Mal chegamos na metade de 2017 e já está tivemos lançamentos de peso, como The Legend of Zelda: Breath of the Wild, Resident Evil 7, Persona 5 e o novato Horizon: Zero Dawn. Agora, tentando alcançar seu lugar ao sol em um ano pra lá de competitivo, temos Prey, um jogo de ação e aventura em primeira pessoa, com elementos de RPG, que chegou em maio deste ano
Prometendo cativar fãs de jogos como BioShock e Dishonored, que inclusive é da mesma desenvolvedora, a Bethesda não poupou esforçou de trazer o que funcionou nessas franquias para seu jogo novo. Mas calma lá, que Prey não é só uma cópia, tem algumas semelhanças sim, como um auxílio pelo telefone de alguém, além do clima stealth, que mostra que ás vezes passar sem nenhum combate é a melhor solução – sair correndo também funciona.
Tudo começa quando definimos o gênero de Morgan Yu. Indiferente da sua escolha, as habilidades são as mesmas, pois você monta a melhor estratégia, como todo bom jogo de RPG. Além disso, isso também não influencia no enredo, já que os protagonistas são mudos.
Mesmo tendo alguns bugs irritantes e uma história que se torna irrelevante com o tempo, Prey é divertido pode dar origem a uma boa franquia.
No ano de 2032, Morgan participa de testes de personalidade e habilidades, que podem parecer bobos no início, mas acredite, não servem apenas um tutorial de como se esconder ou responder perguntas, mas tem um peso importante no enredo. Em um desses experimentos, algo estranho acontece e a instalação é invadida por uma espécie de monstro e você acorda em seu quarto novamente.
Assim que descobre que você não está mais na Terra, e sim, na estação espacial Talos I, é que a coisa começa a ficar séria. No início, o jogador terá a ajuda de January, que volte e meia entrará em contato, seja para indicar uma missão ou explicar algum acontecimento na nave. Essa tranquilidade dura apenas alguns minutos, pois logo teremos inimigos, e muitos. Desde os mais comuns como os Mímicos, até as máquinas que podem ser corrompidas e te atacar, tudo dá um clima de tensão à jogatina. Isso é bom, porque Prey não é apenas um jogo para te dar susto.
Seu arsenal é limitado, você sempre poderá contar com pistolas, chaves inglesas, escopeta e as delicinhas das armas gloom – elas são essenciais te ajudando no combate imobilizando o inimigo, impedindo que algo em chamas ou dando choque te atinja ou até criando pontes para acessar algum ponto no cenário. Não se iluda com o arco e flecha, pois é de brinquedo e não causa dano algum, mas serve para reciclar.
Como Prey tem elementos de RPG, além de aprender habilidades, o jogador também terá que administrar itens. Cada sucata, lanche, bebida, lixo orgânico e peças poderá ser reciclado para a construção de munição, kits médicos, de reparos do traje, entre outros.
Isso será de grande ajuda, principalmente quando aprende a construir neuromods que possibilitam que você libere novas habilidades. Mas quando aprende os “super poderes”, aí que você vai se divertir de verdade, principalmente se escondendo em canecas. Os poderes são uma faca de dois gumes, pois a cada habilidade alienígena nova, a chance de uma máquina se virar contra você é maior.
Infelizmente, o sistema de tiro por muitas vezes é bugado. Em vários momentos, a mira se mexe sozinha, não só é irritante, mas em batalha, é fatal. A munição é escassa e os golpes dos inimigos causam bastante dano. A dificuldade do jogo é alta, e, muitas, vezes bem injusta, principalmente quando se trata do stealth, os inimigos te veem através de paredes, aí são duas opções: correr ou tentar lutar – essa última não é a mais indicada, porque alguns oponentes têm one hit kill.
O design gráfico do cenário é aceitável, principalmente quando se tem acesso ao exterior da estação espacial. Porém, em alguns lugares, faltam sombras e texturas que fazem com que o cenário interno fique com uma aparência tosca e chapada. Já vimos jogos da geração passada com gráficos mais bonitos. Infelizmente, a mesma falta de cuidado também aparece nos personagens, com expressões faciais bem feias e, muitas vezes, movimento dos lábios desconexos das falas.
Em Prey, tudo dá um clima de tensão à jogatina. Isso é bom, porque não temos um jogo que tenta apenas dar susto.
A dublagem em português é de razoável a ruim, mas o pior é que não há a opção de mudar para o idioma original, somente alterando a configuração do console. Não se empolgue, pois a versão inglesa também está no mesmo nível. A trilha sonora é bem esquecível, e, para um ambiente espacial e o clima tenso propostos, no mínimo, deveríamos ter algo mais emblemático.
O enredo começa de um jeito bem misterioso e atrai a sua atenção, entretanto, vai perdendo força com a jogatina. Não apenas pelo fato de que você só vai saber sobre a história lendo e-mails, ouvindo áudios e assistindo vídeos, mas também pela coleta de objetos. Aqui, a montagem de itens e a exploração do ambiente acabam se tornando o foco.
Tanto que, ao chegar no final do jogo, você pode ter dúvidas e o achar incompleto. Pelo visto, a Bethesda pode ter feito isso para uma possível sequência, pois o universo criado dá margem para um Prey 2 – lembrando que há mais de um final e isso é baseado nas suas atitudes durante o game.
O game chegou forte na E3 2016, mas foi sendo deixado de lado devido aos lançamentos desse ano. Mesmo tendo alguns bugs irritantes e uma história que se torna meio irrelevante com o tempo, ainda é divertido e podemos ter novidades interessantes sobre essa possível franquia.
O jogo foi analisado no PlayStation 4 em cópia cedida pela Bethesda.