Keiji Inafune é um sujeito que dispensa apresentações. Ele é “só” o criador do Mega Man, com participações em outros grandes games da Capcom, como Resident Evil 4, Dead Rising e a série Onimusha, apenas para citar alguns exemplos. Agora no comando da Comcept, ele esteve na E3 não apenas para apresentar seus dois próximos games, mas para dar um alerta: é hora de os desenvolvedores japoneses acordarem.
Falando ao Endgadget durante uma apresentação de Mighty No.9 durante a E3 2015, Inafune disse que os produtores da Terra do Sol Nascente estão perdendo oportunidades deste lado do mundo. Para ele, existe uma grande demanda, no mercado ocidental, por títulos desenvolvidos por empresas e designers japoneses, mas eles estão comendo bola.
Isso pode ser provado, por exemplo, pela pequena quantidade de games nipônicos em relação às propostas apresentadas por companhias desse lado do mundo. Além da própria Comcept, que compareceu à feira com dois games – Mighty No.9 e Recore, exclusivo para o Xbox One – apenas a Square Enix se destacou nesse sentido, apresentando uma boa mistura entre propostas ocidentais e orientais.
Mais do que aproveitar oportunidades, Inafune quer ver os produtores japoneses impondo desafios a si mesmos e inovando, em vez de apresentar sequências ou continuações de propostas existentes. E aponta para sua nova criação para provar isso – segundo ele Mighty No.9 não é, de maneira alguma, um clone de Mega Man, e sim, o tipo de evolução que ele tentou fazer enquanto estava na Capcom, mas acabou sendo impedido pela empresa.
Apesar das críticas, o criador vê com bons olhos algumas iniciativas recentes, como Bloodstained, de Koji Igarashi, e Shenmue III, apresentado com pompa e aplausos durante a conferência da Sony. As campanhas de financiamento coletivo são formas de sentir a temperatura da água e mensurar a recepção do público, na mesma medida em que se abrem as portas para que a visão original dos produtores possa ser realizada.
Isso, por outro lado, não resulta em pressão. Inafune chama os mais de 67 mil apoiadores de Mighty No.9 de membros da equipe de desenvolvimento, e afirma que eles foram bastante receptivos às mudanças. Mais do que tudo isso, serviu para que o designer pudesse colocar o pezinho na porta e mostrasse que ainda tem lenha para queimar.
Por fim, ele afirma ver o Kickstarter e outros sistemas do tipo como um começo, não uma nova forma de se atuar. Tanto que, para um possível e ainda não confirmado Mighty No.9 2, ele se volta à distribuidora Deep Silver. O mesmo vale para Recore, que está sendo desenvolvido em parceria com a Armature Studio e conta com financiamento da própria Microsoft.