Pacer

Pacer

por Ulisses Lopes da Silva

Voando baixo, literalmente!

Durante uma entrevista com um dos criadores de Pacer na BGS de 2019, aquele jovem inglês me dizia o quão feliz e orgulhoso estava de ver o sucesso que Pacer estava fazendo entre os brasileiros e como ficou feliz quando lhe disseram que parecia um jogo Triple A de um grande estúdio, dado seu polimento extremo em todos os quesitos que um jogo de corrida futurista pode ter. Mal sabia eu que a versão final traria muito mais surpresas!

Partindo do esperado, Pacer pode ser chamado de sucessor espiritual de Wipeout e F-Zero, mas este título possui sua própria personalidade e não é nem um pouco uma cópia de fã. A primeira boa impressão, que é a que fica, será dos gráficos maravilhosos, e em seguida, da velocidade alucinante.

Um dos quesitos que torna Pacer diferente dos outros jogos é que aqui a velocidade é um problema a ser domado, e não uma solução. Além de todos os carros alcançarem altas velocidades e terem nitro recarregável embutido, existem muitos aceleradores na pista e a soma de tantos boosts se torna parte do desafio. Bater o carro não é só um modo de perder tempo e velocidade, mas também escudo e vida, os dois fatores de sobrevivência que decidem se você é um bom gerenciador de danos em altas velocidades. Controlar estas naves é o ponto-chave para dominar este game de corrida um bocado difícil.

Pacer traz de volta a sensação de velocidade frenética que não se via há tempos, mas com uma curva de aprendizado inovadora.

Como se trata de um game baseado em adquirir pontos para comprar coisas, desde armas até circuitos, é preciso jogar todos os modos, mesmo os casuais, para juntar grana e avançar, a menos que você decida ir para a Campanha e correr em circuitos que não teria verba para poder acessar.

Como o jogo é difícil de dominar, pois os movimentos das naves são bem realistas, ou seja, não como carros que fazem curvas pelo bico depois levam a traseira, dominar os traçados e o freio é essencial, mesmo nos circuitos mais irregulares, que mais parecem terem saído do Mario Kart 8. Isso é um elogio.

Para quem já é fã de jogos de corrida, temos as opções básicas: Corrida Rápida, Campanha, Prova de Tempo e Garagem, mas também a opção Sobrevivência, Correr na Tempestade e Resta Um. Na primeira, quem matar mais inimigos e morrer menos em cinco minutos ganha; a segunda cria uma tempestade magnética ataca a cidade e torna apenas o interior de uma redoma seguro. Ela te obriga a correr no ritmo dela e provar que é bom o suficiente.

Pacer pode ser chamado de sucessor espiritual de Wipeout e F-Zero, mas este título possui sua própria personalidade e não é nem um pouco uma cópia de fã.

Por fim, Resta Um destrói o último colocado a cada contagem até que apenas o vencedor reste, forçando o jogador a estar sempre no topo. Existe também um modo de ultra velocidade, que conta o máximo de quilometragem você conseguiu percorrer até ter sua energia totalmente drenada. Em suma, são desafios que te ensinam a guiar dentro do mundo de Pacer, onde não existe compaixão.

Nas corridas normais, os carros têm dois tipos de armas, que podem ser configuradas livremente, se você tiver poder aquisitivo para tanto, ou pelos padrões já disponibilizados pela CPU. Também dá para personalizar o carro com armas e motores, mas só as primeiras vão te ajudar nas corridas mais embaralhadas, que serão frequentes. Como muitos circuitos têm trechos apertados e as naves são compridas, a configuração dos atributos mais o poder ofensivo é a chave da vitória, já que o bate-bate será frequente durante ultrapassagens em alta velocidade.

Na campanha, temos algo similar a Ridge Racer Type 4, onde se compete pelas primeiras posições e, caso faça uma boa jornada, algumas empresas podem se interessar por você. Para isso, você terá que competir em corridas de superação. Pegar o jeito leva um tempo, por isso, não fique triste com seu próprio desempenho; você vai se divertir muito quando aprender todos os detalhes e perceber porque este é um título tão aguardado.

Entretanto, não mandar bem logo de início prenderá o jogador nas três primeiras pistas, ganhando poucos pontos pelas últimas colocações. É assim que entendemos a curva de aprendizagem inovadora de Pacer, onde existem diversos modos de seguir em frente e entender as mecânicas.

Pacer traz de volta aquela sensação de velocidade frenética que não se via há tempos, com recursos de ataque e uma incrível sensação de velocidade que dá aquele temor de que você perderá o controle do carro na próxima curva. É esse tipo de adrenalina que os jogadores mais experientes devem sentir nos modos de maiores velocidades como F2000, F1000 e Elite, que me esmagaram como se eu fosse um bebêzinho sem coordenação motora, mas fico empolgado em saber que, quando ficar mais experiente, as emoções serão ainda maiores!

Entre os pontos negativos estão os “mini-travamentos” que o jogo dá quando se está na velocidade máxima e tem muita coisa ocorrendo ao mesmo tempo. Inicialmente, acreditei ser algum tipo de ataque adversário, mas isso também aconteceu com a pista livre. De resto, Pacer é um jogo de acabamento invejável, apesar de tantas situações adversas durante uma corrida. É emoção do começo ao fim e com muito espaço para expansões e, quem sabe, veículos convidados? Uma nave do F-Zero ou Wipeout como “colab” seria épico, neste indie que vai deixar os fãs de corrida frenética viciados!

Com opções de dia e noite, corrida reversa ou espelhada, muitos circuitos e configurações para as naves, Pacer é diversão para muitas jogatinas, seja sozinho ou com amigos, mas sempre com muita adrenalina.

O jogo foi testado no PC em cópia cedida pela R8 Games Ltd..