Existe uma piada corrente entre os jogadores de que até calculadoras são capazes de rodar Resident Evil 4. E exageros à parte, a anedota está bem próxima da verdade, pois o game da Capcom, lançado originalmente em 2005, esteve em todas os consoles lançados desde então, com exceção do primeiro Xbox. Isso sem falar nos celulares, com diferentes versões para smartphones ou dispositivos não tão espertos assim.
É uma abrangência de lançamentos que tem a ver com sua grandiosidade – Resident Evil 4 é um dos games mais importantes de todos os tempos, servindo não apenas como um reinício para sua própria franquia, como também fixando um estilo para o gênero de ação como um todo. Prova disso é que, até hoje, diversas franquias bebem dessa fonte, inclusive a própria Capcom, com os títulos seguintes da saga de horror ou não.
Tantos relançamentos têm também a ver com o fato de que o jogo vende como água por onde quer que passe. A cada nova chegada, também, a produtora incluía algo de novo, seja como um conteúdo extra, uma maneira diferente de se jogar ou gráficos em alta definição. Ao chegar ao PlayStation 4 e Xbox One, entretanto, a Capcom também faz algo inédito e, pela primeira vez, relança Resident Evil 4 sem nada de novo – e em uma versão pior.
Como parte das comemorações do aniversário de 20 anos da série, a desenvolvedora passou a relançar os games recentes para a atual geração de consoles. Vimos Resident Evil 6, e depois, RE5, chegando ao Xbox One e PS4. E como no caso da aventura de Leon, não se tratam de remasterizações, como muita gente pode confundir. Temos aqui os mesmos jogos, com mínimas melhorias gráficas que têm mais a ver com o poder superior dos aparelhos do que com um trabalho feito pela Capcom.
Em seu terceiro salto de geração, entretanto, nota-se que Resident Evil 4 já chegou a seu limite. E mais do que isso, tem artifícios simplesmente bizarros para mascarar sua idade, como bordas pretas em toda a lateral da tela, provavelmente, para que as texturas não aparecessem esticadas demais. O game roda a 60 quadros por segundo, é verdade, mas não a 1080p, a não ser, claro, que você considere também o espaço inutilizado ao redor da imagem.
Além disso, temos mais uma vez que fazer uma crítica que vem desde a versão HD – a cutscene inicial do game, bem como todas do modo extra Separate Ways, não foram retrabalhadas. E agora, em seu segundo aumento de resolução, se parecem mais com um vídeo altamente comprimido, enviado pelo WhatsApp, do que algo que veríamos em um game de atual geração. O resultado é simplesmente feio, e grita com o restante do conjunto gráfico, que é bem interessante mesmo em relação a jogos de hoje.
No restante, é o mesmo Resident Evil 4 que já conhecemos, sem tirar nem por. E isso é bom, pois como dito, estamos falando aqui de um dos melhores e mais importantes títulos de todos os tempos. E mesmo um pouco datado, ainda sobrevive bem em meio a ofertas da atualidade, tanto no ponto de vista visual quanto na jogabilidade, não deixando nada a desejar em relação a propostas recentes. Entretanto, não temos a tão sonhada e pedida legendagem para o nosso português, algo que deve chatear alguns fãs que ainda nutriam esse tipo de esperança.
Sendo assim, a pergunta que fica sempre é: vale a pena comprar de novo? A resposta é não, a não ser que você não tenha adquirido as versões em HD, lançadas para PC, PS3 ou Xbox 360, ou seja um dos raros jogadores que nunca experimentaram Resident Evil 4. Nesse caso, ainda assim, você deve procurar as versões para os consoles da geração passada, se puder, pois elas são mais otimizadas, trabalhadas – e baratas – em relação a esse relançamento.