A história da saga Tekken pode ser considerada atípica por muitos fatores, mas os principais são: ganância de poder familiar, crossover canônico e uma grande fixação por arremessar parentes de penhascos. Já sabendo da altura em que a história se encontra atualmente, e com o sétimo título prometendo ser a finalização da saga Família Mishima, vamos retomar desde o início, quando Kazuya era apenas um moleque arrogante querendo vencer o pai na porrada e o jogo era o rival direto de Virtua Fighter, uma cópia que superava o original e se tornaria uma das grandes franquias de jogos de luta.
Tekken – Torneio Rei do Punho de Ferro
Heihachi Mishima é o karateka com cabelo do palhaço Bozo e bigode que lidera o conglomerado de empresas familiares chamado Mishima Zaibatsu, que está sempre testando suas habilidades nos torneios que ele mesmo idealiza. Desta vez, seu filho, Kazuya Mishima, é colocado à prova para mostrar seu valor como possível sucessor de toda a grana e poder que a família possui, além do mesmo estilo de Karatê.
Certamente, aparecem outros desafiantes, já que o torneio é aberto a todos e surgem os personagens clássicos que retornariam em quase todos os jogos da saga. Mas é na jogabilidade que devemos prestar atenção, visto que, de tão sólida e eficiente, manteve-se quase intacta desde 1994, principalmente na organização de botões divididos por lados. Temos os socos esquerdo e direito, assim como os chutes, em vez de divisão por intensidade.
No fim do torneio, Kazuya derrota seu pai e o joga do penhasco. Todos considerariam Heihachi Mishima morto pela primeira vez.
Tekken 2 – A bela e a fera
O segundo torneio retorna com muito mais desafiantes e a inversão de papéis, onde Kazuya se torna o chefão final e pretende apenas provar seu poderio para quem quiser desafiá-lo. Mas ele não desconfiaria que seu ponto fraco estava entre os participantes: Jun Kazama, herdeira do estilo Kazama, entra no torneio e consegue acalmar o demônio com sua doçura angelical.
É neste episódio que o Gene Demoníaco (Devil Gene) entra na história pela primeira vez, mas nem com asas e raio na testa, Kazuya evita que Heihachi seja o novo campeão e o arremesse inconsciente dentro de um vulcão, para que nunca mais voltasse. O que Heihachi não sabia é que Jun Kazama já estava grávida de Kazuya e que essa criança seria um grande problema no futuro. O jogo não tem muitas inovações no gameplay, mas os gráficos e cenários ficaram muito melhores e a versão para PlayStation fez muito sucesso na época, principalmente com as CGIs dos finais.
Tekken 3 – O herdeiro do ódio
Passaram-se anos e ninguém mais ouviu falar nem do herdeiro do Mishima Zaibatsu desaparecido nem da quase nora Jun Kazama. Enquanto isso, um novo mal aparecia na terra: um guerreiro ancestral chamado Ogre, que despertou após milênios e quer provar sua força dentro do torneio Tekken, liderado pelo semi-idoso Heihachi Mishima, que adotou um novo parceiro de lutas, um urso com o criativo nome de… Kuma.
Além de tantos personagens icônicos como o capoeirista brasileiro Eddy Gordo, a chinesinha Li Xiaoyu (nome que quase ninguém consegue falar), com seu panda de estimação, e a entidade protetora Mokujin, o torneio pega fogo com o filho de Kazuya, Jin Kazama, adentrando o ringue como sucessor do pai e com o mesmo estilo de luta. O jovem que perdeu a mãe pelas mãos de Ogre acaba encontrando seu avô, que também tinha matado seu pai, então era melhor se vingar de todo mundo de uma vez.
Mas não seria fácil, pois seu rival, Hwoarang (agora sim é fácil de falar!), quer uma desforra. Misturando o estilo Kazama e Mishima de Karate, Jin consegue vingar-se de Ogre, mas Heihachi tenta matá-lo e é aí que o Devil Gene desperta instintivamente no jovem e o salva, fazendo-o fugir. Tekken 3 foi a porta de entrada para muitos fãs da série (inclusive este que vos escreve), com gráficos maravilhosos, trilha sonora estupenda, combos mais sofisticados e com os devastadores golpes indefensáveis mais fáceis de serem usados num contra e o clássico combo de 10 Hits.
Para a versão PlayStation, tivemos como adicionais o cansado Dr. Bosconovitch e True Ogre jogáveis, além do secreto dinossauro Gon, personagem de um mangá narrativo muito bom, já lançado no Brasil.
Tekken Tag Tournament – O Dream Match
Primeiro jogo não canônico da franquia, reúne todos os personagens desde o começo da saga em um sistema de combate em duplas, começado por Savage Reign: Kizuna Encounter, mas popularizado por X-Men vs Street Fighter. Fez bastante sucesso por usar a mesma mecânica de Tekken 3 e trouxe muita gente do passado, como a ninja Kunimitsu, o Yokozuna Ganryu, Devil e Angel.
Era possível reunir a família em duplas como pai e filho, mãe e filho, avô e neto, Jack e Gunjack e o sistema de troca durante a luta deixava o combate muito intenso, pois bastava acabar com a energia de um dos adversários para ambos perderem o round. Apesar de não ter história, a chefe final é uma mulher sinistra com um espírito de lobo atrás dela, que repete seus movimentos e recupera a energia rapidamente. Mais tarde, foi revelado que ela era Jun Kazama.
Tekken 4 – A ambição do pai é a ambição do neto
Anos se passaram e uma empresa chamada G Corporation começou a fazer pesquisas genéticas e teve um crescimento vertiginoso em pouco tempo. Isso desperta a atenção do presidente do Mishima Zaibatsu, que envia sua tropa de elite invadir os laboratórios da empresa. Lá, encontram um Kazuya Mishima não só renascido, mas com a parte demoníaca semi-desperta e mandando um recado para seu pai, de que haverá disputa pelo poder.
Nesse mesmo momento, Jin Kazama retorna ao torneio e decide tomar para si o Mishima Zaibatsu. Pela primeira vez, as três gerações se enfrentariam cara a cara em um Tekken. Neste torneio, sai Eddy Gordo e entra Christie Monteiro, que está procurando por seu amigo a mando do mestre hospitalizado, o brutamontes do Vale-Tudo Craig “I’ll break your face” Marduk. Temos o retorno de Lee Chaolan disfarçado de Violet e outro “produto” da G Corporation, o boxeador e filho da Nina Willians, Steve Fox.
Neste torneio, Jin Kazama aparece de capuz e calça, pra não chamar muita atenção e com um estilo de combate totalmente original, para diferenciar do gameplay de Kazuya. Além dos gráficos magníficos, CGIs épicas e trilha sonora embasbacante, os cenários haviam se tornado fechados, com paredes e obstáculos mudando drasticamente a estratégia e gerando indignação de muitos jogadores, pois os combos de 100% de dano ficaram recorrentes. Outra novidade foi a elevação dos tipos de pisos, que por não mudar tanto assim no combate, foi logo abandonado nas versões posteriores.
Ao fim deste torneio, Jin derrota Kazuya no templo Honmaru e Heihachi encurrala Jin, que usa o Devil Gene. Mas, desta vez, ele derrota seu avô. Jin foge voando e deixa o velho encurralado para o próximo passo da G Corporation, em seus planos de usar Devil Jin para dominarem o Mishima Zaibatsu.
Tekken 5 – Heihachi Mishima is dead
Enquanto estava se recuperando da surra que havia sofrido no Templo de Honmaru, uma infinidade de Jacks atacam e soterram Heihachi, deixando-o imóvel. Kazuya deixa seu pai pra trás para morrer e os Jacks explodem. Enquanto o templo vai pelos ares, uma testemunha presenciava a cena e relata à sua organização que “Heihachi Mishima estava morto” (pela segunda vez na franquia) e que os planos da G Corporation estavam indo como o planejado. Até que é anunciado o 5º Torneio do Punho de Ferro, para a surpresa de todos, e o organizador é ninguém menos que Jinpachi Mishima, o primeiro líder do Mishima Zaibatsu e pai de Heihachi, que deveria estar morto após ter sido derrotado por seu filho traidor.
É nesta versão que o conceito de modelagem dos personagens, cenários e sistema de jogo ficaria consolidado até os dias atuais, com arenas que variam de “sem-canto” para “com-canto”, possibilitando apenas uma quicada na parede por vez e os “combos-arrastão”, que permitem a continuação de ataques de acordo com a reação do oponente acertado. Como se já não fossem muitos, cada personagem ganhou golpes novos e agarrões em diversos ângulos diferentes, e até caídos no chão, principalmente os Grapplers (agarradores).
A maior surpresa entre os personagens novos é Asuka Kazama, a sucessora de Jun Kazama ,com alguns extras e o retorno de muitos clássicos do Tekken 2. Muita gente começou a gostar da franquia neste episódio, e muitas outras empresas começaram a requisitar personagens da série para crossovers. Tanto sucesso garantiu uma atualização, a primeira de toda saga, e com o subtítulo Dark Ressurrection, que marca a estreia de Lili e Dragunov.
A expansão não fala somente de Jinpachi Mishima, último chefe com o Devil Gene plenamente desperto, mas do próprio Devil Jin, que vira personagem jogável em busca de mais poder, objetivando se tornar o novo líder do Mishima Zaibatsu, o que consegue em detrimento do pai e avô. O que ninguém esperava é o que o jovem pretendia alcançando a presidência de uma das empresas mais poderosas do mundo.
Tekken 6 – Sinta a ira de Deus
Chegando ao topo do poder dentro do Mishima Zaibatsu, Jin Kazama decide atacar o mundo com suas tropas para espalhar a influência do conglomerado a nível mundial. Isso começa a causar muitas vítimas, trazendo toda a raiva dos sobreviventes para ele, além dos justiceiros e os ambiciosos que querem reaver seu posto. Nesta tensão toda, temos Kazuya tomando o poder na G Corporation e usando seus guerreiros para combaterem contra o exército de seu filho único.
Neste cenário caótico, Jin Kazama anuncia o 6º torneio e provoca os seus desafetos a combaterem até chegarem nele como falso chefe final, que, na verdade, é o pássaro místico de cristal com apetrechos de faraó e nome de anjo, Azazel. Como de praxe, o jogo está sempre no limite da perfeição, utilizando o máximo de recursos do video game em que aterrissa, trazendo mais personagens novos, cenários magníficos e um gameplay divertido mas tradicional.
O torneio termina com Kazuya saindo do templo egípcio com o derrotado Devil Jin e mostrando ao Tekken Force que ele agora é o novo líder do Mishima Zaibatsu, que entende de imediato. Mas existem integrantes desgostosos com essa situação, é o caso de Eddy Gordo e Lars, que não aceitarão numa boa. Tekken 6 alcançou popularidade maior que seu antecessor e chegou a quase todos os consoles da época na versão atualizada, chamada Bloodline Rebellion, que incluiu até o portátil PSP.
Tekken Tag Tornament 2 – O segundo Dream Match
Assim como na primeira vez, o sistema de duplas foi mantido e muitos personagens antigos retornam. O grande destaque é Jaycee, a versão Wrestler de Julia Chang, e outros extras como o jovem Heihachi, a versão magra de Bob e até o mordomo da Lili. É possível também jogar com Jinpachi na versão humana.
Sendo praticamente uma versão gráfica atualizada do primeiro Tag Tournament, o game trouxe poucas novidades, como o ataque em dupla e a mudança de cenários. Mas, como sempre, a cereja do bolo é fazer as duplas mais inusitadas. A chefa final continua sendo a pobre versão encapetada de Jun Kazama, Unknown.
Tekken Revolution – O laboratório
A versão mais esquisita de Tekken, uma versão somente digital e temporária que serviu de cobaia para testar novos recursos para o futuro novo jogo (sem que soubéssemos na época), mas com tantas esquisitices que ninguém estranhou a estreante Eliza, uma vampira sonolenta que tem magias e recupera energia, e às vezes dorme no meio da luta. De longe a versão mais desbalanceada da série e indo além do padrão de estilo realista de combate, com um dash exagerado, acertos grandes demais e personagens desequilibrados. Seus servidores foram desligados em março de 2017.
Tekken 7 – A promessa de Akuma
O atual episódio da saga já foi lançado faz um bom tempo nos arcades, mas depois do anúncio da adaptação para consoles, com o subtítulo de Fated Retribution, o hype atingiu níveis estratosféricos, principalmente com a introdução de Akuma (Gouki, no original) não só como como convidado especial, mas também sendo parte essencial da trama!
Enquanto o mundo ainda não estava pacificado e as hostilidades após o massivo ataque do Mishima Zaibatsu ainda não haviam cessado, Kazuya e Heihachi marcaram um duelo na mesma região vulcânica que fazia parte do passado do pai e filho. Ele quer se vingar do velho por ter matado sua mãe. Enquanto isso, organizações mundiais acionam esquadrões especiais para combaterem a ameaça, e é nesta situação que o mais tenso dos Torneios começa, prometendo responder todos os segredos ainda não revelados, e, claro, responder às perguntas geradas pela aparição do convidado. Akuma afirma estar cumprindo uma promessa feita para a ex-esposa do vilão, Kazumi, que havia sido dada como morta, mas volta como chefe final e manifesta seu Devil Gene, além de ter um Shikigami em forma de tigre.
Em questão de gameplay, as mudanças foram tremendas, como a adição dos Rage Arts, o Super Combo de cada personagem, e o Rage Drive, ataque poderoso imbatível de que manda o adversário longe, ambas gastando a barra vermelha piscante e com recursos de cenário dos antecessores. Uma adição divertida foi a dramaticidade colocada em certas situações, como quando os golpes se chocam ou ambos os lutadores com baixa energia atacam e uma câmera lenta deixa a cena tensa pelo desfecho incerto.
Get ready for the next battle!
O lançamento de Tekken 7 acontece em 2 de junho e já temos torneios sendo agendados ao redor do globo, com muitos fãs esperando ansiosamente para experimentarem plenamente todo o potencial que este grande título promete. Quem sabe depois não vem o esperado Tekken VS Street Fighter? Um dos personagens do lado Capcom já está pronto…