Sempre que se fala em filmes baseados nos games, a maioria sente um frio na espinha. Só de lembrar de longas como Mortal Kombat: A Aniquilação, Tekken, Far Cry, Hitman: Assassino 47, ou, porque não, os polêmicos Resident Evil, já se sente desconforto, náuseas, até raiva com a falta de respeito dos produtores e diretores com as franquias de jogos que tanto nos dão alegria.

Mas o assunto aqui é Street Fighter. Se formos para o lado das, animações temos “Street Fighter: The Animated Movie”, “Alpha: The Movie” ou então a tão aclamada série “Street Fighter II: Victory”, que apesar de não ser fiel à história do game, não deixa de ser uma animação fantástica e obrigatória para quem se diz fã de uma das maiores franquias, dentre os jogos de luta.

Street Fighter: Assassin’s Fist uma verdadeira adaptação live-action

Porém, as adaptações em live-action, “Street Fighter: A Batalha Final” e “Street Fighter: A Lenda de Chun-li”, são dois filmes que só de lembrar uma lágrima escorre pelo rosto. Porém, minha fé em adaptações live-action foi restaurada com a websérie “Street Fighter: Assassin’s Fist”, que inclusive, está confirmada uma segunda temporada que se chamará “World Warrior”.

A série de 12 episódios teve sua estreia no dia 23 de maio, no canal do Machinima no YouTube, com o selo de aprovação da Capcom e direção de Joey Ansah. Tudo isso fez com que a produçãofosse, como ele mesmo diz: “Algo diferente de tudo o que você já viu”. Resumindo: você que é fã de Street Fighter e quer ver uma adaptação em live-action que respeita a série e os fãs, assista Assassin’s Fist.

Mas um aviso: a partir de agora, teremos spoilers sobre a série. Falarei sobre as semelhanças entre ela e o jogo, além de dar minha opinião como fã. Se você ainda não assistiu, tem dois caminhos a escolher, guarde o site nos favoritos do browser, veja tudo e volte para ler. Ou então continue aqui, veja as semelhanças, se anime e vá acompanhar. Fica por sua conta em risco.

Semelhanças entre a Web-Série e o Game

Personagens

Teve gente que encrencou um pouco com Ken, interpretado por Christian Howard, mais por causa do cabelo do que pela atuação, que foi impecável. Para quem não sabe, o personagem tinha o cabelo comprido na série Alpha. Assisti-lo na websérie é como ver o personagem do game. O ator soube dar vida ao personagem, respeitando a personalidade, aparência e o figurino, tudo nos conformes, exatamente como no game.

Street Fighter Assassin’s Fist: uma verdadeira adaptação live-action

Akira Koleyama teve um pouco mais de dificuldade em relação a Gouken, pois até Street Fighter IV o personagem estava morto e, infelizmente, não dá pra ter uma profundidade maior sobre sua personalidade. Mas quando o ator é bom, ele faz o melhor com o que tem, e isso pode ser visto na série tanto o lado “mestre” quanto o lado paterno do personagem, em relação a Ken e Ryu. Ele consegue apresentar Gouken de maneira positiva para os fãs.

Street Fighter Assassin’s Fist: uma verdadeira adaptação live-action

Os atores que ficaram com as “bombas” foram Joey Ansah e Mike Moh, que deram vida a Akuma e Ryu. O primeiro, por sua vez, já começou a websérie com o plano de interpretar o personagem e fim de papo. Ao contrário do que se esperava, ele fez um ótimo trabalho, com ótima caracterização. Sem falar na sua sede de sangue, quando desafia Gouken para uma luta e ainda ameaça matar as “crias” dele, como foi mostrado no sexto episodio.

Mike Moh já estava na mira dos fãs antes mesmo da série ir ao ar. Como um cara magrelo poderia ser o Ryu? Como ele mesmo disse em um vídeo postado no canal oficial da série no YouTube: “Na internet existem muitos trolls e haters, que já falam mal antes mesmo do lançamento da série. Por favor, assistam antes de odiarem”. E ele acabou surpreendendo, fez um bom trabalho, foi fiel à personalidade calma do personagem, além de ser asiático. Depois de muita malhação, conseguiu o corpo de lutador. Nice job, Mike.

Street Fighter Assassin’s Fist: uma verdadeira adaptação live-action

Cenários e trilha sonoras

O local de treinos e da luta principal de Ryu e Ken lembra bastante um cenário de Street Fighter Alpha. A única diferença é que no jogo a ação se passa durante a noite.

Street Fighter Assassin’s Fist: uma verdadeira adaptação live-action

Além disso, temos as trilhas sonoras dos protagonistas Ken e Ryu, aparecendo em várias versões. A do americano aparece pela primeira vez quando no quarto episodio, temos uma versão rock que toca no rádio toca-fitas do personagem, além de uma versão mais suave, no treinamento antes da luta final. Já a do Ryu aparece pela primeira vez quando o velho Goma (Togo Igawa, também intérprete do Goutetsu) finalmente termina de compor uma musica para o jovem. A segunda vez foi no último treino, antes da dupla partir para a peregrinação do herói.

Golpes

A posição de luta dos personagens é bem fiel ao game, principalmente a de Ken e Ryu. Além de que, na série, também temos o “parry”, aquele bloqueio que não causa perda de energia. Mas, claro, devo destacar as magias e golpes especiais, que estão perfeitos.

Logo no começo da série temos Hadouken, Shoryuken e Tatsumaki Sempuu Kyaku (conhecido também como tektekteruguem). No último episódio, aparece também o Super Hadouken, golpe dado por Ryu tomado pelo Dark Hadou. O Super Shoryuken do Ken, com direito a fogo e tudo, porém, faz com que ele lance o ataque para o céu. Mas o mais impressionante foi o Raging Demon, o famoso golpe da tela branca, aplicado por Akuma na luta contra Goutetsu no episódio 10, com o bônus do kanji surgindo nas costas do demônio.

Street Fighter Assassin’s Fist: uma verdadeira adaptação live-action

História

A história de Street Fighter foi se formando com o passar do tempo. Apesar do enredo presente no segundo jogo, foi na série Alpha que a trama ganhou profundidade. No game, todos sabem que Gouki é irmão caçula de Gouken, estre de Ryu e Ken. O japonês ganhou a faixa vermelha do americano, logo após uma luta. Tanto Akuma quanto Ryu têm ligação com o Satsui no Hadou. Essa é à base da história e tudo é contado com cuidado. Mesmo tendo algumas modificações, a série tenta ser ao máximo fiel ao game.

Street Fighter Assassin’s Fist: uma verdadeira adaptação live-action

Um dos focos da série é mostrar a vida dos jovens Gouken e Gouki, interpretados por Gaku Space e Shogen respectivamente, quando ainda treinavam com Gotetsu. O primeiro era obediente, dedicado e tinha a confiança do mestre. Já o outro queria dominar a perigosa técnica do Dark Hadou e acaba sendo banido pelo tutor. Quando Gouki vira Akuma, ele volta e mata seu antigo sensei, assim como no game.

Uma das histórias originais da série gira em torno da personagem Sayaka, vivida pela atriz Hyunri, pivô do triângulo amoroso envolvendo os irmãos. Tudo é explicado de maneira sutil e delicada.

Street Fighter Assassin’s Fist: uma verdadeira adaptação live-action

Além das lutas, a série foca bastante na amizade (ou bromance) de Ryu e Ken, principalmente na maneira como se conheceram e de que forma, mesmo com a diferença de etnia e classe social, os dois acabaram criando um laço muito forte. Tanto que quando aparece a possibilidade de Ken ir embora, Ryu fica preocupado, pois acha que vai perder um membro da família. Como no primeiro episódio (depois do episodio Alpha), em que o lutador diz que tudo o que ele tem é o dojo, o mestre e seu amigo.

Um dos pontos altos da série é a relação dos dois, mostrando o lado cômico deles, como no quarto episódio, em que vão para um bar, bebem e arrumam briga. Detalhe: eles são menores de idade, ou seja, estão lá de metidos. Há também espaço para um lado mais sério, por exemplo, a luta final dos dois, onde Ken, apesar de vencedor, não se importou com a vitória e sim em ajudar o amigo que estava ferido. É aí que ele usa a faixa que até então amarrava seu cabelo para tapar o ferimento na cabeça do companheiro.

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Antes de finalizar, é importante dar destaque a duas curiosidades. A primeira é que o diretor de criação de Street Fighter, Yoshinori Ono, faz uma participação especial na série como o anfitrião da luta de rua, no episódio quatro. A segunda é a aparição do jogo Mega-Man 2,  fazendo com que Ryu e Ken fiquem malucos e deixem o treino e as tarefas para jogar no saudoso Nintendinho.

Street Fighter: Assassin’s Fist é a prova de que não é preciso orçamentos milionários, grandes efeitos especiais ou a direção de Paul Anderson para fazer uma boa adaptação. Basta ter lindos cenários, uma trilha sonora incrível, bons figurinos, personagens bem representados, uma história fiel ao game e, principalmente, respeito aos fãs.

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