RADicalizando no rogue-like

RAD é um rogue-like criado pela Double Fine, a empresa fundada por Tim Shaffer, de Days of Tentacle, Full Throttle e Psychonauts, entre tantos outros, regado a muito humor, acidez e diversão. Controlamos um adolescente que passa por um ritual doloroso para explorar o que restou do mundo após o segundo apocalipse, trazendo recursos para a comunidade e entendendo o que aconteceu.

O jogo tem toda uma estética futurista vindo diretamente dos anos 1980 e 1990, com aquelas cores chocantes e roupas punks estilosas. Com seu tacape, modificações genéticas e coragem, você irá enfrentar monstros e explorar masmorras, abrindo os portais e avançando cada vez mais profundo no mundo danificado pelas seguidas tentativas de destruição.

Existem duas coisas muito interessantes na mensagem de RAD. A primeira é que esse ritual de modificação que se sofre ao começar a jogar permite que você use a radiação e toxinas do mundo para evoluir, mas você não tem escolha de qual mutação irá adquirir. Quanto mais fundo e maior contato com o mundo, mais poderes ganha para ajudar a avançar. Outra coisa legal é que, na medida que as mutações são adquiridas, surge um rastro de reflorestamento.

Essa mecânica é linda e bem feita. O jogador praticamente se sente impelido a “pintar” de verde o mundo ao seu redor, com um cenário que parece ter sido desenvolvido para ficar mais agradável na medida em que você avança. Contudo, há também uma grande função envolvida, que é deixar marcados os caminhos que você já fez. Cada área do jogo parece um labirinto e, muitas vezes, o jogador se pega passando por lugares que já esteve antes, com o chão cheio de plantas indicando que você já passou por ali.

RAD é um rogue-like padrão, mas com alguns adicionais que o tornam interessante de jogar e rejogar diversas vezes, com destaque para uma linda mecânica de reflorestamento.

Os colecionáveis do jogo também vieram direto do passado remoto dos disquetes. O mundo parece ter acabado quando as televisões a tubo ainda eram populares e cabe a você adentrar esse deserto tecnologicamente atrasado e encontrar seu caminho entre os mistérios do mundo. Os artigos se tornaram uma espécie de dinheiro que permite adquirir itens de cura ou melhorias, enquanto outros acabam sendo usado como chaves para abrir baús ou portas.

RAD é um rogue-like padrão, mas com alguns adicionais que o tornam interessante de jogar e rejogar diversas vezes para ver até onde foi a criatividade dos desenvolvedores. No entanto, os controles para computador são bastante  confusos, pois toda orientação do personagem é feita pelo teclado (WASD), com o espaço para pulo e o mouse para ataque. Como se trata de um jogo isométrico, com visão de cima, é muito comum apontar o mouse para a direção de saída do ataque, o que não acaba acontecendo.

Em vez disso, você deve virar o protagonista com o teclado e apertar o botão para atacar, algo contraintuitivo. Por sorte, e deixo aqui a dica, é possível ir nas configurações de controles do jogo e alterar para que a orientação do personagem seja feita pelo mouse. Porém, isso deveria ser natural, pelo gênero apresentado e estilo de câmera. Ainda bem que existe a opção.

RAD é um jogo radical, maneiro e divertido, que segue muito bem as mecânicas de rogue-like, mas adiciona um tempero novo que o torna interessante. É muito comum ver o estilo em games menores, feitos em 2D, em uma tentativa de economizar na produção, mas ainda manter o tempo de jogo pela dificuldade. Não é o caso aqui.

RAD já começa cheio de novidades e vai polvilhando outras na medida em que se avança, com uma arte 3D arrojada e efeitos bem aplicados. É um título que irá agradar aos amantes do gênero, mas também serve muito bem como porta de entrada para aqueles que quiserem se aventurar em um game divertido e, ainda que repetitivo, também cheio de novidades.

O jogo foi testado no PC, em cópia cedida pela Bandai Namco.