Muito já se viu e se ouviu por aqui no NGP a respeito desta aguardada e polêmica continuação de uma de nossas obras favoritas. Porém, ainda há muito a ser desvendado e debatido, afinal temos em mãos mais um novo começo para a franquia. Assim como aconteceu em 2004 com o lançamento de Resident Evil 4, que revolucionou a indústria, o gênero e também a própria série de berço na época, temos aqui um revival deste acontecimento com Resident Evil VII: Biohazard, que agrega tudo que há de melhor dentro da temática Survival Horror e a aprimora, mas sem deixar as raízes da franquia de lado – na verdade, retorna a este âmago de maneira triunfal.
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Então, que tal começarmos a semana com um artigo destrinchando todas as referências, easter eggs e conexões/ligações diretas com outros jogos? Que fique avisado: o artigo está RECHEADÍSSIMO de spoilers, não apenas de Resident Evil 7, mas também de outros games da franquia. Cuidado!!!
Conexões diretas com o universo da série
Vamos estabelecer algo antes de mais nada: referências, ligações diretas e easter eggs são abordagens diferentes. Quando tratamos de “referência”, estamos falando de mencionar algo de maneira breve, ou, ainda, fazer uma alusão a algo de forma direta ou indireta. “Ligacões diretas” por sua vez é um título autoexplicativo, pois conecta acontecimentos, personagens ou histórias dentro de um mesmo universo. Já “easter eggs”, geralmente, são conteúdos escondidos, que apenas os fãs mais ávidos se atentarão a encontrar.
“The Unveiled Abyss”, escrito por Clive R. O’Brian
Se você jogou Resident Evil: Revelations, sabe certamente quem é o autor do livro, já que o personagem nada mais era do que o diretor da B.S.A.A. durante o game. Ao final do jogo, O’Brian se aposenta, e deixa a organização para se dedicar a seus romances. E não é que ele conseguiu!?
Reportagem de Alyssa Ashcroft em um jornal
Talvez uma das surpresas mais agradáveis que este novo título da série trouxe foi a menção a um dos protagonistas de Resident Evil Outbreak, o que não apenas mostra que ela sobreviveu, continuou como jornalista e enfim, se reergueu profissionalmente após a tragédia em Raccoon City; como também respondeu de uma vez por todas quem ainda tinha dúvidas se o game era canônico ou não.
Quadro com uma fotografia das montanhas Arklay
Se você não se lembra (ou por ventura não sabe), este era o lugar onde estava localizada a mansão de Spencer no primeiro Resident Evil. Foi lá onde tudo começou. Agora… Por que os Bakers mantinham uma reprodução do local em seu hall, é onde reside a verdadeira questão.
Matéria de uma revista sobre Raccoon City
É possível apenas ler um pequeno trecho da matéria quando este item é encontrado, que diz “16 anos após o pesadelo em Raccoon City, e os sobreviventes ainda sofrem”… O que é completamente plausível, se considerarmos o momento em que Mia encontra o artigo no navio.
Menção à H.C.F. em um relatório
A H.C.F. (sigla para Hive/Host Capture Force) era a unidade privada de operações da qual Wesker fazia parte. A primeira vez que esta força-tarefa foi mencionada foi durante Resident Evil CODE: Veronica. O relatório encontrado em Resident Evil 7 menciona que a organização providenciou assistência técnica no ano de 2000 para a iniciativa que, mais tarde, daria origem à criação de um novo tipo de arma biológica, da qual Eveline faz parte.
O símbolo da Umbrella em um helicóptero
Este brasão é visto em dois momentos: primeiramente em uma foto bastante desgastada, e por fim, durante a cutscene de encerramento do jogo. Na primeira vez que vemos a insígnia desta empresa, apesar de não estar tão clara por conta da qualidade da fotografia, é possível perceber as semelhanças. Vale ressaltar que este item também pode ser encontrado na demonstração Beginning Hour, e está presente na versão final do game, mas em um local diferente.
Já na segunda aparição, fica claro que é sim um símbolo adaptado da extinta companhia farmacêutica. Mesmo que a cor esteja diferente (desta vez azul, e não mais vermelha), o nome “Umbrella Co.”gravado em sua composição não deixa dúvidas quanto ao seu retorno.
“Albert-01”
Quando o jogador chega ao final da aventura e enfrenta Eveline em sua derradeira forma; como de praxe, ocorre um momento onde o protagonista é agraciado com uma ajuda vinda literalmente dos céus: uma arma poderosa é jogada para ajuda-lo a dar cabo da gigantesca ameaça que o assola. A arma, porém, não é um lança-mísseis, mas sim uma pistola já conhecida dos fãs: a Beretta 92F “Samurai Edge”, arma de Albert Wesker quando ele ainda era o capitão dos S.T.A.R.S. Neste segmento do game, a pistola está ainda mais poderosa do que um dia já foi, e possui até mesmo o símbolo do esquadrão cravado em um dos lados.
Só para registro, a arma “Albert-01R” que o jogador ganha quando termina o game pela primeira vez, é apenas uma réplica (por isso o “R”), e é menos poderosa do que a utilizada contra Eveline nos momentos finais do título.
“Redfield”
Eis a conexão que literalmente desgraçou a cabeça de muitos fãs da série. Afinal, um dos soldados que desce do helicóptero, e que supostamente resgata Ethan e Mia, se apresenta apenas como “Redfield”. Apesar da aparência estar diferente, tudo bem até aqui, certo?
Não… Espera. O que esse “Redfield” está fazendo em um helicóptero com o símbolo da “Umbrella Co.”? Mas o que é que está acontecendo aqui?!?
Por fim, nos créditos, o nome “Chris Redfield” é listado, apesar de seu dublador ser um diferente do que estamos habituados. E agora…?
Matéria de jornal a respeito da guerra em Edonia*
Em “Daughters”, que é uma das fitas de vídeo que compõem os pacotes de conteúdo adicional por download de RE7; é possível encontrar um jornal na sala do casarão dos Bakers que menciona a atual situação da República de Edonia.
Se você não sabe ou não se lembra, a República de Edonia é um dos cenários jogáveis em Resident Evil 6 (Jake/Sherry e Chris/Piers até mesmo se encontram neste local). A nação está há décadas passando por uma revolução, e antes mesmo de a Neo Umbrella de Carla Radames se aproveitar da situação para causar um surto viral; uma guerra civil já tinha tido início por lá. A menção ao cenário na matéria de jornal apenas prova que a coisa ainda permaneceu muito feia por lá mesmo dois anos após os incidentes do game.
* Atualização em 15/02/2017, após o lançamento da DLC “Banned Footage 2”.
Referências e easter eggs
Seguindo aqui o significado do que é “referência” e do que é “easter egg”, eis uma lista de algumas alusões, brincadeiras e até mesmo conteúdos escondidos que é possível encontrar ao longo do game.
O puzzle da Shotgun quebrada
Quando Ethan ganha acesso ao hall da casa principal, logo de cara é possível avistar uma sala anexa, a qual possui em seu interior uma estátua segurando uma espingarda. Se o jogador tentar retirar a arma, e não colocar nenhum item de peso e forma semelhantes em seu lugar, ficará preso naquele quartinho para sempre… Ou ao menos até desistir e devolver a Shotgun.
No primeiro Resident Evil havia um enigma muito semelhante. A diferença é que em RE7, temos uma versão mais light do quebra-cabeças: nada de ser esmagado pelo teto, ou por paredes de espinhos; apenas ficar trancado pela eternidade se assim o desejar.
Referências a inimigos antigos
Além dos humanos-mortos-vivos comedores de carne, outros monstros que compõem o time de inimigos dos Resident Evil clássicos são animais e insetos. Eles vão desde cachorros propositalmente infectados em testes, cujo intuito era transforma-los em armas biológicas; a escorpiões que acidentalmente entraram em contato com um agente viral, e cresceram grotescamente.
Em RE7, há diversos momentos em que é inevitável não se recordar destas ameaças, no caso de você ser um fã antigo da franquia. E fica melhor: tudo é feito através de circunstâncias simples e práticas.
Um bom exemplo são as três chaves e as portas especiais da casa principal dos Bakers. Este tipo de item está presente na série desde os primórdios, mas agora, elas homenageiam inimigos clássicos, sendo estes o corvo, o escorpião e a cobra. Os entalhes destes objetos são moldados para que se assemelhem aos animais citados, bem como as portas onde eles se encaixam.
Há ainda um puzzle envolvendo três cabeças de cachorros, o que pode ser uma alusão ao Cerberus, os cachorros infectados dos primeiros jogos da franquia. Por fim, há ainda uma pelúcia de um crocodilo encontrado no quarto antigo de Eveline, e posteriormente no quarto de Lucas, o que remete ao monstro homônimo encontrado nos esgotos de Raccoon City em RE2.
O susto da janela se quebrando
Tal qual em RE1, em que os cachorros quebram as vidraças de um dos corredores do térreo da mansão, ou ainda no segundo, onde os corvos invadem as fenestras do segundo andar da delegacia de polícia, ou em tantos outros momentos semelhantes ao longo dos jogos clássicos desta série; em RE7 temos novamente este susto causado por algo ou alguém invadindo o espaço da sua personagem, unicamente com o intuito de ataca-la. Desta vez, o momento ocorre na casa antiga, logo após conseguir montar o lança-chamas.
Construtora “Trevor and Chamberlain”
Em Resident Evil 7 há um relatório que registra que a responsável pela instalação dos mecanismos de trava movidos a luz e sombra na propriedade dos Bakers, é uma construtora chamada “Trevor & Chamberlain”. O arquivo é datado em 1992, o que torna impossível o envolvimento direto do arquiteto George Trevor, o construtor da mansão Spencer nos anos 60. Mas bem, nada impede que o nome seja uma homenagem ao mesmo sujeito, não é mesmo?
O código de identificação de produto do primeiro Resident Evil
Este easter egg já tinha sido descoberto e divulgado pelos fãs logo nas primeiras semanas depois do anúncio de Resident Evil 7, enquanto todos quebravam a cabeça para desvendar o segredo da demo Beginning Hour. Durante a tela de carregamento da fita de vídeo “Derelict House, June 1, várias letras e números compõem a tela.
Mas, alocado no canto esquerdo, em uma faixa branca, há uma numeração especial que se refere a todas as fitas de vídeo do game: o código de identificação de produtor de Resident Evil: Director’s Cut, lançado em 1997 – esta versão incluía a demo de RE2. Caso ainda esteja perdido com a quantidade de informação que aparece no monitor neste momento, aqui vai o a sequência de registro: US-00551/90009.
Se vale a curiosidade, a demo “Lantern” lançada apenas para imprensa durante o desenvolvimento de RE7, era a única fita que possuía um código de identificação diferente: US-00923D/90066 (que por sinal, é o registro de Resident Evil 3: Nemesis).
Os sons de cursor do menu dos Resident Evil clássicos
Quando Ethan está prestes a entrar em uma sala secreta da área de testes e reencenar o terrível jogo de Lucas, “Happy Birthday”, o jogador precisa primeiramente inserir um código de quatro dígitos em um painel ao lado do portão. Ao mover o cursor através da teclas, o jogador ouvirá um som familiar: é o mesmo ruído do menu dos primeiros Resident Evil.
Um pseudo ícone de guarda-chuva
Quando me apontaram esta referência, confesso que a princípio, ela me pareceu um tanto quanto forçada. Afinal, quando o jogador se liberta da casa principal, pelo lado de fora é possível enxergar uma espécie de símbolo na parte de cima da residência, que lembra vagamente um guarda-chuva, só que pela metade. Será realmente uma alusão ao brasão da Umbrella ou os fãs estão enxergando demais?
Eu realmente não sei ao certo. Porém, ao me deparar com as artworks oficiais de RE7, me atentei a uma em específico, onde este símbolo é bem evidenciado. Então, novamente deixo a indagação: será realmente uma alusão ao brasão da Umbrella ou os fãs estão enxergando demais?
A câmera em primeira pessoa
Poucas pessoas sabem dessa, mas o primeiro Resident Evil foi, ainda que por um singelo e breve momento, pensado como um jogo em primeira pessoa desde o princípio. O criador Shinji Mikami tentou implementar muitas mecânicas de seu outro jogo, Sweet Home, no primeiro título da série de Survival Horror, e a principal era a visão em primeira pessoa.
Todavia, ele acabou mudando a perspectiva para terceira pessoa por conta de influências externas em seu processo criativo, e também por conta do hardware do PlayStation, que não suportaria um jogo tão ambicioso para a época com uma qualidade decente de taxas de quadros por segundo.
RE7 chega então completando este ciclo, trazendo inúmeros elementos dos jogos clássicos de volta, e também a ideia original de câmera, que a Capcom almejou um dia.
Referências a outros jogos da Capcom e a filmes diversos do gênero horror
Existem ao longo do game inúmeras brincadeiras dos produtores, incluindo alusões a outros títulos da empresa, que vão desde livros (como “Fightning in the Street” que pode ser uma referência a Street Fighter), falas (Jack citando Marvel Vs Capcom ao dizer “I wanna take you for a ride…” na luta da garagem) e até mesmo conceitos (a demo Beginning Hour possui muitas semelhanças com o game Sweet Home). Se elas são intencionais ou não, fica a seu critério, mas é divertido encontra-las no game.
Quanto às referências de filmes… Bem, não é segredo para ninguém que Resident Evil sempre retirou inspiração de obras cinematográficas, e desta vez não poderia ser diferente. Talvez as alusões mais evidentes fiquem a cargo de “O Massacre da Serra Elétrica”, “Evil Dead” e “A Bruxa de Blair”, certo? Mas os experts em filmes de terror e suspense por aí conseguem apontar inúmeros outros longas-metragens que podem ter inspirado RE7, tais como “O Chamado”, “Horror em Amityville”, “Jogos Mortais”, “O Exorcista”, “Sexta-Feira 13”, “Halloween”, “Viagem Maldita”, “Pânico na Floresta”, “A Casa dos 1000 Corpos”, etc. E você, consegue se lembrar de mais algum?
Outros
Pebble
Pebble nada mais é do que uma marca especializada em smart watches. A empresa é listada nos créditos no game e o logotipo pode ser encontrada na parte de trás da versão física de RE7, já que eles criaram o design do relógio usado por Ethan e Mia ao longo do jogo.
Daidarabotchi
Daidarabotchi é o nome da música que toca durante a derradeira batalha entre Ethan e Eveline. O título é uma referência a um gigantesco demônio (yōkai) da mitologia japonesa, que algumas vezes se fazia passar por uma montanha quando dormia. It suits her very well, huh?!
Música tema
A canção tema escolhida para Resident Evil 7 não é uma criação original, mas sim uma regravação e adaptação. Desta vez, os desenvolvedores optaram por escolher uma música folclórica conhecida na região da Luisiana, que por sinal é onde o game é ambientado. A canção chama-se “Go Tell Aunt Rhody”. Nem preciso dizer que a versão original é muito mais light, enquanto que a do jogo é extremamente macabra, não é mesmo?