Passado o frisson da E3 2014 e já conformado em não ter tido nenhuma noticia sobre minha amada SNK na feira, cá estou de volta para falar das velharias. E para suprir a falta de minha empresa favorita, falarei da minha série de jogos de luta favorita: Samurai Shodown.

Tudo começou nos idos de 1993, Street Fighter e Mortal Kombat reinavam soberanos nos “fliperamas” e em busca de novos desafios, eu e alguns amigos saíamos visitando outros botecos pelas redondezas. Eis que um dia me deparei com algo completamente diferente, um jogo de luta com armas, sangue, violência e mais adiante descobri que tinha uma historia riquíssima.

Lembro que a primeira imagem que vi de Samurai Shodown foi da fase bônus, onde vc tinha que provar sua habilidade cortando bonecos de palha que surgiam pela a tela.

Outro ponto que me chamou a atenção era a violência das finalizações. Ok, não eram como os fatalities do Mortal Kombat, mas o detalhe de rasgar a jugular do adversário e ser coberto pelo sangue do mesmo era muito maneiro.

Detalhes, se tem algo que a SNK fazia esplendorosamente era se atentar aos detalhes. Detalhes como um juiz que acompanhava os combates, sinalizando cada golpe que era bem sucedido. Um personagem que passava aleatoriamente pela tela jogando itens que recuperavam a energia.

Ou a forma como se morria no jogo. Se você cortava o adversário ao meio ou rasgava sua jugular, surgia uma animação dos juízes carregando uma esteira de palha com o corpo do oponente, já se você apenas terminasse a luta com um golpe simples, o adversário aparecia ao fundo lamentando a derrota.

Haviam também as disputas de armas. Quando os dois lutadores desferiam golpes da mesma intensidade ao mesmo tempo, iniciava-se uma disputa corpo a corpo, onde o jogador que apertasse os botões com mais velocidade conseguia arrancar a arma do adversário, assim deixando ele em desvantagem.

Outro ponto interessante da mecânica do jogo eram as barras secundarias que se enchem conforme o personagem toma danos, assim aumentando o poder dos golpes. Isso dava uma dinâmica ao combate, mesmo perdendo você teria chance de vencer, tudo dependia de técnica.

Um dos pontos mais legais de Samurai Shodown era seu enredo baseado não somente em mitos orientais como em personagens históricos:

  • Haohmaru, personagem que estampa a capa do jogo foi baseado em Miyamoto Musashi.
  • Tachibana Ukyo, baseado em um adversário de musashi chamado Sasaki Kojiro Genryu.
  • Yagyu Jubei, baseado em um lendário samurai chamado Yagyu Jubei Mitsuyoshi.
  • Amakusa Shiro Tokisada, baseado em um jovem líder cristão de mesmo nome, que liderou uma revolução e foi morto por isso.
  • E por último o ninja Hattori Hanzo que foi baseado em Hattori Hanzo, grande mestre ninja do clã iga.

Mas nem só de bolas dentro vive a serie. Temos por exemplo o Ninja Galford, que luta em um porto em São Francisco, e Earthquake, outro ninja que luta no Texas, lugares que nem se quer existiam na época em que se passa o jogo, 1788. Tem também o inglês bem meia boca dos produtores do jogo, que já começa no titulo do jogo. Samurai “Shodown”, que deveria ser Showdown e o “Victoly” que deveria ser Victory.

O enredo parece simples, mas no decorrer da série, se expande e se mostra muito mais interessante do que os convencionais enredos de jogos de luta:

Amakusa Shiro Tokisada selou um pacto com uma entidade do mal chamada Ambrosia momentos antes de sua execução. Usando o corpo de Shinzo, filho de Hanzo Hattori, ele ressuscita e planeja vingar-se dos que reinaram contra ele ressuscitando Ambrosia no mundo mortal. Ele rouba um item sagrado, a Pedra Palenke, para obter o poder necessário para fazer o ritual. Os feitos de Amakusa são então conhecidos pelo mundo todo atraindo vários guerreiros.

Para finalizar eu tenho que destacar a parte artística do jogo, tanto visual quanto sonora.

Talvez hoje voces não achem nada de mais, mas vendo no contexto, a quantidade de sprites, os tamanhos e a qualidade, é inegável a superioridade desse game frente aos jogos de luta da época.

https://www.youtube.com/watch?v=OCxOu_k1GN8

Um aprimoramento do sistema de zoom, que apareceu pela primeira vez em Art of Fighting. A trilha, tipicamente oriental e com a inserção de alguns temas que casam muito bem com os cenários, como o rock and roll dos estágios de Galford e Earthquake e a batida tribal do estagio do personagem Tam Tam.

Eu pretendia abordar os quatro primeiros games da serie, mas acabei me estendendo no primeiro game. Quem sabe no futuro eu não trago os demais episódios da serie.

Samurai Shodown teve versões para Arcade, Neogeo, Neogeo CD, Snes, Mega Drive, Game Boy, Game Gear, Sega CD, 3DO, Sega Saturn, PlayStation, Playstation 2, Wii e PSP.

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