Desde quando assoprávamos os cartuchos como uma mandinga para que funcionassem melhor, mesmo que fossem novinhos em folha, até agora, quando removemos o plástico que envolve nossos Blurays/DVDs lacrados, uma coisa é padrão em alguns jogos quando estão sendo iniciados: a escolha do seu nível de dificuldade.
Dos clássicos Easy, Normal e Hard, e extrapolando para níveis como Survival, Nightmare, Insane, ou, o mais novo, VOCÊ TÁ DE SACANAGEM?, encontrado em alguns jogos indies, eles ditarão como você jogará o game que está em suas mãos.
Na era dos 16 bits, uma dificuldade dita como Normal era feita para ser jogada pela maioria das pessoas, havendo ali um ou outro desafio digno a ser enfrentado. Selecionando o modo difícil era uma proeza da turma que era chegada numa cera de vela derretida nas costas, ou então repetiam a exaustão “Damn I’m Good!” naquela voz canastra do Duke. Ou seja, nada mais lógico, se o cidadão deseja um jogo difícil, ele terá.
Não falo dos games feitos para serem difíceis, a escola Demon’s Souls está aí para ser chorada a cada partida e Ghosts’n Goblins ainda causa pesadelos em muita gente. Mas, sim, da opção dada pelos desenvolvedores para alavancar o tempo útil do jogo e tentar arrancar o melhor – ou pior – de cada gamer. Mas as coisas mudaram um pouco.
Para facilitar a vida das pessoas que cresceram com os joysticks nas mãos e hoje não dispõem do tempo livre de outrora, o avanço dos jogos deixou a escolha da dificuldade um pouco mais fácil no geral. Histórias de 15 horas levariam semanas, ou meses, para serem finalizadas, caso permanecessem assim. Isso deixando a exploração dos cenários completamente de lado.
Por exemplo…
Um dos melhores jogos de super heróis já criados, de 1994, feito pela Konami: The Adventures of Batman and Robin, na versão do SNES.
Jogando apenas no Normal, logo na segunda fase, “No Green Peace”, quando enfrentamos a tetéia da Hera Venenosa, um descuido qualquer com um bucha de canhão da fase é suficiente para nossa barra de energia não ser o bastante para avançarmos para a terceira parte do jogo.
Enquanto isso, em Batman: Arkham Asylum, de 2009 e feito pela Rocksteady Studios, só temos uma imersão do trabalho que é ser o morcego quando jogamos no Hard. Usando o stealth necessário e todos os diversos brinquedos maravilhosos, que o Coringa ainda se pergunta onde o Batman os arruma, contra bandidos de porretes e metralhadoras. Chegar de John Rambo mascarado é um suicídio bobo, e Bruce Wayne manja das Dádivas dos Ninjas, sorrateiro. Entretanto, quando entra na peleja, distribui entre os presentes.
Ainda numa perseguição pessoal contra a Hera, caso morrermos no confronto no Jardim Botânico onde a ela reside em Arkham Asylum, logo brotamos (DSCLP) a poucos metros dali, para voltar a sentar porrada na planta gigante/armadura/boss que a vilã utiliza. Desconfio até que seja a mesma planta do SNES, só que com a cara cheia de Titan.
Dois jogos diferentes, de tempos e jogabilidades distintas, num confronto contra a mesma linda. Porém, para se sentir como o herói das HQs, ou você joga no Normal no SNES, ou então no Hard dos consoles da sétima geração.
Oito ou Oitenta, pra desgraçar de vez.
Há os jogos mais recentes que dispõem da opção de reconhecer que o modo Normal ainda é fácil, e ao jogarmos no Hard, ele sabe que em determinado momento iremos morrer feito moscas quando houver o desnível entre os modos de dificuldade.
Usando God of War como modelo, e desmembrando alegremente todos os coitados que aparecem no caminho sangrento do descontrolado Kratos, temos aí um bom exemplo de que jogando no modo Normal apenas o combate final trará algum desafio mais empolgante. As vezes, nem isso, se você já estiver bastante familiarizado com as mecânicas de combos e esquivas.
Enquanto no modo Spartan, ou Hard, ao enfrentar os clones desgraçados do careca irritado, você verá algumas vezes, bem mais que gostaria, a famosa pergunta: “Would you like to switch to easy mode?”, deixando um sentimento de que Kratos, depois de uma bela topada na quina da mesa, está DEITANDO CARINHO em alguma coisa, nesse caso, o seu ego.
O que deve ser feito?
Se estiver se divertindo em apenas passar umas horas na frente do videogame, sem a menor intenção em ter sua paciência testada e simplesmente desligar o console quando não dá mais pra avançar, você é uma pessoa mais em paz do que eu. Provavelmente é o mais certo.
Mas caso seja uma pessoa que não encontra muita graça em apenas isso, e precise de um desafio um pouco mais elaborado para valer o tempo ali naquele jogo, os níveis Hard estarão sempre disponíveis, mesmo que eles estejam um pouco mais Normais.