Tower of Guns é um game que chega sorrateiro, e de forma bem diferente que a proposta por sua jogabilidade. A descrição de que se trata de um “shooter rogue-like em primeira pessoa” remete aos indies com o nariz mais em alta do que a própria qualidade, e pode acabar afastando muita gente. Não ajuda, também, a “cara” de Borderlands e o aspecto de uma cópia deslavada do sucesso da Gearbox. Quem consegue enxergar além de tudo isso, porém, encontra uma experiência sinceramente divertida, que não remete a nada do que parece e se foca no aspecto mais básico de todo o game, que é entreter.
Imagine uma mistura bizarra de Quake, Contra, Sunset Riders e o já citado Borderlands. Essa forma meio esquisita de se falar é uma boa definição para a obra da Terrible Posture Games. Com ares de game antigo, a ideia é, como no passado, entregar uma diversão que é, ao mesmo tempo, descompromissada e extremamente viciante. A diferença é que esses aspectos, no título, vão depender completamente da forma com a qual cada jogador vai abordar o game.
Imagine por um momento que você é um rato saindo de férias. Você está prestes a fazer sua tão sonhada viagem para fora do país, mas precisa atualizar sua carteira de motorista no DETRAN. O lugar, como no mundo real, dificulta sua vida nesse processo, mas em Tower of Guns, faz uso de bombas, torpedos, lançadores de serras e robôs explosivos para fazer isso.
Não serão raros os momentos em que a tela será preenchida por torpedos e você se verá sem opção, a não ser encarar tudo aquilo no peito.
Ou, então, coloque-se no lugar daquele seu amigo que está sempre bêbado e muito louco. A caminho de uma festa na sua casa, ele acaba errando a rua e entra na “Torre da Morte”, uma atração que fica ali na esquina e coloca quem entra lá para brincar de uma versão muito mais sangrenta das Olímpiadas do Faustão.
Esses são alguns exemplos do enredo inexistente de Tower of Guns, criado de forma criativa apenas para adicionar ainda mais aleatoriedade aos cenários randômicos. Uma rodada sempre é diferente da outra, mesmo que você escolha as mesmas armas e itens para seguir em frente. Aqui, nenhuma estratégia é 100% segura e a combinação de equipamentos pode ser a diferença entre seguir em frente até o final ou morrer logo nos primeiros minutos.
Na medida em que o jogador vai enfrentando os inimigos, vai obtendo itens que tem funcionalidades variadas. Alguns melhoram a categoria da arma que está em sua mão, enquanto outros dão vantagens adicionais que podem, também, representar a vida ou a morte do jogador. Mas a grande questão é que você nunca vai saber o que está adiante, por isso, deve confiar apenas no próprio instinto e naquilo que aprendeu nas rodadas anteriores para, pelo menos, prever o que vem a seguir.
Por outro lado, esse é também um aspecto que pode acabar afastando alguns logo no início da jogatina, quando os usuários estão caminhando em território desconhecido. Se a primeira impressão é a que fica, a de Tower of Guns não é muito boa, já que o título simplesmente te joga em meio à ação, sem explicar como tudo funciona nem o que representa tudo aquilo que está na tela.
E, realmente, no começo, o título é uma experiência que não parece nada interessante. Com armas fracas e um total desconhecimento sobre tudo, o jogador acaba se transformando alvo fácil dos oponentes, principalmente caso dê o azar rotineiro de cair em uma fase insana, com balas e explosões acontecendo por todos os lados.
Aqui, temos uma experiência que melhora a cada rodada, como a vida. Ela não faz sentido, mas a cada queda, vamos encontrando um sentido em meio à aleatoriedade e começamos a perseverar, até sermos surpreendidos novamente. Se cair, levantar e seguir em frente é o seu estilo, é dessa maneira, também, que você vai encontrar a joia escondida em Tower of Guns.
Você já parou para pensar como é a visão dos personagens de Contra, por exemplo, quando observam as balas vindo lentamente em sua direção? É esse tipo de experiência que o game da Terrible Posture entrega, incluindo os pulos que desafiam as leis da gravidade e a resistência extrema dos protegonistas, capazes de resistir a grandes explosões ou quedas.
Não serão raros os momentos em que a tela será preenchida por torpedos e inimigos, e você se verá sem opção a não ser encarar tudo aquilo no peito. Tower of Guns não demora para mostrar suas armas e, caso você seja sortudo – ou azarado – encontrará logo de começo fases feitas especialmente para te massacrar.
Tower of Guns pode até não ser o título que vai ficar guardado para sempre em sua memória, mas com certeza, é uma brincadeira descompromissada que vai fazer com que você sacrifique alguns minutos de sono por “mais uma jogadinha”.
Aqui, porém, fica uma nota negativa relacionada à performance gráfica do game. Mesmo nas máquinas mais potentes, como os PCs tunados da raça mestre ou os consoles de nova geração, o game não passa sem suas quedas de frame rate, principalmente nos momentos de maior ação. Tais acontecimentos podem acabar entrando no caminho da jogabilidade, mas acontecem quando o game perde o controle. Isso não acontece com frequência, mas quando rola, pode acabar irritando, pois significa que o ambiente está cheio de objetos e a agilidade é essencial para seguir em frente.
A própria desenvolvedora define Tower of Guns como uma “lunch-break experience”, um título que, apesar de estar nos PCs e consoles, é focado na jogatina rápida e pode ser finalizado em algumas horas. Faltam modos variados de jogo, claro, e a aleatoriedade mostra seus limites quando se enfrenta mais de meia dúzia de partidas.
Como os games do passado, este também aposta no cerne de toda a experiência com jogos, que é divertir. Tower of Guns pode até não ser o título que vai ficar guardado para sempre em sua memória, mas com certeza, é uma brincadeira descompromissada que vai fazer com que você sacrifique alguns minutos de sono por “mais uma jogadinha”, caso você vá além de sua premissa básica.
O jogo foi analisado no PlayStation 4.