Assim como fez com Grid, a Codemasters tomou uma decisão um tanto quanto inusitada na hora de anunciar F1 2014. Em vez de lançar o game para a velha e nova gerações, como a maioria das empresas têm feito, a empresa preferiu esperar, investindo na já conhecida – e para muitos, batida – fórmula que vem funcionando desde 2010. O game para Xbox One e PlayStation 4 ficou para depois, enquanto a desenvolvedora aposta que as mudanças da categoria justifiquem um novo lançamento utilizando o já velho motor gráfico.
É justamente esse pensamento que passou pela cabeça durante o tempo em que joguei uma versão ainda em desenvolvimento de F1 2014, no PC. Como fã da categoria e também da Codemasters, acompanho a franquia desde o primeiro episódio. Ao experimentar a demo, fiquei feliz de ver que muito do que a tornou uma das grandes expoentes dos games de corrida continua intacto, mas com inovações e melhorias. Por outro lado, é justamente esse segundo aspecto que faz pensar se a marca já não deu o que tinha que dar e é hora de seguir em frente.
A principal novidade aqui aparece na direção. F1 2014 é o título mais suave e natural de toda a série, acabando de vez com a jogabilidade travada que era uma das principais barreiras aos novatos. Tanto no controle quanto no teclado, o controle é macio e pilotar torna-se extremamente natural.
Atrair mais e mais pessoas à franquia é justamente o motivo por trás da mudança, e ela transparece logo nos primeiros momentos. O burocrático e chato Young Driver’s Test foi substituído por uma alternativa bem mais democrática, que pede ao jogador que responda sobre sua habilidade com jogos de corrida e já o coloca para competir. É a performance após uma volta no circuito de Monza que vai decidir qual a melhor configuração de dificuldade.
Quem gosta da jogabilidade mais técnica, porém, não ficou de fora. A Fórmula 1 é uma das categorias mais complexas do automobilismo, onde cada milésimo faz toda a diferença. E quem curte pilotar da forma mais realista possível pode simplesmente desligar todas as assistências e seguir em frente, como já está acostumado nos games anteriores da franquia.
Mais do que uma atualização?
Além das mudanças na jogabilidade, F1 2014 traz como novidades todo o rol de pilotos atualizado, além dos novos carros e as regras que transformaram o esporte mais uma vez. Além disso, são três pistas inéditas – Sochi, na Rússia, Spielberg, na Áustria e o retorno da alemã Hockeinheimring – e a transformação do GP do Bahrein em uma corrida noturna.
A grande vedete da temporada é a introdução dos motores Turbo, mais rápidos, econômicos e sem o tradicional apito do qual todo mundo se lembra quando o assunto é Fórmula 1. O fim do clássico som, porém, veio acompanhado por uma maior igualdade entre as equipes, o fim da supremacia da Red Bull e corridas movimentadas como não se via já há algum tempo na modalidade.
Tudo isso está reproduzido de maneira perfeita em F1 2014. Mesmo na versão prévia, já dá para sentir a supremacia dos motores da Mercedes em relação aos outros competidores, fazendo com que a habilidade do jogador seja essencial para compensar a perda de potência, assim como nas corridas de verdade. As mudanças são sentidas perfeitamente no som e os mais fanáticos devem ficar bastante satisfeitos com o conjunto de áudio.
Mas as novidades param por aí e, para quem não acompanha a competição real, há pouco que diferencie o título de sua versão anterior. Já há alguns anos, a Codemasters mostra ter atingido o máximo de potencial que poderia extrair tanto de sua engine, a Ego, quanto do hardware dos consoles de sétima geração. A um ponto em que podemos pensar que a falta de potencial não estaria limitando a desenvolvedora.
Sendo assim, não seria melhor largar o osso e seguir em frente? Qual o motivo por trás do lançamento de mais uma versão que, apesar de ter suas novidades, se parece demais com a anterior, enquanto a Codemasters já declarou estar criando um motor gráfico do zero e um título que, agora sim, deverá levar a categoria à nova geração? Soa como uma vontade única e exclusiva de ganhar moedinhas, e se eu não conhecesse a Codemasters, diria que é exatamente o caso.
F1 2014 pode ser encarado como uma despedida da série nos aparelhos da sétima geração, e uma mostra de que a empresa ainda tem muitas ideias e versatilidade para seguir em frente como a desenvolvedora oficial da Fórmula 1. Para os fãs, com certeza, será um ótimo passatempo até o lançamento do game novo “de verdade”.