Muitos fãs não superaram até hoje o fim do Universo Expandido de Star Wars, decretado depois que a Disney comprou a Lucasfilm e anunciou uma continuidade oficial da saga. Trata-se, mais do que tudo, de uma estratégia de negócios – a empresa criaria, a partir de agora, seu próprio cânon, lançando novos gibis, livros, seriados e, claro, filmes. Não é um novo UE, propriamente dito, mas é como se fosse.

Isso, entretanto, não impediu que ela continuasse lançando as histórias antigas e invalidadas como parte do selo Legends. Ou, mais do que isso, utilizando seus conceitos nos novos episódios. Afinal de contas, é impossível negar a semelhança entre a Base Starkiller, desnecessária em “O Despertar da Força”, e o ainda pior Devorador de Sóis, além da história geral do novo filme, que segue muitas das bases de livros e quadrinhos lançados há anos, como os descendentes que caem para o lado negro da Força ou a academia Jedi de Luke Skywalker, que terminou em desgraça.

Star Wars

O que vale para livros, HQs e filmes também abraça os jogos. Como parte de um acordo com a Electronic Arts, a saga Star Wars também deve ter novos games lançados para PC e a atual geração de consoles. O primeiro já chegou – Battlefront – e sabemos que pelo menos mais um está sendo desenvolvido pela Visceral Games, em parceria com a Motive Studios, criada pela ex-Ubisoft Jade Raymond.

Com uma saga tão rica em mãos e uma perspectiva promissora, cabe aos fãs muita imaginação. E como o Universo Expandido, mesmo morto, parece estar vivo, suas histórias poderiam ser usadas para a criação de novos jogos. Confira, aqui, cinco boas tramas que poderiam virar títulos – use a lista também como referência para separar o joio do trigo e conhecer alguns bons capítulos do finado (ou não) UE.

Rogue One

Antes que você grite a plenos pulmões que o novo filme não faz parte do Universo Expandido, acompanhe nosso raciocínio, e saiba que você está certo. Entretanto, temos aqui uma história que está sendo “promovida” diretamente do UE e que, por mais que seja de suma importância para o desfecho de “Uma Nova Esperança”, nunca foi contada de maneira canônica.

Ela aparece em Star Wars: Dark Forces, de 1995, logo na primeira missão, quando controlamos o mercenário Kyle Katarn invadindo uma base imperial e roubando os projetos da Estrela da Morte. Anos mais tarde, a mesma trama foi recontada em Lethal Alliance, lançado em 2006. Nele, seguimos a mercenária Rianna Saren, que acaba descobrindo por acaso a existência da grande arma durante uma série de missões para a Aliança Rebelde. Ela acaba obtendo os esquemas e os entrega diretamente para a Princesa Leia.

Em “Star Wars: Rogue One”, a trama é semelhante, com um grupo de rebeldes – tanto por fazerem parte da Aliança, quando por personalidade – se une em uma missão suicida para roubar os planos da Estrela da Morte. Sabemos pouco sobre a história e o teor do filme, mas vendo apenas o trailer, dá para imaginar muito bem uma adaptação para os games.

Temos grandes cenas de ação e, ao mesmo tempo, dá para imaginar um teor de espionagem – a abordagem preferida, por exemplo, ficaria nas mãos do jogador. Até mesmo questões de alinhamento e construção de personagens poderiam entrar em jogo aqui, já que algumas teorias apontam para a possibilidade de uma mudança de lado pela protagonista, Jyn Erso.

“Star Wars: Rogue One” chega aos cinemas em dezembro de 2016 e, de acordo com o que já foi divulgado pela EA, também teríamos um novo game da saga por ano. Uma adaptação seria uma grata surpresa, principalmente em uma franquia meio avessa a levar seus filmes para os jogos, preferindo, muitas vezes, investir em histórias originais ou diferentes.

Troopers da Morte

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Em “Star Wars: Troopers da Morte”, lançado originalmente em 2009 e que chegou no ano passado ao Brasil, temos uma inusitada história de zumbis situada no mundo da saga espacial. Temos mortos-vivos versus Han Solo e Chewbacca, e isso, apenas, já deveria ser suficiente para capturar sua atenção.

A história se passa a bordo de uma nave-prisão chamada Purgação, para onde o Império manda os mais perigosos bandidos, assassinos e rebeldes. Em um ponto distante do espaço, ela quebra, mas por sorte, um Destroyer parece estar por perto, voando à deriva. Ou não, uma vez que em seu interior vazio, está um vírus que transforma quem tem contato com ele. Quando a doença começa a se espalhar pela cadeia, transformando os marginais em mortos-vivos sem consciência, cabe a Solo e Chewie, além de um grupo de outros personagens, lutarem para não sofrerem o mesmo destino.

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No começo do texto, falamos da Visceral Games, e aqui, temos o game perfeito para ela. A empresa poderia usar toda sua experiência adquirida com a saga Dead Space para entregar uma nova trama de horror espacial. Há, inclusive, quem diga que o autor do livro, Joe Schreiber, teria se inspirado na série da EA, o que tornaria tudo ainda mais conectado e interessante.

Seria, mais do que tudo, um bom retorno para a desenvolvedora, que desde Dead Space 3, perdeu muito de sua relevância, tendo trabalhados em jogos abaixo da média como Battlefield: Hardline e Army of Two: The Devil’s Cartel. Para a Visceral, este poderia ser um retorno a um passado de glória, para o qual ela seria carregada com pompa e circunstância.

Boba Fett

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O cancelamento de Star Wars 1313 ainda dói para muitos fãs. O game, com um visual bem mais dark e violento, teria o mercenário que todo mundo ama e ninguém sabe bem porque como protagonista, mostrando sua juventude nos subúrbios de Coruscant. No game, veríamos sua formação como um caçador de recompensas tão cascudo que, certa vez, Darth Vader pediu para que segurasse a onda, “sem desintegrações“.

O que a saga de filmes não fez por Fett, entretanto, o Universo Expandido trabalhou, e muito bem. E uma das principais histórias do personagem é “A Barve Like That”, que faz parte da antologia “Tales from Jabba’s Palace” e fala, justamente, sobre como ele conseguiu ser o primeiro homem a fugir da barriga do Sarlaac.

Aparentemente, quem cai lá dentro tem muito tempo para pensar – pois a ideia do poço é que suas vítimas ficam sendo digeridas lentamente por mil anos. Fett quase tem esse destino, preso pelos tentáculos do monstro, mas acaba fazendo com que o Sarlacc pressione seu jetpack, causando uma explosão. Ao perceber e vulnerabilidade, o mercenário usa granadas e abre um rombo na barriga da criatura, fugindo e se vendo em meio ao deserto de Tattoine com uma armadura destruída, sem sua nave e nenhum recurso como água e comida.

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Não sei se você está pensando em Mad Max, mas eu sei que estou. O que temos aqui é uma história de sobrevivência, sobre a reconstrução de Boba Fett e seu retorno das garras da morte em um jogo de mundo aberto, no qual a obtenção de itens e o fortalecimento dos próprios atributos seria o objetivo, trazendo o personagem de volta à velha forma.

“A Barve Like That” não entra nesse mérito, e prefere se focar nas histórias das vítimas do Sarlaac. Em determinado momento, porém, chega até a flertar com uma conexão entre Fett e a Força, um indício que é ignorado pelo próprio protagonista em prol de sua sobrevivência, mas que poderia ser também utilizado no game.

Vale a pena lembrar ainda que um filme de Boba Fett está programado para 2020, após o Episódio IX. Quem sabe, então, a ideia de um jogo do caçador de recompensas não tenha morrido com o cancelamento de Star Wars 1313.

Tales from the Mos Eisley Cantina

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Assim como aconteceu com Boba Fett, Star Wars é repleto de personagens interessantes que, por questões de foco ou falta de noção, acabaram não ganhando o espaço devido nos filmes. Os mercenários, por exemplo, tomam conta do submundo em um universo dominado pela mão tirana do Império e, comendo pelas tabelas, acabam tendo – ou não – participação fundamental no destino da galáxia.

“Tales from the Mos Eisley Cantina” é uma boa compilação dessas histórias. A antologia traz 16 contos de diferentes autores, focados em personagens que aparecem no boteco onde Luke Skywalker e Obi-Wan Kenobi cruzam caminhos pela primeira vez com Han Solo e Chewbacca. Muitas das histórias não funcionariam em um game, enquanto outras, unidas, dariam um belo título episódico aos moldes da Telltale, por exemplo.

Em “A Hunter’s Fate”, por exemplo, segue o caminho de Greedo em busca de seu sonho – se tornar o melhor caçador de recompensas da galáxia. Sua saga mistura dramas familiares e histórias de extrema pobreza com traição e violência e termina justamente no momento em que o conhecemos, quando Han Solo atira primeiro.

“Hammertong: The Tale of the ‘Tonnika Sisters’”, por fim, nos leva a uma viagem por dentro da Mistryl Shadow Guard, um grupo de elite formado apenas por mulheres e com uma grande proximidade ao Império. Elas, por exemplo, eram responsáveis por transportar parte dos planos da Estrela da Morte durante a construção, mais especificamente, sendo responsáveis pelas armas a laser da base. A história, inclusive, foi escrita por Timothy Zahn, o autor responsável pela Trilogia de Thrawn, que por muito tempo, foi considerada a sequência “oficial” de “O Retorno de Jedi”.

Outras histórias trazem personagens não tão conhecidos, mas bastante interessantes. Em “When the Desert Wind Turns”, seguimos os passos de um aspirante a oficial do Império no momento em que ele ingressa na academia de Stormtroopers. “We Don’t Do Weddings” é focada em Figrin D’an and the Modal Nodes, também conhecida como a banda da cantina, e a péssima ideia de assinar um contrato vitalício para shows no palácio de Jabba, o Hutt.

Star Wars: Legacy

Como imaginada por George Lucas, a saga Star Wars é bastante maniqueísta. Temos o bem contra o mal, o lado da Luz e o lado Negro da Força brigando constantemente, além de heróis e vilões muito bem alinhados. Na série de quadrinhos Legacy, de 2006, entretanto, esses conceitos se misturam em uma trama que se passa mais de 100 anos depois dos eventos da Velha Trilogia.

Mais de um século depois da queda do Império, a galáxia ainda não está em paz, pelo contrário, encontra-se em plena guerra civil entre a Aliança Galática e os separatistas da Confederação. Aqui, inclusive, já temos a primeira deturpação – o governo vigente, oriundo da Nova República criada após “O Retorno de Jedi”, se tornou quase que o inimigo, contando, inclusive, com o apoio do que restou da Ordem Imperial nesse combate.

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Dentro desse ensejo, seguimos a história de Cade Skywalker, bisneto de Luke e o primeiro de sua linhagem a rejeitar a Força, fazendo isso em pleno treinamento. Mais do que isso, ele renega até mesmo seu próprio sobrenome, preferindo seguir a vida como um pirata e caçador de recompensas. Para ele, inclusive, não ser um Jedi é uma maneira de seguir em frente com segurança, uma vez que, para ele, o destino inevitável de todo cavaleiro de ordem é a traição por seus companheiros e uma dolorosa morte.

E para manter a coisa dentro da Electronic Arts, vamos dar Star Wars: Legacy nas mãos da BioWare, para que ela aproveite tudo o que aprendeu em Mass Effect, bem como os erros de Knights of the Old Republic, para criar um mundo gigantesco e vasto, onde o jogador pode ser o que quiser. Quer trabalhar com os Sith como mercenário, como nos quadrinhos? Ouvir o fantasma de Luke e se tornar um Jedi? Cair para o lado Negro? Seguir uma vida como agricultor? O mundo é seu palco e suas decisões morais moldariam o final.

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