Neste ano, a Ubisoft acertou em cheio com Assassin’s Creed Odyssey e Far Cry 5, que manteve sua qualidade e deu um novo fôlego a série. Ao mesmo tempo, parece que a empresa, às vezes, tem um timing péssimo para lançar seus jogos. Quem pensaria em trazer algo ao mercado quando Red Dead Redemption 2 estava por vir? Foi o que aconteceu com Starlink: Battle for Atlas.
À primeira vista, dá para ficar empolgado, pois as animações foram cuidadosamente bem feitas e os cenários são de encher os olhos de tão maravilhosos, com destaque para o planeta Haven, favorito pessoal devido à paleta de cores, com muito rosa, vermelho e laranja, iluminação, as plantas e os animais pacatos.. Quem é fã de Star Wars vai se empolgar com o planeta Kirite e os efeitos sonoros das naves e dos tiros, que lembram muito os do filme.
O enredo é simples, mas bem detalhado. Nove pilotos são selecionados para compor a Equinox, grupo destinado a salvar Atlas de Grax e sua Legião Esquecida. Logo no início, a nave sofre um ataque e partes dela se espalham entre os sete planetas. Conforme for completando as missões, o jogador resgata partes da história dos pilotos e da ameaça que eles enfrentam.
Os personagens são um ponto alto do game. Alguns são irritantes, outros interessantes, principalmente a brasileira Chase, que é a minha favorita, devido à sua energia e carisma. Cada um tem sua importância no enredo e o próprio background, além de habilidade especiais. Entretanto, não podemos dizer o mesmo dos vilões, que são tão genéricos quanto o Lobo da Estepe do filme live-action da “Liga da Justiça”.
O game traz elementos de RPG e itens que você pode buscar nos cenários após as batalhas ou de de completar uma missão, servindo para tunar sua nave, armas ou até aumentar a habilidade do seu piloto. É importante fazer algumas missões secundárias para avançar na campanha principal sem problemas maiores e manter um bom estoque de itens de upgrade e moedas.
Starlink: Battle for Atlas diverte, mas por tempo limitado. Apenas os brinquedinhos e a presença de Fox na versão Switch podem ser pouco para transformar o game em algo único.
A dificuldade não é muito alta, mas existe o risco de perder sua nave definitivamente, caso o jogador não tenha recursos suficientes. Há moedas que você pode usar, caso perca uma batalha contra um chefe ou mercenários, para iniciar a missão novamente. Caso isso aconteça, é possível usar novos equipamentos, mas todos os upgrades terão que ser feitos do zero ou a partir de itens que estejam sobrando.
As cutscenes variam entre a computação gráfica e o estilo anime, todas muito bem feitas, com traços bonitos, detalhados e coloridos. Os planetas são o ponto positivo no visual, cada um com suas características, tanto na fauna ou flora. Entretanto, isso fica só na aparência, pois não tem como interagir com nada. As árvores, moitas e flores são feitas de cimento, e se quiser brincar de Monster Hunter, atirando nos animais locais, só lamento, pois eles são indestrutíveis.
Estamos em uma guerra, somos perseguidos, há troca de tiros por todos os lados, precisamos explorar, procurar itens e ver a nave, tudo em alta velocidade. No meio disso, bater de frente em uma moita com flores tira a imersão da jogatina, além de atrapalhar em uma fuga ou batalha contra mercenários ou robôs.
Outra frustração é quanto ao sistema mal aproveitado de Atlas. No início do jogo, há uma luta, a destruição da Equinox, a separação da equipe, e para por aí. Não há muito mais do que isso, no máximo, algumas cutscenes, pouquíssimas lutas e viagens entre os planetas. É triste, porque aparentemente temos uma galáxia bonita, com meteoros que podem atrapalhar nosso caminho, mas com a viagem rápida, toda essa imensidão azul passa despercebida.
Muitos estavam comparando Starlink com No Man’s Sky, no bom e no mal sentido, mas acredito que o game lembra muito Steep, também da Ubisoft. Ambos são muito bonitos e legais no começo, mas logo se tornam massantes e enjoativos.
Como a campanha é, teoricamente, curta, se ignorar as missões opcionais, talvez esse sentimento não exista para todos. Mas àqueles que buscam platinas, há bastante incômodo, pois os objetivos principais variam pouco entre explorar um local, colher um item, destruir um ninho de inimigos e matar um boss.
No caso de Starlink, mesmo tendo brinquedinhos para colocar no controle, nos perguntamos se isso é o suficiente para transformar o “jogo de navinha” em algo único, como era a intenção da Ubisoft. Talvez quem tenha um Switch possa se animar mais com a possibilidade de jogar com Fox McCloud, de Star Fox, mas quanto tempo essa empolgação irá durar?
Starlink: Battle for Atlas diverte, mas por tempo limitado. A falta de variedade de missões, os cenários de plástico e a campanha, relativamente curta, poderão fazer com que o game seja a primeira opção para excluir caso seja preciso liberar espaço no HD do console.
O game foi testado no PlayStation 4, em cópia cedida pela Ubisoft.