A saga de Pokémon Go é bem estranha. Estamos falando aqui de um jogo que já experimentou seu auge, e hoje, foi abandonado por muitos jogadores. Ao mesmo tempo, sua audiência é de cerca de 65 milhões de jogadores mensais, o colocando no panteão dos maiores títulos mobile da atualidade tanto em números de frequência quanto em microtransações.
Isso faz com que a história do Pokémon Go Plus, seu primeiro, e, até agora, único, acessório oficial, seja ainda mais estranha. Esgotado em muitos locais e com disponibilidade tão grande em outros que chega a entrar em promoção, o dispositivo foi lançado depois da chegada do game com a promessa de expandir ainda mais a experiência, permitindo que os jogadores cacem monstrinhos e acumulem quilômetros sem precisarem ficar com o celular na mão.
Mas como diria o filósofo Chorão, cada escolha, uma renúncia. E ao trazer benefícios como uma melhora significativa na duração da bateria, que Pokémon Go costuma comer com farofa quando está sendo executado, o aparelho também apresenta problemas flagrantes que tornam até mesmo o ato de indicar ou não a compra para alguém bastante complicado.
O gadget se conecta a celulares com Android e iOS por Bluetooth, e permanece funcionando mesmo que os aparelhos tenham a tela bloqueada. Isso permite que o jogador guarde o dispositivo no bolso, o que traz um incremento de segurança, e também faz com que as partidas não gastem tanta energia assim. Dá para jogar durante um dia inteiro com ele, enquanto sem, a bateria pode acabar em algumas horas.
O Pokémon Go Plus não tem tela e tudo funciona com um sistema de luzes. Piscadas azuis indicam uma Pokéstop nas proximidades, enquanto verdes mostram que há um monstrinho nos arredores. Basta apertar um botão para realizar a ação, com o sucesso indicado por diversas cores em sucessão, enquanto o fracasso aparece como três piscadas vermelhas. No Journal, você confere o histórico de tudo o que aconteceu durante o uso. Simples e objetivo.
E é nessa simplicidade toda que os problemas acontecem. Por algum motivo que não dá para imaginar, o gadget lança apenas uma única Pokébola vermelha contra os monstrinhos e faz somente uma tentativa de captura. Isso significa que personagens mais raros ou fortes dificilmente poderão ser capturados com a utilização do aparelho, um fato que, apenas aí, já deve afastar muitos jogadores hardcore – acredite, eles existem.
Por outro lado, usar o dispositivo permite o retorno de uma das maiores trapaças existentes em Pokémon Go, bloqueada há alguns meses pela Niantic. O percurso do jogador continua a ser considerado mesmo que ele esteja dentro de um carro, a não ser que ele esteja rodando a uma velocidade altíssima, em uma estrada ou algo assim.
Entretanto, o uso do Pokémon Go Plus exige atenção constante, pois desconexões não são raras. Durante nossos testes, o dispositivo mostrou comportamento intermitente, permanecendo ligado durante diversas horas em algumas seções de jogo ou perdendo a sincronia depois de alguns minutos. Não foi possível detectar o que, se algo, causou interferência.
Entretanto, percebemos que o gadget tem problemas para se ligar ao smartphone caso outros dispositivos Bluetooth estejam conectados, como fones de ouvido. Existem, também, dificuldades em usá-lo enquanto o celular estiver conectado ao Wi-Fi, enquanto o abrir aplicativos que também fazem uso dos sistemas de localização – ou a câmera de alguns celulares – podem causar desligamento.
Na soma dos fatores, o Pokémon Go Plus acaba sendo indicado somente para jogadores que levam o game bem a sério, e mesmo para estes, a compra vale apenas em situações bem específicas. Se você anda muito de carro, a aquisição pode valer a pena, pelo menos até que a Niantic perceba o que está acontecendo e solte uma atualização. Isso parece improvável, já que, deste seu lançamento, o gadget não ganhou melhorias.
Por outro lado, o alto preço do dispositivo em comparação com seus benefícios deve ser o maior ponto afastador de jogadores. Principalmente no Brasil, onde o produto não é distribuído oficialmente, o Pokémon Go Plus pode ultrapassar a casa dos R$ 200. Melhor comprar uma bateria portátil de qualidade, tomar cuidado pelas ruas e continuar jogando da maneira convencional.