É uma história que já conhecemos. A desenvolvedora pequena, com um game despretensioso e criado para fazer piada com os simuladores de fazenda, trem e caminhão, que se levam a sério demais e também são encarados da mesma maneira por seus usuários. O título indie que vendeu milhões e se tornou um grande sucesso. É a saga do underdog, que surgiu do nada para o topo. A diferença aqui é que a zebra em questão é um bode de Satanás, que escrotiza a vida das pessoas enquanto anda por aí com a língua de fora.
Depois de um passeio bem-sucedido nos PCs e uma versão mais ou menos no iOS e Android, Goat Simulator chega agora ao PS3 e PlayStation 4. A versão é a mesma que já está disponível para Xbox One e Xbox 360 desde abril. A única exclusividade da versão para os consoles da Sony é a opção GoatVR, que simula uma visão de óculos de realidade virtual, mas sem o aparato nem o efeito desejado, a não ser que ele seja ficar nauseado.
Essa ausência de novidades é, ao mesmo tempo, boa e ruim. Por um lado, essa será a primeira chance para muita gente colocar as mãos no game e descobrir exatamente qual é a zoeira que a galera tanto fala desde o começo do ano passado. Desenvolvido em parceria com a Double Eleven, a versão de Goat Simulator para os consoles da Sony chega por um preço mais baixo que muitos games lançados apenas por download, o que pode ser um incentivo para quem procura uma diversão despretensiosa.
Goat Simulator é propositalmente mal-feito. Por outro lado, as versões para consoles também apresentam problemas de performance que estão longe de serem intencionais.
Desafio você, que está lendo essa análise, a não ficar com a trilha sonora repetitiva e engraçada na cabeça, ou não ter sentimentos ao ver um protesto por qualquer coisa ser interrompido por um bode maluco, capaz de lançar pessoas para o alto ou transformá-las em bombas de melancia. Fazer um ritual demoníaco, viajar para a Lua ou se transformar em rei da Bodelândia também fazem parte do pacote.
Por outro lado, essa mesma paridade de versões acaba levando muitos dos jogadores veteranos a não se interessarem pela nova versão. O título da Coffee Stain Studios não é exatamente uma experiência imersiva e profunda. Muito pelo contrário, trata-se de um game raso e com objetivos simples, que vale algumas horas de sofá e não muito mais do que isso. A ausência de extras e exclusivos acaba, então, afastando quem já conhece o game.
Goat Simulator não é um título para se passar horas, e sim, jogar por pouco tempo. É um game para compartilhar com a galera, seja por meio de gameplays ao vivo ou efetivamente chamando o pessoal em casa, passando o controle e deixando que a loucura se instaure. É uma brincadeira que, como toda piada, perde a graça se contada repetidas vezes.
Goat Simulator é um game para compartilhar com a galera e deixar que a loucura se instaure.
A saga do bode maluco é essencialmente pautada pela física. Boa parte de seus desafios, se é que se pode chama-los assim, baseiam-se na destruição, seja de pessoas, veículos ou estruturas. Ou seja, é coisa voando para todos os lados sem parar, na maioria das vezes, de forma bizarra.
Não se surpreenda ao ver objetos saindo do chão em linha reta para o céu, ou perceber que a língua do bode pode se esticar por metros para carregar uma pessoa. Também não vale ficar nervoso quando o bode ficar preso em meio aos escombros, pois existe uma opção de respawn voltada exatamente para resolver isso. Goat Simulator é propositalmente mal-feito e, aqui, a zoeira permeia todas as suas camadas, desde o início do desenvolvimento até chegar às mãos do jogador.
Por outro lado, as versões para consoles também apresentam problemas de performance que estão longe de serem intencionais. São controles que nem sempre respondem, itens que, mesmo equipados não funcionam, e, mais constantemente, as quedas de frame rate. Experimente explodir o mundo ou participar de uma festa cheia de pessoas e música eletrônica para ver Goat Simulator se transformar em Slides Simulator.
E isso mesmo em um console de nova geração, como o PlayStation 4, que deveria ter potencial de sobra para rodar um game que não é nada pesado visualmente. Temos aqui um descuido dos desenvolvedores, que, claro, pode ser simplesmente resolvido com uma atualização, mas até lá, deixa suas marcas em um título que, mesmo tendo a intenção de ser bizarro, não pode deixar de funcionar.
O game foi analisado no PlayStation 4, em cópia cedida pela Double Eleven.