Não há o que discutir, Jurassic Park é uma unanimidade, principalmente para quem está chegando na casa dos 30 anos. Eu, como tanto outros, também sonhei em ser um paleontólogo, assisti ao primeiro filme mais vezes do que consigo contar e ainda tenho que segurar as lágrimas ao ouvir um dos temas mais clássicos já criados por John Williams. E ao jogar LEGO Jurassic World, foi impossível conter o sorriso.
Essa, por sinal, é uma característica marcante de praticamente todos os games da franquia, que sempre transporta com muita qualidade os universos do cinema e dos quadrinhos para os games. Com games leves e extremamente divertidos, a TT Games e a Warner vêm divertindo crianças e adultos. Uma característica que combina muito bem com o momento atual pelo qual passa a franquia dos dinossauros.
Para muitas crianças, “Jurassic World” será a primeira vez que eles verão as magníficas criaturas no cinema, primeiro se impressionando com elas e, depois, se assustando. Para os adultos, é o momento de ver tudo aquilo de novo e trazer de volta muitas memórias do passado. O momento não poderia ser melhor, e o novo game de LEGO se encaixa perfeitamente nestes dois quesitos.
Mais do que uma adaptação, LEGO Jurassic World é uma homenagem a um tempo em que as crianças ainda sonhavam com dinossauros, e uma lembrança de uma época em que o único propósito de um jogo era divertir.
Ao contrário de alguns títulos mais recentes, como LEGO Marvel Super Heroes ou o vindouro LEGO Dimensions, a versão baseada em Jurassic World é completamente baseada em uma história já existente. Expandindo-se pelos quatro filmes da franquia, relembramos a história do sonho de John Hammond, da cobiça da InGen e do parque em pleno funcionamento 20 anos depois, tudo ao melhor estilo dos bonecos de bloquinhos. Você pode começar pelo primeiro, de 1993, ou seguir direto para a nova aventura.
Quem tem experiência com os games da franquia meio que já sabe o que esperar. Assim como nos filmes, em que cada personagem tem seu próprio estilo, personalidade e função, os protagonistas, aqui, também os tem. Para resolver enigmas ao longo das fases, é preciso contar com as habilidades específicas de cada um deles.
Ian Malcolm, por exemplo, consegue enxergar no escuro com a ajuda de seu sinalizador, além de resolver equações matemáticas. Já o paleontólogo Alan Grant é capaz de usar uma pá para escavar ossos e itens escondidos, além de montar esqueletos de dinossauros, enquanto Claire Dearing, do novo filme, tem as chaves para portas especiais devido a seu status como funcionária de alto escalão da InGen.
O game também não se preocupa em contar uma história, mas sim, em reimaginar cenas ao melhor estilo LEGO. Se você não assistiu a algum dos filmes da franquia, poderá ficar um pouco confuso se quiser entender o que acontece por meio do game, já que aqui, temos apenas um gigantesco e divertido apanhado de cenas clássicas, piadinhas de contexto e frases de efeito que marcaram as produções. Ponto positivo para a dublagem nacional, que preservou as falas exatamente como elas são nas gravações clássicas da época.
Por outro lado, os veteranos poderão encontrar um problema aqui, já que muitos dos momentos dos longas são corridos ou até deixados de lado. Algumas cenas notáveis, como a fuga dos raptores na cozinha, por exemplo, recebem um tratamento devido, enquanto outras, como o ataque do Tiranossauro nas ruas de San Diego, parecem aceleradas para que terminem logo. Além disso, é indefensável a ausência da belíssima cena entre Alan, Lex e Tim na árvore e o encontro com os Braquiossauros que inspirou até mesmo a Naughty Dog na produção de The Last of Us. Uma cutscene, mesmo que curta, não faria mal a ninguém.
Não se engane com a cara de jogo infantil de LEGO Jurassic World, pois temos aqui uma experiência bastante satisfatória. O game, claro, apresenta uma curva de aprendizado baixa e não será nada complexo para jogadores veteranos, mas ainda assim, eventualmente, o jogador se verá diante de enigmas mais complicadinhos e que darão mais trabalho para serem resolvidos.
Do começo ao fim, o título é bem fácil, mas isso nem de longe é um problema. A facilidade de acesso faz com que o usuário fique instigado a retornar às fases, já que outra característica sempre marcante da franquia retorna aqui em grande estilo – o gigantesco fator replay. LEGO Jurassic World não tem nenhum momento irritante, e para os fãs, saudosistas e colecionistas, principalmente, jogar os estágios mais de uma vez deve ser um prazer.
Como sempre, a ideia aqui é realizar missões com personagens diferentes para desbloquear itens especiais, que vão desde novos protagonistas até veículos e, claro, dinossauros, que também podem ser controlados. Os animais, ainda, podem ser misturados e transformados em novas espécies em um laboratório, também ficando à disposição dos jogadores.
LEGO Jurassic World não tem nenhum momento irritante, e para os fãs, saudosistas e colecionistas, principalmente, jogar os estágios mais de uma vez deve ser um prazer.
Como já é tradição, existem elementos escondidos nos estágios que só podem ser acessados por personagens liberados mais adiante. Por isso, não se assuste se, durante a fuga dos Velociraptors pela grama alta, você encontrar um esqueleto que só pode ser montado por Alan. Esse é o sinal de que você deve voltar aqui depois, no modo Livre, e realizar a cena novamente, mas agora, com personagens que não estavam presentes originalmente.
Com isso, a TT Games cria uma simbiose entre todos os estágios que enriquece muito o título e faz com que voltar a fases antigas não apenas seja importante, mas também algo que vamos sempre querer fazer. É difícil encontrar títulos, hoje em dia, que ainda sejam tão atrativos quando na primeira vez em que são jogados e, principalmente para os fãs, LEGO Jurassic World vai demorar muito para deixar de ser interessante.
Um outro retorno, porém, pode não agradar tanto assim aos jogadores. Como também é, infelizmente, uma tradição na franquia, o novo game apresenta eventuais bugs que podem atrapalhar a jogabilidade e obrigar o jogador a reiniciar uma fase do início. Não é muito raro ver personagens travando atrás de barreiras invisíveis ou ficando presos quando controlados pela inteligência artificial. E se você não conseguir tirá-los de lá, dê adeus ao progresso obtido até aquele momento.
LEGO Jurassic World é, sem dúvida, o melhor jogo já baseado na franquia cinematográfica e, também, uma bela adição à biblioteca de qualquer um que está procurando um game interessante e pouco pretensioso para jogar. Aqui, temos uma diversão simples e recompensadora, que vai entreter tanto se jogada por horas quanto por apenas alguns minutos.
Mas, mais do que uma adaptação, LEGO Jurassic World é uma homenagem a um tempo em que as crianças ainda sonhavam com dinossauros. E também uma lembrança corrente de uma época em que o único e derradeiro propósito de um jogo era divertir. Bem-vindos de volta ao Jurassic Park.
O game foi analisado no PlayStation 4.