Talvez a maior prova de que a Capcom acertou ao fazer de Street Fighter V um jogo totalmente focado em comunidade é o modo como os jogadores receberam o game. Basta ver a quantidade de campeonatos que surgiram já na semana de lançamento do game. Isso é ótimo, pois mostra que essa mesma comunidade não está localizada apenas em São Paulo, como algumas empresas gostam de pensar, mas em todo o país. É claro que a cidade ainda concentra boa parte dos jogadores, mas os demais estados compensam isso ao mostrar uma organização igualmente apaixonada.

Exemplo disso aconteceu em Curitiba, onde o evento de lançamento do novo Street Fighter foi quase que inteiramente preparado pelos fãs. Encabeçada pela ICE, uma empresa formada por jogadores para fomentar o cenário local, as boas-vindas ao game da Capcom reuniu quase 200 pessoas, seja para participar do campeonato realizado no local, desafiar o melhor jogador de Street Fighter do Brasil, Keoma Pacheco, ou apenas dar uma olhada em como o game ficou. E isso inclui gente que nem tem familiaridade com jogos, como uma família que foi apenas para conhecer o brasileiro que brilhou na última Capcom Cup.

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Campeonato deveria ter apenas 16 competidores, mas demanda fez a organização dobrar o número de vagas

Para Pacheco, eventos assim são muito importantes pois mostram ao público que existe algo depois de Street Fighter II e, com isso, desperta a sua curiosidade para também conferir aquilo. E, como apontamos em nossa análise, o game favorece muito a entrada desses novos jogadores ao simplificar suas mecânicas. “Street Fighter IV tinha muitas coisas que dependiam da técnica do jogador e que, a partir de um ponto, afastava quem queria começar. E SFV muda isso. Agora é a estratégia sobre a força bruta. Ele beneficia o jogador que pensa mais”, explica.

SFV para profissionais

E essas mudanças não foram poucas. Keoma conta que, embora tenha começado a jogar Street Fighter de verdade apenas com o quarto game da série, se adaptou tanto às novidades que chegou a se esquecer de como era SFIV. Com apenas uma semana de contato com o novo game, ele disse ter tentado voltar ao título que o apresentou ao mundo das competições e que achou tudo aquilo muito estranho. “Street Fighter V é quase como um SF III redesenhado, principalmente na movimentação”.

Jogando atualmente de Karin, Keoma mostrou aos curitibanos o porquê de ter chamado a atenção de toda a comunidade internacional com suas habilidades. Muitos tentaram, mas ninguém conseguiu derrubá-lo. Diante disso, não é difícil imaginar como ele conseguiu alcançar rank Silver dentro do game com apenas um dia de partidas online.

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Embora não tenha participado do torneio, Keoma foi desafiado várias vezes

Porém, isso não quer dizer que ele não tenha encontrado desafios — e até tem uma personagem para tirar seu sono. “Laura é, sem dúvidas, a mais complicada. Ela tem um ou dois macetes que te obrigam a ter uma leitura do jogo que chamamos de 50/50: ou você sai dos seus ataques ou vai ser pego de novo. E já tem gente dominando isso”, conta. Ainda assim, ele não acha que isso é algo que precise ser revisto. “O jogo está totalmente balanceado. Até agora, não encontrei nenhum problema de equilíbrio”.

Holofotes pós-Capcom Cup

Como não poderia deixar de ser, o bom desempenho na Capcom Cup, quando ficou entre os oito melhores jogadores de Street Fighter IV de todo o mundo, trouxeram os holofotes do cenário internacional de fighting games para o Brasil — além de abrir muitas portas. Keoma conta que não esperava toda a repercussão sobre o torneio e que ficou surpreso com as proporções que tudo isso tomou. Porém, ele logo percebeu as oportunidades que viriam daí.

Lançamento Street Fighter V

Keoma foi o centro das atenções — até mesmo entre quem não joga

“Se eu não conseguisse um patrocínio depois disso, aí eu teria certeza de que nunca iria ter um”, brinca o jogador. E ele não teve com o que se preocupar em relação a isso. Tanto que, ao voltar para o Brasil para tentar retomar sua vida normal, ele logo percebeu que o resultado havia o transformado em uma celebridade entre os jogadores, o que fez com que sua caixa de mensagens ficasse lotada. “Era tanta coisa que eu perdi algumas propostas de contrato em meio ao flood”, conta. Pelo menos, o contato com o Team Innova não passou despercebido e hoje ele conta este patrocínio que o permite treinar de verdade com Street Fighter V.”Um jogador nacional ter essa visibilidade dá uma força enorme para o cenário. Por aqui, ainda falta oportunidade para que o pessoal possa se dedicar”.

Já em relação ao seu desempenho no novo jogo, Keoma diz que ainda é cedo para falar. Mesmo com sua rápida evolução no ranking online, ele diz que é preciso de mais tempo antes de qualquer avaliação. “Toda a base mudou, então é preciso aprender com a comunidade. Todo mundo vai evoluir junto”, diz. “Por isso o online é fundamental, pois vai melhorar o nível dos jogadores como um todo. Só aí vai ser possível avaliar a competitividade de todos”.

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