Desde o último domingo (24), o mundo dos games parece estar de novo sob grande ameaça de grupos hackers. A diferença é que, agora, o objetivo não é o roubo de dados nem os crimes virtuais. O Lizard Squad, como se autointitula o grupo responsável por derrubar serviços como a PSN e o Twitch na última semana, quer apenas se divertir.
Pelo menos é isso o que aponta o especialista Cole Stryker, em entrevista ao canal americano ABC. Autor de um livro sobre a ação dos hackers na internet, ele comparou a atuação do Lizard Squad com a do LulzSec, outro grupo que, em 2011, também foi o responsável por derrubar a PlayStation Network, só que, na ocasião, com consequências muito mais graves e uma indisponibilidade de quase um mês.
A comparação se dá devido ao fato de, na opinião do escritor, os responsáveis não estarem dispostos a agir de forma política ou lutar por alguma causa. Mesmo com citações feitas a grupos como o ISIS – radicais jihadistas que luta pelo controle político de diversas regiões do Oriente Médio –, o especialista acredita que, seja lá quem for o responsável, o objetivo é apenas dar risada.
Stryker indica que o Lizard Squad pode, na verdade, nem mesmo ser um grupo. O bombardeio de sites com requisições ao ponto de tirá-lo do ar são a essência de qualquer ataque de negação de serviço (DDoS) e podem ser executados tanto por um conjunto de pessoas quanto por um único indivíduo, no controle de uma rede de computadores infectados cujos usuários nem mesmo estão cientes de que fazem parte.
Sequência de piadas
O Lizard Squad apareceu pela primeira vez nas manchetes no último final de semana, quando um golpe DDoS tirou do ar não apenas a PSN, mas também os sistemas da Blizzard, de World of Warcraft, e da Riot Games, de League of Legends. No dia seguinte, a Microsoft também serviu de alvo, mas o ataque não chegou a tirar a Xbox LIVE do ar.
Mais do que isso, os hackers também foram responsáveis por desviar o avião em que estava o presidente da Sony Online Entertainment, John Smedley, de sua rota. E, para fazer isso, bastou um único tweet, afirmando que havia explosivos a bordo da aeronave. O voo que seguia de Denver para San Diego foi desviado para Phoenix e todos os passageiros tiveram que passar por uma longa verificação de segurança.
O segundo grande ataque do Lizard Squad aconteceu nesta terça-feira (26), quando os servidores do Twitch e, mais uma vez, de League of Legends, foram bombardeados por mais um ataque DDoS. O jogo não chegou a ficar fora do ar, ao contrário do serviço de streaming, que permaneceu indisponível por horas e só voltou a funcionar na madrugada desta quarta (27).
@LizardSquad #KillMeSquad pic.twitter.com/Wro2NkWwgL
— Maxmoefoe (@maxmoefoe) 27 agosto 2014
Aqui, a intenção de dar risada se provou mais uma vez. O grupo afirmou ter o Twitch como um refém que só seria libertado quando quatro pessoas enviassem a eles fotos com “Lizard Squad” escrito na testa, com caneta permanente. O pedido foi atendido em algumas horas e, por coincidência, o Twitch voltou a funcionar logo depois. Até o momento em que esse texto foi escrito, a empresa não havia se pronunciado oficialmente sobre o problema nem confirmado a aplicação de um ataque DDoS.
Desde os acontecimentos da noite de terça, porém, o Lizard Squad permanece quieto. Eles não deram indicações sobre o próximo alvo de seus ataques, apesar de terem citado que farão uma festa na PAX, evento de games que acontece entre os dias 29 de agosto e 1º de setembro. Seja lá o que isso signifique.
A boa notícia, pelo menos segundo Stryker, é que os responsáveis por ataques dessa magnitude normalmente são pegos. O FBI afirmou já estar investigando o caso, principalmente após a suposta ameaça de bomba, um fator que é levado bem a sério pelos americanos. O autor lembra que boa parte dos membros do LulzSec e do Anonymous responsáveis pelos ataques de 2011 estão presos ou aguardando julgamento. Ele espera que o mesmo aconteça agora e completa dizendo que “Não se trata de uma questão de ‘se’, e sim, de ‘quando’”.