Ano novo, vida nova e novidade aqui no NGP. Em uma nova série, vamos abordar o ponto-chave que está por trás de 100% dos jogos independentes, o que faz tudo ser possível, barato e acessível até mesmo para quem não é programador: as engines! Também conhecidas como motores gráficos, elas facilitam de tal forma a criação que até gigantes da indústria estão aderindo a essas maravilhas do desenvolvimento de projetos digitais.

Antes dos indies, vieram as engines e hoje vamos falar de uma menos conhecida, mas que pode ser considerada como uma evolução do RPG Maker: a Smile Game Builder. Criada para trazer a criação de RPGs domésticos para o mundo 3D, ela custa US$ 70, cerca de R$ 260, um valor alto. Por isso, a recomendação é pelo download da versão trial, com 30 dias de uso liberado, para evitar uma grande frustração econômica.

Nosso assunto da vez tem dois grandes diferenciais, além de ser totalmente tridimensional. Ela permite que se faça personagens em 2D e possui compatibilidade com a Unity, outra engine de jogos bastante famosa da qual falaremos mais tarde. Calma, não é obrigatório ter o motor gráfico citado para usar a Smile, que é completa por si só, a ponto de possuir um editor de personagens 3D para editar os modelos existentes como desejar.

Falando ainda em câmera, a Smile permite que o desenvolvedor troque de visão para primeira pessoa quando quiser. Claro, é possível limitar essa troca para os jogadores de acordo com o sistema de cada jogo, mas a possibilidade facilita a criação e, principalmente, a adição de profundidade. Imagine que você está criando um título de detetive e deseja usar um recurso de “lupa” para visualizar as coisas de perto ou fazer um RPG para óculos de realidade virtual. Tudo depende da imaginação do criador, peça-chave do sucesso de jogos independentes como Celeste e Virgo vs the Zodiac, que usam gêneros conhecidos, mas com um algo a mais viciante.

O modo de usar da Smile é muito similar à sua referência, o RPG Maker, com o clássico “clicar e arrastar”. Os menus simples de criação de eventos, inserção de novos gráficos, armas, itens, personagens, monstros e todos os demais clichês do gênero também aparecem aqui, juntamente com os campos de textos e imagens dos heróis, com status e descrições de classe. Com a engine, uma simples visita à loja pode ser algo mais profundo do que um simples encontro com um NPC caso, novamente, o desenvolvedor utilize ângulos de câmera para tornar a ação diferente e dinâmica, com detalhes visuais e referências.

Claro que a engine não tem só maravilhas, pois, ao mesmo tempo em que você ganhou mais uma dimensão para trabalhar, terá que saber lidar com ela e ter noção que todo ângulo de visão será preenchido com gráficos. Assim, é preciso evitar que cantos de mapas e quinas de montanhas apareçam, bem como o céu preto onde acaba o azul por não ter iluminação adequada. A visão de cima facilita a montagem de cenários, mas os outros pontos de vista são por sua conta. Como o sistema é muito fácil de usar, com menus pequenos e funcionalidade clássica dos RPGs, vai sobrar tempo para lidar somente com as câmeras e criação de uma cutscene imersiva.

Detalhes de expansão à parte, a biblioteca de recursos é ampla, mas voltada somente para o tema medieval. Com downloads, entretanto, dá para expandir os recursos gráficos como desejar e escolher mais temas como urbano, futurista, oriental e tudo mais. Como cada peça tem sua gama de opções e programações, não será difícil povoar e animar uma cidade inteira com todos os gatilhos de eventos que permitem criar o seu Final Fantasy 7 ou Persona.

A engine tem vacilos que já deveriam ter sido corrigidos nesses dois anos de existência, como a ausência de mais sistemas de batalha além do tradicional por turnos ou dos espaços para os famosos scripts. Não é possível programar pessoalmente alguns elementos e expandir a experiência do jogo além do que está disponível na Smile. Aparentemente, todo o esforço do time é voltado para fazer o jogo ter a melhor qualidade gráfica possível com os arquivos mais leves, além da integração com Unity. O espaço para a criação por parte do desenvolvedor deveria ser maior e acabou deixado de lado.

Ainda assim, a Smile Game Builder traz bons diferenciais para o mundo dos criadores independentes e iniciantes. A equipe, mesmo japonesa, se esforça para responder a todos que a procuram, mesmo em inglês, o que demonstra que o espaço está aberto para grandes melhorias.

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