Se existe um jogo de video game feito especialmente para festas, esse título é Just Dance. Passando longe dos minigames tradicionais e da diversão casual, a franquia aposta na habilidade – ou falta de coordenação – de cada um para garantir momentos engraçadíssimos. Em qualquer lugar em que seja ligado, o título forma uma rodinha e é garantia de risadas, mesmo que por apenas alguns minutos, até que todos estejam caídos no chão de cansaço após uma sequência de coreografias insanas.
Apesar de ser uma franquia anual, há pouca renovação a cada lançamento. As versões novas se limitam basicamente a uma lista completa de novas músicas e uma ou outra função inédita. Afinal de contas, não há muito o que fazer em um jogo cujo título já acusa sua simplicidade – “apenas dance”. Foi aí que, na E3 2014, a Ubisoft apresentou uma das maiores inovações da história da série.
Com Just Dance Now, qualquer um pode entrar na diversão. Basta ter um smartphone e uma tela conectada à internet – que pode ser um computador ou tablets com o aplicativo do jogo instalado – para transformar a sala de casa em uma pista de dança. Agora, nada mais do limite de quatro pessoas dos títulos para consoles, a diversão, aqui, pode ser compartilhada com muito mais gente.
A jogabilidade de Just Dance Now é semelhante às versões do game para PlayStation 3 ou Wii, por exemplo. Como não existe uma câmera capturando os movimentos dos jogadores, como no caso do Xbox, toda a detecção de movimentos é feita pelo dispositivo nas mãos do usuário, que nesse caso, é o próprio smartphone.
Não tem segredo. Basta segurar o aparelho na mão direita e seguir a coreografia exibida na tela. Acelerômetros, giroscópios e outros sensores fazem o trabalho de verificação dos movimentos, com o resultado aparecendo instantaneamente na tela em forma de pontos.
Aqui, é preciso um cuidado todo especial. Celulares, ao contrário dos Wii Remotes e do PlayStation Move, não contam com uma correia de segurança. Por isso, é preciso ficar atento para não jogar o celular longe durante um movimento mais animado e acabar machucando alguém, ou o próprio aparelho. Não dá para criticar o jogo por causa disso, claro.
Mas foi pensando nisso que procurei um aparelho mais velhinho para jogar Just Dance Now e descobri mais um ponto positivo do título: ele roda em praticamente qualquer coisa. Ele só está disponível para Android e iOS, e isso deixa o Windows Phone de fora, claro. Mas dentro dos sistemas operacionais compatíveis, porém, a gama de versões suportadas é enorme e o aplicativo funciona bem, de forma extremamente leve e sem travamentos.
Toda a sincronia entre o game e os dispositivos se dá por meio de um sistema de salas. A cada rodada, um número individual é atribuído àquela sessão de jogo e todos devem se conectar à mesma “sala” para que seja feita a apuração dos pontos. É aqui que entram também as tradicionais coreografias em duplas ou grupos, com cada participante selecionando qual dançarino quer seguir antes da música começar.
Eventualmente, problemas de sincronia podem acontecer e, aqui e ali, engasgadas na conexão podem fazer com que você perca um ou outro passo. Durante os testes aqui do NGP, porém, tudo funcionou de forma perfeita em 99% do tempo e muitos dos problemas de conexão que afetaram o uso do jogo nos primeiros dias parecem já terem sido resolvidos.
Tenho amigos que fazem as coreografias de Just Dance em qualquer festa que vão, sempre que uma das músicas do game é tocada. É justamente os fãs desse nível que a versão Now mais vai agradar, já que agora, é preciso levar a jogatina do título para qualquer lugar, literalmente, no bolso.
O repertório é uma mistura de todos os jogos da franquia, assim como as coreografias, que refletem exatamente o que foi visto nos consoles. Alguns dos principais sucessos da história da série estão ali, como Gangnam Style, de Psy, I Kissed a Girl, de Katy Perry e Call Me Maybe, de Carly Era Jepsen.
A edição gratuita, claro, tem suas limitações. Todos os dias, seis músicas aleatórias da coleção ficam gratuitas e podem ser jogadas livremente, quantas vezes o jogador quiser. A lista completa, claro, é habilitada mediante pagamento, e é aqui que está uma das grandes críticas a Just Dance Now.
Aparentemente entendendo errado o conceito de casualidade do mercado mobile, a Ubisoft aplicou um sistema de assinaturas ao título. Aqui, em vez de aproveitar a seleção gratuita e adquirir o título completo caso queira mais, o jogador deve escolher um período de “aluguel”, que pode ir de 24 horas a um ano inteiro.
Estaria tudo bem não fossem os preços. O passe VIP, como é chamado, custa de US$ 1,99 (cerca de R$ 5) por um dia até US$ 54,99 (aproximadamente R$ 135) pelo ano inteiro. Isso mesmo, quase o mesmo de um jogo para consoles, com a diferença de que, após 365 dias, você precisa compra-lo de novo se quiser continuar com a diversão.
A empresa até tentou adotar um modelo fora do tradicional, utilizando anúncios que aparecem antes das músicas, ou ofertas patrocinadas que adicionam novas canções ao repertório. Mas aqui, a sensação que fica é apenas a de perda de tempo, já que mesmo com as propagandas, a oferta ainda é extremamente limitada.
Pode parecer que estamos reclamando por pouco, mas ao aplicar uma política de preços desse tipo, a Ubisoft acaba matando os principais diferenciais de Just Dance Now em relação às versões tradicionais para consoles. Quem quer jogar precisa contribuir, isso é óbvio. Mas temos aqui um título no qual os fãs, ou nem tanto assim, pagariam de bom grado alguns dinheiros, mas podem acabar não fazendo isso ao perceberem que o investimento feito ali tem prazo limitado.
Assim, Just Dance Now acaba se transformando mais em uma oferta passageira, só que no mau sentido. Provavelmente, este será mais um daqueles joguinhos que serão instalados no celular e vão divertir uma vez, sendo esquecidos depois disso. E o pior de tudo é que não era para ser assim.
Este jogo foi analisado na versão iOS.