Quase 14 anos depois de seu lançamento original, Resident Evil Zero retorna, muito melhor e mais bonito. Ampliar ainda mais qualidade daquilo que já é bem bom é uma habilidade que a Capcom já demonstrou no relançamento do remake do primeiro game da série, e aqui, ao se debruçar sobre um título que tinha seus problemas, o resultado é impressionantemente superior.
Quem mais tem a ganhar aqui são os protagonistas, que ganharam novas modelagens. Em Rebecca, é onde mais dá para sentir a diferença, uma vez que sua nova versão aparece muito mais detalhada e, principalmente, emotiva. O rosto é mais expressivo e as linhas são definidas, o que dá um tom muito mais agradável aos momentos tensos que ela enfrenta ao longo da aventura.
O grande trunfo de Resident Evil Zero HD Remaster é trazer o jogo para todo um público que nunca teve acesso a ele antes.
Esse primor, entretanto, não se estende também às cutscenes. Elas não aparecem remasterizadas, mas apenas com filtros que as tornam mais suaves – mas também acabaram resultando em cores chapadas. O resultado contrasta com os momentos in-game, e ao contrário do original, são estas que acabam chamando mais a atenção do ponto de vista gráfico.
Mas assim como no relançamento anterior, o grande trunfo de Resident Evil Zero HD Remaster é trazer o jogo para todo um público que nunca teve acesso a ele antes. Por mais que o game já seja conhecido, seja por emuladores ou o YouTube, não há nada como jogar de verdade e é exatamente isso que, após mais de uma década, os fãs finalmente podem fazer.
A Capcom faz mais uma mudança inexplicável nos controles, invertendo os comandos correspondes ao menu e corrida.
Para completar, a Capcom ainda trouxe algumas novidades interessantes, como uma grande quantidade de roupas extras, que podem ser vestidas a todo momento, e o Wesker Mode. Ele permite jogar com o vilão e inclui também seus poderes, como vistos em Resident Evil 5, em um formato que não faz muito sentido, mas não deixa de trazer diversão.
A jogabilidade de Resident Evil Zero também tem seus pontos interessantes, como o Zapping System, que permite a troca em tempo real entre os personagens e transforma completamente praticamente todos os puzzles do título. Além disso, o game dispensa os tradicionais baús e, de forma mais realista, faz com que os jogadores possam largar itens no chão dos cenários, de onde também podem ser coletados mais tarde, se necessário.
Temos, aqui, um jogo que pedia uma remasterização mais profunda e complexa, e é exatamente isso que a desenvolvedora nos entrega. Resident Evil HD Remaster ganha todo um trabalho visual para se tornar mais vivo e interessante.
Também incomoda o destacamento de Billy e Rebecca da história principal de Resident Evil Zero. Ao contrário do que prometia originalmente, o jogo não trouxe tantas revelações assim sobre o passado da Umbrella Corporation ou a missão dos S.T.A.R.S., e mais do que isso, faz com que os protagonistas sejam um tanto irrelevantes diante da trama de vingança que se desenrola. Se fossem trocados por outros, por exemplo, a diferença seria mínima.
Mesmo assim, temos aqui um ótimo jogo, que pode não ter envelhecido como vinho, mas que nesta remasterização, volta de maneira extremamente competente. Se você nunca teve essa experiência ou é fã da série, principalmente, o título é altamente recomendado. O que temos aqui é o terror, mais uma vez, em estado puro, e uma lembrança que parece cada vez mais distante do que a Capcom é capaz de fazer com uma de suas principais franquias.
O jogo foi analisado no PlayStation 4, em cópia cedida pela Capcom.