidade, senda cada uma destinada a uma atividade específica dentro do jogo.
Por exemplo, temos a área comercial para compra e venda de roupas e acessórios para incrementar seu personagem, outra com itens para serem usados nas batalhas ou um espaço destinado aos quiosques onde é possível entrar em side quests, batalhas offline e online, além de ser possível criar grupos com outros jogadores online para as missões em grupo.
A cidade tenta dar o tom de um grande MMO, sendo repleta de outros jogadores e NPCs, que vão ajudá-lo tanto com sidequests quanto com informações sobre aquele mundo, servindo quase como uma enciclopédia — além de incentivar o diálogo. Infelizmente, até o termino deste review, os servidores estavam completamente instáveis, tornando impossível apreciar mais a fundo o modo online.
É possível, com o avançar da trama, encontrar rostos conhecidos da série e se tornar seu discípulo a fim de aprender técnicas e golpes especiais característicos desses personagens. Isso faz com que seu guerreiro se torne único dentro do game, uma vez que ele possui uma “biblioteca” própria e bastante variada de ataques, misturando um pouco de cada um dos heróis que acompanhamos por gerações.
A área denominada Ninho do Tempo é onde se dá sequência ao modo história e também onde reside o Kaioshin do Tempo. Aqui aprendemos que cada acontecimento da história, que engloba desde o início de Dragon Ball Z até o fim da aga GT, é representado por um pergaminho e que quando o evento representado é alterado, o pergaminho se ramifica e se divide na possíveis consequências.
Se a anomalia não for interrompida, serão tantas ramificações na linha temporal que o Ninho do Tempo não suportara e explodirá. Cabe ao jogador viajar até o momento representado no pergaminho e ajudar na batalha com o objetivo de que seu desfecho seja o já conhecido por todos.
Infelizmente, até o termino deste review, os servidores estavam completamente instáveis, tornando impossível apreciar mais a fundo o modo online
A jogabilidade é simplificada a ponto de ser divertida para os recém-chegados, mas customizável o suficiente para manter o interesse do jogador por muitas horas, seja no modo história, versus ou nas sidequests. Como em um RPG, as mudanças no uniforme, acessórios e itens alteram diversos atributos dos personagens, além de trazer várias opções de personalização de visual.
Com botões para ataque fraco, forte, defesa e voo, todos os demais movimentos característicos, especiais, rajadas de energia e carregamento de Ki são feitos com combinações usando os “Ls” e “Rs” do controle, mas que podem ser alteradas de acordo com a vontade e o estilo do jogador.
Os cenários são vastos e diversificados, representando bem locais conhecidos da série, como o ginásio onde acontece o torneio de artes marciais. Apesar disso, algumas áreas onde se desenrolam batalhas com vários oponentes em sequência são dividas por portais e, consequentemente, telas de loading.
E, infelizmente, apesar de todo o poder de processamento da geração atual, ainda sofremos com cenários que não mantêm danos causados ao solo ou paredes, além das terríveis paredes invisíveis que contribuem para tirar o jogador da imersão no game.
Dragon Ball Xenoverse é grande parte do sonho de qualquer fã de Dragon Ball se tornando realidade, mesmo com alguns deslizes na estrutura do jogo. Trama interessante, justificando a incontável repetição de historias da série, gráficos belíssimos e jogabilidade competente. Tem tudo para agradar não apenas aos aficionados em DBZ como também a todos que se interessam pela pancadaria exagerada características dos animes. SPARKING!
Este jogo foi analisado no PlayStation 4 com cópia cedida pela Bandai Namco.