O mítico remake de Resident Evil 2 e RE3 – para não dizer, desnecessário – ganhou agora um apoio de peso: o do roteirista Yasuhisa Kawamura. Em uma entrevista ao site Eurogamer, o escritor disse que adoraria trabalhar em uma reimaginação do título clássico e que jamais recusaria uma chance de trabalhar com a Capcom de novo. Apesar disso, ele não bota muito fé de que tal game vá realmente ser lançado um dia.
Ele cita, por exemplo, Resident Evil: The Umbrella Chronicles e Operation Raccoon City como títulos que já voltaram aos cenários originais do terceiro game da série, e incluem até mesmo personagens consagrados como Jill ou Nemesis. Sendo assim, um remake de RE3 com gráficos atuais e jogabilidade aprimorada torna-se bem improvável.
A citação de Kawamura deve acender uma vontade antiga dos fãs, que pedem mais remakes desde que o primeiro jogo da franquia foi refeito, em 2002. Na época, o criador Shinji Mikami justificou o relançamento não como uma atualização gráfica, e sim, como uma maneira de adequar a trama do título que iniciou a franquia aos rumos do enredo nas sequências. É uma necessidade que, como dá para imaginar, não existe nos games que vieram depois.
Dá para argumentar que a trama meio esquisita de Resident Evil 3 – um game que se passa metade antes de seu antecessor e metade depois – poderia ser corrigida em uma reimaginação. Por outro lado, existe muita controvérsia quanto à aplicação da “nova jogabilidade” da franquia em um título clássico, além da possibilidade de a Capcom causar mais problemas cronológicos ao voltar à história. Para alguns fãs, incluindo este que aqui escreve, é melhor não mexer no que está quieto e investir em jogos novos, com qualidade.
Na entrevista, Kawamura também explicou por cima o que acabou por causar cerca inconsistência no roteiro de Resident Evil 3. O game, originalmente, deveria ser um spin-off passado entre o primeiro e o segundo títulos da série. Enquanto isso, RE CODE: Veronica estava sendo criado para se tornar o terceiro jogo. O anúncio do PlayStation 2, porém, veio para mudar tudo.
Com a chegada de uma nova geração, a Capcom decidiu levar o game protagonizado por Claire Redfield para o Dreamcast e, posteriormente, também para o console da Sony. Enquanto isso, para focar nos jogadores que ainda estavam no PSOne, o game escrito por Kawamura foi “promovido” para a condição de Resident Evil 3, o que colocou a equipe de desenvolvimento em um ritmo muito mais acelerado e motivou o aproveitamento de conceitos do antecessor, além das pequenas brechas criadas na trama.
Mais tarde, o roteirista também trabalhou na versão cancelada de Resident Evil 4, que traria um foco maior no terror, chegando até mesmo a beirar o psicológico. Ao sair da Capcom, ele criou os argumentos de títulos como Rise of Nightmares e El Shaddai: Ascension of the Metatron.