Em um ano cheio de novos lançamentos que vão desde novas versões do PlayStation 4 e Xbox One, além de headsets de realidade virtual e grandes blockbusters a cada semana, a consultoria NPD pinta um panorama negativo para o mercado de games em 2016. De acordo com a empresa, que libera mensalmente números de vendas de jogos e aparelhos, o segmento está prestes a ter sua maior queda na última década, com vendas 23% menores que as do ano passado.
Isso deve se traduzir em uma redução de US$ 4 bilhões nos gastos dos jogadores em relação ao ano passado. E mesmo com as vendas de final de ano sendo esperadas como a alavanca necessária para pelo menos um pouco de recuperação, há pouca esperança de que o mercado consiga modificar os números abaixo do esperado que vem sendo exibidos nos últimos meses.
O americano Wall Street Journal aponta a chegada dos dispositivos de realidade virtual como um dos principais motivadores do resultado abaixo do esperado. O lançamento do Oculus Rift foi citado como “devagar” pelo Facebook, que é dono da fabricante do acessório, enquanto a Sony citou que a chegada do PlayStation VR foi “satisfatória”, com os planos de fabricação sendo apenas ligeiramente incrementados, mostrando uma demanda não tão explosiva assim.
É um cenário que vai contra, por exemplo, o que lojas e a mídia apontam. Enquanto jornalistas e veículos falam em “revolução dos games” e enaltecem a tecnologia, a varejista americana Best Buy, uma das maiores dos EUA, diz que tem departamentos dedicados especificamente à realidade virtual em, pelo menos, 700 lojas do país. Lá, os possíveis compradores podem experimentar aparelhos e testar demos, conhecendo a tecnologia de perto antes de tomarem uma decisão.
Ao mesmo tempo, a GameStop, uma das principais cadeias americanas de lojas de jogos, afirma que a procura pelo PlayStation VR já está mais branda. Entretanto, nos dias e semanas posteriores ao lançamento, existiram relatos de esgotamento do produto, causado, de acordo com a empresa, pelas quantidades limitadas enviadas pela Sony às prateleiras. A ausência do headset na Black Friday, assim como a de outros produtos da mesma categoria, também frustrou muitos americanos que enxergavam, ali, uma possível oportunidade de entrar nesse mundo.
Com a força de títulos como Resident Evil 7, Final Fantasy XV e Batman: Arkham VR, a Sony acaba tendo a vantagem no setor de realidade virtual, mas ainda assim, parece estar patinando. Como isso indica, o principal fator para a compra desse tipo de equipamento acaba sendo, justamente, o preço – fruto do alto investimento que fabricantes como HTC e Oculus, além da própria empresa japonesa, fizeram na fabricação dos aparelhos.
Por outro lado, isso também indica que temos um longo caminho pela frente e muito fomento para que a tecnologia dê certo, de forma que as companhias possam recuperar seus gastos. O pontapé inicial pode não ter sido tão bom quanto muitos gostariam, mas ele, ainda assim, representa apenas o começo.