Trials of the Blood Dragon

por Fernando Scaff Moura

Murica na 4ª Guerra do Vietnã

Trials of the Blood Dragon é, sem dúvida, o mais inovador jogo da série. Nele encontramos uma conexão clara com Far Cry 3: Blood Dragon, também da Ubisoft, como uma forma de trazer a história de combate e guerra para um jogo de moto com pistas alucinantes. Isso é feito da forma mais louca possível, com bom humor e motivação para o game.

Jogamos com o casal de filhos do protagonista do original, Rex Colt,  na Quarta Guerra contra o Vietnã, onde monstros gigantes criados com o Sangue de Dragões estão sendo testados como armas. Cabe aos irmãos pegarem suas motinhas e armas para resolverem essa treta toda, afinal, o grande herói está morto! (Depois mais coisas se revelam na história, e mais complexa ela fica, mas é divertido ainda assim).

Essa história louca, com opção de legendas em português, dá uma linearidade para o game. Mesmo jogadores como eu, que não curtem tanto títulos de browser repaginados para parecerem Triple-A, dei meu braço a torcer. A enredo diz que se está no futuro, mas é repleto de propagandas feitas como se fosse nos anos 80, criando um ar muito divertido, enquanto a quantidade de pequenos mistérios e enigmas que se apresentam ao longo da partida ajudam você a querer continuar.

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No jogo, você tem as pistas absurdas, manobras intensas, rampas, loops e até a possibilidade de pilotar a moto sobre um míssil, tendo que se jogar no ar de um torpedopara outro. Uma das coisas mais doidas que eu já vi. Contudo, uma das grandes inovações é que, em momentos chaves, você é tirado do veículo para seguir em um estilo plataforma 2.5D, e isso é bem legal. Os controles e a forma de se jogar, aqui, são bem estranhos, com comandos meio chatos de se acostumar e alguns pulos simples bem difíceis de se fazer. Mesmo assim, é uma boa forma de acrescentar novidade ao game.

A quantidade de fases é imensa, todas no melhor estilo neon vintage higthtech. Uma mais difícil que a outra e seguindo uma história completamente insana e cheia de referências.

Existem muitos pequenos recursos aqui, vindos dos jogos mobile, mas usados de maneira a tornar o jogo mais divertido e com aquele gosto de quero mais. Uma delas é a Fera Interior, um bichinho que você escolhe no começo e que evolui dependendo de quantos pontos você faz. São três opções, ao melhor estilo Pokémon. Eu, que sou um prego jogando, acabei só conseguindo chegar no level 2, mas, sem dúvida, esse é um bom modo de fazer o jogador querer voltas às fases e fazer mais pontos.

Além disso, estão inclusas muitas referências legais, principalmente a Hotline Miami, um excelente jogo indie que parece viver no coração da galera que criou esse Trials. Existem algumas fases que se passam na cidade americana, onde tudo lembra muito o game, até o letreiro do título do estagio é parecido. Não falta quase nada – tem máscaras de tigre e zebra, circulo cortado por 3 traços, elevadores, tiroteio, sangue, alucinações e tudo.

Cito Hotline Miami por ter sido a referência que me pegou de surpresa, e direto no coração indie que tenho, mas muitas outras vão fazer qualquer um delirar, como Indiana Jones, Space Invaders, entre outras.

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A quantidade de fases é imensa, todas com cores rosas brilhantes, no melhor estilo neon vintage higthtech. Uma mais difícil que a outra e seguindo uma história completamente insana, que vai desde pegar o Santo Graal até impedir uma invasão alienígena.

Trials of the Blood Dragon é, sem dúvida, o mais inovador jogo da série, e em momentos chaves, você é tirado do veículo para seguir no estilo plataforma 2.5D.

Porém, nem tudo são flores no mundo colorido das motocicletas enfurecidas. O jogo possui alguns gatilhos de ações e animações que ficam parados quando você demora para chegar neles. Talvez os desenvolvedores esperassem que todos os jogadores tivessem coordenação motora mediana para passar sem cair o tempo todo, mas não contavam com um cara como eu, que não conseguia andar pra frente sem ter que recomeçar.

Chegou um momento em que, quando finalmente consegui passar de uma rampa, encontrei o monstro parado, respirandinho, do lado do trajeto e, assim que passei, ele começou a bater em tudo e destruir o cenário. Logo antes do outro save point acabei caindo de novo e, voltando para a pista, lá estava a criatura, paradinha novamente. Isso acabou um pouco com a ilusão de perigo e urgência que o jogo apresenta, no entanto, não deixou o jogo mais fácil.

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Assim, temos um jogo inovador e divertido. Quem já gostava da série encontrará tudo que sempre curtiu e mais um pouco. Para os outros que, como eu, prefeririam abrir um site tradicional de games online e jogar de graça uma centena de propostas parecidas e tão divertidas quanto, se prepare para se surpreender.

O jogo possui alguns gatilhos de ações e animações problemáticos, além de controles meio chatos de se acostumar e uma jogabilidade estranha, principalmente nos momentos de plataforma.

A história apresenta fases que são absurdamente criativas e desafiadoras. Existe um arpão que se usa para balançar a moto em determinadas áreas. Andar e atirar para diversos lados, enquanto a moto voa no ar, tendo o jogador que mirar e alinhar a moto para não se espatifar no chão. E o jogo não é feito só de duas rodas, mas traz também veículos blindados, carrinho de controle remoto, além de, claro, os momentos em que se transforma em um platformer jump-shooter.

Não gosto muito de enredos nos quais o plot é “‘murica-Fuck-yeah contra Comunas-monstros-mutantes-do-espaço que devem ser mortos”, mas Trials of the Blood Dragon tem um clima tão descontraído que a Quarta Guerra contra o Vietnã se torna uma sátira divertida e prazerosa de se aventurar.

Trials of the Blood Dragon foi testado no PC, em cópia cedida pela Ubisoft.