Nesta semana, mais precisamente no dia 25 de agosto, a série The King of Fighters (também conhecida como KOF) completou 20 anos. Entre altos e baixos, mortes e renascimentos, quase falência, etc., foram mais de 13 jogos. Falemos então do primeiro, The King of Fighters ’94.

Bem, corro o risco de parecer meio babaca ou hipster, mas vou falar a verdade. KoF 94 chegou no fliperama do bairro e saiu sem que ninguém, exceto um jovem ner… Um nerd jovem, apaixonado por jogos de luta, percebesse. Não tinha jeito, nada se comparava aos fenômenos Mortal Kombat e Street Fighter. Eu mesmo os jogava mais frequentemente, afinal era “o que tinha pra hoje”. Os bares normalmente possuíam uma ou no máximo duas máquinas, mas um dia, no boteco do Danda, apareceu uma terceira que logo emitiu um som muito familiar.

De cara, só reconheci os personagens da series Fatal Fury e Art of Fighting, mas fiquei muito curioso sobre o boss do jogo, que parecia uma mistura de Wolfgang Krauser com Geese Howard. Pouco tempo depois, passando por uma banca de jornal me deparei com uma revista chamada “Quem é quem game” inteira dedicada ao jogo, mostrando uma ficha de cada personagens com histórias, jogo de origem e golpes.

Só então entendi do que se tratava, nem tinha sacado que já tinha visto o nome The King of Fighters em outro lugar.

Em termos de jogabilidade, o título se apresentava muito mais técnico do que seu concorrente Street Fighter, simplesmente bater não era suficiente. Uma boa estratégia era fundamental para passar do segundo ou terceiro trio. Ela deveria envolver uma serie de recursos que a SNK introduziu no universo dos fighting games, como esquiva, ataque forte que derruba o oponente, o support attack, onde um companheiro da sua equipe entra na luta para dar um peteleco no seu inimigo, o Dodge Attack, onde você esquiva atacando, e o Guard Cancel, onde se você defender 5 hits consecutivos, pode canelar a defesa aplicando um golpe no oponente.

O enredo não é nada primoroso, afinal se trata de um jogo de luta. A história é a seguinte: Rugal, poderoso chefão do submundo, promove um campeonato de artes marciais para se provar o melhor do mundo e aumentar sua coleção, transformando seus inimigos em estátuas. Mas está bom para um início, perdoável se lembrarmos que isso deu inicio a saga de Orochi, a melhor de toda a série.

Falemos então dos personagens. Na época, eram divididos por país, mas essa forma foi abandonada logo no jogo seguinte, por obviamente não fazer sentido algum.

Tínhamos o time da Itália, formado por Terry Bogard, Andy Bogard e Joe Higashi, o do México, formado por Takuma Sakazaki, Ryo Sakazaki e Robert Garcia, que, ao contrário do que muitos acham, é italiano e não mexicano. O da China é formado por Athena Asamiya, Sie Kensou e Shin Gentsai. Os Estados Unidos vêm com Havy D, Lucky Glauber e Brian Battler. A Coreia é representada por Kim Kaphwan, Chang Koehan e Choi. Representando o Brasil, tínhamos Heidern, Ralf e Clarck; Inglaterra com Mai Shiranui, Yuri Sakazaki e King; e, por último, o time do Japão formado por Kyo Kusanagi, Goro Daimon e Banimaru Nikaido.

Graficamente o jogo segue a cartilha da SNK, sprites detalhados e animação impecável. Os estágios todos muito coloridos, cheios de detalhes, animações e easter eggs para quem acompanha todas as produções da empresa. Espalhados por eles você encontra personagens de outros jogos, lugares do Japão e referencias de outros países.

Sonoramente o jogo é fantastico, vozes digitalizadas com qualidade e uma trilha impecável, recheada de guitarras e influências hip-hop. Para mim, as faixas só não são tão memoráveis por terem sido rapidamente encobertas pelas sensacionais músicas de The King of Fighters ’95, que foi lançado em julho do ano seguinte.

Em 2004, na ocasião das comemorações de 10 anos da série, foi lançado para PlayStation 2 The King of Fighters ’94: Re-Bout. O remake trazia gráficos melhorados com filtros, cenários em 3D, trilha rearranjada e uma abertura muito bacana feita em animação.

The King of Fighters ’94 foi sem duvida um marco, tanto para os fighting games como para SNK. Apesar de gostar muito da série, tenho que admitir que ela trouxe algo de negativo: ofuscou completamente as outras franquias da SNK, a ponto de muita gente reconhecer os personagens como originais de KOF e não de seus respectivos jogos.

The King of Fighters ’94 foi lançado originalmente pra arcade em 1994(Jura?!) e recebeu versões para diversos consoles, além de aparecer em várias coletâneas.

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