Em 1999, estávamos num momento de transição de gerações – saíaamos dos 32 bits do Playstation e entrávamos nos 128 bits do Dreamcast. E o Nintendo 64, você se pergunta? Bem, ele não conta, foi um ponto fora da curva, um tiro no pé ou apenas um sinal do que viria a se tornar a Nintendo. Nesse momento, os games deixavam de ser pequenas peças de entretenimento para se tornarem grandes, no sentido da duração, do conteúdo e conceitualmente.
É nesse cenário que surge a então novata Quantic Dream. Sim, ela mesma, criadora dos aclamados Indigo Prophecy, Heavy Rain e Beyond: Two Souls.
Com uma proposta ambiciosa, Omikron: The Nomad Soul tenta reunir em um único jogos três estilos diferentes, RPG na maior parte do tempo, alternando com sequências de luta e de tiro. Infelizmente, como nós sabemos, quem faz tudo, não faz nada, por isso o jogo não é 100% eficiente em nenhuma das três coisas.
Mas calma, isso não faz dele um jogo ruim, essa variedade no gameplay ajuda a agradar vários tipos de jogadores. Na maior parte do tempo, você estará investigando, conversando e lendo jornais para reunir pistas de para onde ir e o que fazer. Isso demanda algum conhecimento da língua inglesa, o que com certeza contribuiu para o jogo não se popularizar por aqui. Nos momentos de luta, o jogo praticamente se transforma em um fighting game, a câmera muda para uma perspectiva lateral e temos “quase” um Street Fighter.
Nas sequências de tiro, novamente o jogo muda completamente, assumindo agora o estilo FPS, de forma razoavelmente competente. É, como disse, ele não faz bem tudo que se propõe, mas é o bastante para tirar aliviar o jogador de passar horas apenas conversando, lendo e investigando.
Graficamente, Omikron, na epoca, era incrível – a construção dos cenários, texturas, personagens e expressões faciais. A variedade de personagens era outro ponto importante, afina,l o chamariz do jogo era a possibilidade de você, uma alma nômade, poder encarnar em vários cidadãos de Omikron, que também é o nome da cidade onde se passa o game. Na parte sonora o game é competente, as músicas refletem bem a variedade dos cenários, que vão da superfície futurista até os subterrâneos cavernosos. A dublagem é muito boa se considerarmos a época.
O enredo do game tem uma premissa interessante. Você, isso, você mesmo, recebe um pedido de um policial Omikroniano Kay’l 669 para deixar sua dimensão e entrar para a do jogo utilizando o corpo do policial. A partir daí, passa a investigar um assassinato onde o principal suspeito é um demônio. Para desenvolver a história, você deve lutar com monstros, resolver puzzles e trocar de corpo com os cidadão de Omikron.
Algo que chamou muito a atenção na época do lançamento foi o envolvimento do astro pop e “cameleão do rock”, David Bowie. Ele, junto de Reeves Gabrels (que hoje é parte da banda The Cure), compuseram toda a trilha do jogo, bem variada e “psicodélica”, unindo música eletrônica, guitarras e uns vocais “mucho loucos”.
Infelizmente, na data de publicação desse post, soubemos do falecimento de David Bowie. Um perda incomensurável, não apenas para musica, mas para toda cultura pop. A morte nos pegou de surpresa, afinal ele nunca esteve tão vivo nos últimos tempos, lançando um livro, uma peça teatral e um disco, além de termos visto um mar de referencias a ele no jogo Metal Gear Solid V: The Phantom Pain.
Descance em paz David Bowie.