Lembra-se da tensão que foi o período eleitoral, em que os “petralhas” acusavam os “coxinhas” de colocar o capitalismo acima dos interesses gerais da população? Esse tipo de discurso pode ter diminuído por aqui, mas o lançamento mundial de Assassin’s Creed: Unity fez com que esse debate polarizador que não enriquece nada na nova política desse as caras lá na França.
Em uma entrevista a uma rádio local, o político e ex-candidato à presidência do país pelo partido de esquerda Jean-Luc Mélenchon descreveu o novo game da Ubisoft como uma propaganda contra a Revolução Francesa e contra o próprio povo. Segundo ele, trata-se de parte de uma conspiração capitalista que mostra os acontecimentos do século XVIII como algo ruim, principalmente por glorificar a nobreza deposta e questionar a República.
Para Mélenchon, Unity retrata a população como um bando de selvagens que valorizavam muito mais a violência do que os ideais, pintando as ruas de Paris de sangue. De acordo com o político, ao mesmo tempo em que o povo é mostrado como um grupo de bárbaros, o game valoriza a aristocracia da época, quase colocando-os como vítima.
Mais do que isso, o ex-candidato ainda aponta que a própria representação de Maximillien de Robespierre no novo Assassin’s Creed é uma ofensa à História. Segundo ele, o jogo o apresenta como um tirano sanguinário que, durante o chamado Terror, apenas caçava seus inimigos políticos. Para Mélenchon, a Ubisoft simplesmente ignora sua importância para a Revolução para transformá-lo em um vilão barato e, por isso, levanta a questão de como os video games ensinam esses fatos históricos aos jovens.
Em sua defesa, o estúdio afirmou que Assassin’s Creed: Unity é uma obra de ficção. Em declaração ao site VG24/7, o produtor do game, Antoine Vimal du Monteil, disse que o título é apenas um game para divertir o grande público e que, por isso, não se deve encará-lo como uma aula de História.