Uma Aventura LEGO 2: Videogame

por Ana Cruz

Era para ser, mas não foi

Quando falamos em um jogo de LEGO, já lembramos de história, dos puzzles, alegria e os blocos coloridos. Quem assistiu ao filme “Uma Aventura LEGO”, inclusive, provavelmente se empolgou com uma sequência, tanto no cinema quanto nos games. No segundo caso, muito foi falado sobre uma evolução na jogabilidade, mas nesse caso, acabaram esquecendo do quesito mais simples: a diversão, principalmente se formos comparar com os antecessores.

As melhorias prometidas foram cumpridas, como no modo de construção, a quantidade absurda de personagens e itens para a customização deles. O sistema de combate ficou mais variado, mas nada muito distante dos outros games, tanto para lutar como para atirar. Em relação aos gráficos, o título tem selo LEGO de qualidade e a ambientação não é só bonita, mas quem gosta de cinema, vai notar referências a “Mad Max” e “Jurassic Park”, além brincar no Velho Oeste e no mundo maluco das músicas, por exemplo.

As relíquias e moedas coletadas conforme o jogador avança na campanha permitem a compra e personalização de seus bonequinhos ou desbloqueia novas roupas, estilos, personagens, veículos, armas, armaduras, perucas e até casas. Para avançar na campanha, você precisa juntar as peças mestras, permitindo abrir um portal para explorar outros planetas e sistemas; quanto mais pegar, mais locais você desbloqueará.

É triste pensar que um jogo dessa série pode deixar o jogador entediado. Tudo ficou sem graça, sem a magia LEGO e a diversão que sempre foi uma marca registrada.

Já a história se passa cinco anos após Bricksburg ser ataca por alienígenas; o estrago é tanto que a cidade acaba virando Apocalipsópolis. Apesar do clima de devastação, o povo vivia feliz até o General Caos Legal aparecer e sequestrar os amigos de Lucy e Emmet, que partem em uma jornada pelos planetas para resgatá-los.

O enredo da campanha é apressado e muitas vezes dá a impressão de que a história precisa acabar logo. Provavelmente, você vai zerar sem se importar com o que acontece aos heróis e vilões. Sabemos que o gameplay de qualquer jogo da LEGO não é tão longo, mas nesse, se a jogatina durar cinco horas, é muito. O mais triste é que, como não há diferença no personagem com o qual se avança no jogo, com essa diferenciação aparecendo somente em algumas conversas, não dá tempo de pegar simpatia por alguém, deixando a jogatina ainda mais apática.

LEGO Adventure 2

Apesar de Priscila Amorim, dubladora de Lucy, dar vida à narrativa, a dublagens dos outros personagens, incluindo Emmet e Batman, são apenas resmungos. Acredito que isso se deve ao elenco que faz as vozes originais no longa-metragem, mas não está presentes nos jogos. Pode parecer frescura, mas na comparação com os games mais recentes, sempre houve uma dublagem de qualidade, tanto no inglês quanto no português. As vozes davam vida para o game e a história ficava mais interessante, deixando o jogador com curiosidade sobre o que vai acontecer a seguir.

O enredo da campanha é apressado e dá a impressão de que a história precisava acabar logo. Provavelmente, você vai zerar sem se importar com o que acontece.

Mesmo sabendo que o jogo é voltado a um público mais jovem, podemos dizer até infantil, os puzzles são decepcionantes de fáceis, podendo ofender a capacidade de raciocínio dos jogadores. O desafio fica por conta de alguns bosses, mas não espere muita coisa. Sabemos que LEGO não é um Dark Souls da vida, mas os enigmas, que são a alma da franquia, não são desafiadores e nem divertidos de se executar.

Outro problema são os loadings muito longos, não só para começar o game, mas também na ida de um planeta para o outro. Além disso, há de se tomar certo cuidado com as cores do portal, que podem causar dores de cabeça em algumas pessoas.Em alguns momentos, a sensação é de estar assistindo o velho episódio proibido de Pokémon.

É triste pensar que um jogo dessa série pode deixar o jogador entediado. O carisma dos personagens é tão raso que nem a presença da Liga da Justiça salva, porque estão ali de graça. O Batman, que tinha mais relevância no primeiro filme, fica quase irrelevante. Tudo ficou sem graça, sem a magia LEGO e a diversão que sempre foi uma marca registrada da empresa.

O game foi analisado no PS4, em cópia cedida pela Warner Games Brasil.