Um jogo para aquecer corações

Quem jogou Little Big Planet no PlayStation 3 já está familiarizado com o personagem tricotado, candidato a mascote da Sony, o Sackboy. Era um game diferente do que estávamos acostumados, pois, apesar de ser de plataforma, tinha customizações, adesivos e diferenciais que fizeram com que o título e o protagonista ficassem marcados entre os fãs do console.

Sackboy: Uma Grande Aventura não veio para bater de frente com Crash Bandicoot ou outro jogo do gênero, mas para representar a transição de uma geração para a outra. Ainda que o grande destaque seja a versão PlayStation 5, o jogo está bonito demais mesmo no PS4, então você pode não ter de esperar tanto assim caso já queira experimentar a aventura.

O enredo começa com Sackboy vivendo com seus amigos no Artemundo, quando o terrível Vex aparece, captura todos e os força a construir o Conversor, uma máquina que transformará o mundo dos sonhos em um verdadeiro pesadelo. Scarlett é uma velhinha de pano simpática que conta para o protagonista sobre os Cavaleiros Tricotados, dos quais ele estava destinado a ser um. Para isso, teria que capturar as Esferas dos Sonhos, destruir o Conversor e deter Vex.

Além de Scarlett, contaremos com a “ajuda” de Zom Zom, uma espécie de comerciante misturado com gênio da lâmpada, que nos obriga a comprar roupinhas especiais para Sackboy em troca dos colecionáveis. Não que seja obrigatório, mas é que elas são tão fofas que nos obrigamos a pegar o maior número de guizos para adquirir o máximo de skins possíveis.

Em todos os mundos, podemos conhecer mais personagens, como a N.A.O.M.I, minha favorita. Temos fases cibernéticas, pantanosas, no fundo do mar, além da própria vila dos Sackianos, que estará cheia de inimigos não muito variados, mas ainda assim perigosos. Ao coletar um certo número de Esferas dos Sonhos, desbloqueamos novas fases e as batalhas contra os chefes.

Por ser um jogo simples e sem muitas novidades, o que não é necessariamente ruim, Sackboy: Uma Grande Aventura pode ser aquele título recomendadíssmo, se estiver em um preço acessível.

No modo campanha, é possível jogar sozinho, em multiplayer local ou online, além de fases padrão, desafios dos Cavbaleiros Tricotáveis, colecionáveis e fases especiais online. Ou seja, quem quiser conquistar 100% terá muito trabalho, pois além das esferas, o game tem bônus, skins e itens. Quando pensar que a história acabou, pode ficar tranquilo, pois ainda tem mais coisas para serem feitas.

A jogabilidade é muito simples, você pode correr, golpear, rolar, agarrar, puxar, tudo devidamente apresentado na Lista de Comandos. Além das habilidades especiais com o bumerangue e o canhão de laser, por exemplo, há também algumas arminhas que o jogador poderá achar pelo caminho, como espadinha, bolinha de hamster ou um guarda-chuva.

Os gráficos estão maravilhosos, tanto nos personagens, quanto nos cenários. Os detalhes nas costuras, tecidos, texturas, cores e até o olhar de Sackboy foram feitos com muito esmero. Os cenários são lindos, também, tudo conforme a proposta do jogo.

A dublagem está excelente, tanto em inglês quanto em português. O cuidado com o jogo é evidente, tanto que há um vídeo com os dubladores originais falando sobre todo o processo de desenvolvimento – deveriam ter feito isso também com os atores brasileiros, pois a localização ficou perfeita.

Mas o ponto alto de todo o jogo é a trilha sonora, tanto a original quanto as faoxas licenciadas. Temos várias surpresas, começando com “Uptown Funk”, de Bruno Mars, passando por “Material Girl”, da Madonna, “Let’s Dance”, de David Bowie, e, pasmem, até “Toxic”, da nossa eterna princesa do pop, Britney Spears. Não é apenas a música, mas todas a fases se comportam conforme o ritmo, lembrando Rayman: Legends, mas Sackboy consegue ser um bocado superior nesse quesito, já que os estágios são mais longos e não apenas especiais.

Para dizer que o jogo não é perfeito, os loadings fizeram a escola Crash, pois são demorados demais, principalmente no início do jogo e na transição dos mundos, mas isso é algo que não deve acontecer no PlayStation 5. Já os chefes de fase, principalmente Vex, são fáceis demais, chegando até a subestimarem a inteligência e habilidade dos jogadores.

Por ser um jogo simples e sem muitas novidades, o que não é necessariamente ruim, Sackboy: Uma Grande Aventura pode ser aquele título recomendadíssmo, se estiver em um preço acessível. É lindo, divertido, dançante, com jogabilidade perfeita e que também acompanha versão para PlayStation 5, que deve ser ainda mais bonita.

O jogo foi analisado no PS4, em cópia cedida pela Sony.