Nenhuma feira de jogos nacional estaria completa sem títulos de duas categorias, que constituem a preferência dos brasileiros: futebol e tiro. E era lá, em um dos maiores espaços da Brasil Game Show 2015, que Call of Duty estava mais uma vez, desta vez exibindo o modo multiplayer do próximo lançamento, Black Ops III.

A build era semelhante à que foi disponibilizada recentemente para os jogadores por meio do primeiro teste Beta aberto do jogo. A diferença é que, no evento, tínhamos alguns especialistas a mais liberados e também mapas inéditos, que davam um tom mais vertical e variado ao título. Mesmo assim, ainda era o bom e velho Call of Duty a que todos estão acostumados, seja isso bom ou ruim.

Foi justamente sobre essa questão de variação que batemos um papo com Jay Puryear, diretor de desenvolvimento da Treyarch. Em nossa conversa, ele fala sobre o que realmente há de novo em Call of Duty: Black Ops III e o trabalho de levar uma subfranquia que começou no passado ao futuro.

  • New Game Plus: Como uma franquia anual, as comparações são inevitáveis. O que há de novo em Call of Duty: Black Ops III que o diferencia não apenas de seu antecessor, mas da franquia como um todo?

Jay Puryear: Na nova geração, temos uma campanha coperativa para até quatro jogadores, algo que é inédito na série. Pela primeira vez, também, o modo Zombies terá um sistema de progressão que permite ao jogador subir de ranking e evoluir dentro do extra. Na jogabilidade, focamos em um movimento mais fluido para o personagem, com mapas que complementem isso.

  • NGP: A cada versão, Call of Duty se torna mais complexo e competitivo, com novas tecnologias e habilidades. Como isso é pensado de forma a abrir caminho também para os novatos na franquia?

JP: Sempre tentamos fazer um jogo o mais amigável possível, independente do nivel de habilidade de quem está jogando. A campanha cooperativa para quatro jogadores é a oportunidade de entrar nesse mundo e conhecer as diferentes armas e customizações, além de estar com os amigos e aprender com eles as principais táticas.

Enquanto o multiplayer pode ser um pouco intimidador, a campanha apresenta um “lugar seguro” para quem não joga Call of Duty tanto assim. Por isso, o ideal é começar por ela, conhecer tudo o que Black Ops III tem para oferecer e, então, se aventurar na jogatina competitiva.

  • NGP: Neste jogo, temos também um sistema de Especialistas. De que forma eles variam a jogabilidade além do tiroteio puro e simples?

JP: O principal ponto aqui é que essa adição permite aos jogadores escolherem exatamente como querem agir no modo multiplayer. Se você gosta de correr por aí, ou então, de usar explosivos ou armas poderosas, temos um Especialista para isso. Eles também adicionam uma camada tática ao modo multiplayer, pois dependendo do modo escolhido, dá para escolher um personagem diferente. Caso esteja jogando com os amigos, é possível montar um time com habilidades variadas.

Call of Duty Black Ops 3

  • NGP: E qual é seu Especialista preferido?

JP: Sou dividido, pois há muitos para escolher. Mas acho que fico com a Outrider, ela é a mais divertida. Dá para limpar toda uma área com o arco e flecha, ou usar o Vision Pulse para ganhar uma vantagem tática. É um ótimo exemplo de como a jogabilidade pode mudar com um bom uso de Especialista.

  • NGP: Mesmo com toda sua tecnologia, Call of Duty: Advanced Warfare ainda tinha um pé na realidade atual. Agora, com Black Ops III, estamos abraçando o futuro completamente e tudo é diferente em relação aos anteriores. Como fazer isso sem perder a verossimilhança?

JP: O jogo se passa 40 anos depois dos acontecimentos de CoD: Black Ops II, mas é a história que queremos contar que mantém o novo game com os pés no chão. Hoje em dia temos smartphones e tecnologias vestíveis que nos mantém conectados o tempo inteiro e são extremamente populares. Os soldados também estão ligados por meio de dispositivos semelhantes e o mesmo vale também para equipamentos médicos, por exemplo.

Trabalhamos com consultoria militar no game anterior, e continuamos a observar a evolução disso tudo de forma a termos um resultado que seja plausível. Não queremos ir longe demais, pois é muito fácil perder a noção da realidade no desenvolvimento de algo desse tipo. O que fizemos foi olhar o que temos hoje em dia e projetar onde estaremos nos próximos 40 anos.

Por outro lado, estamos no ramo do entretenimento eletrônico e, no fim das contas, temos que entregar algo que seja divertido. Call of Duty sempre foi uma série pautada pela realidade plausível, com a ficção brincando em cima disso. Mesmo que exista uma tecnologia que a gente ache interessante de abordar, mas que não seja divertida de se usar durante o game, a deixamos de lado em prol da experiência.

  • NGP: Em todo Call of Duty, sempre temos pelo menos alguns grandes nomes de Hollywood interpretando personagens. Como é o trabalho com esses atores?

JP: Temos muita sorte de trabalhar, ao longo da franquia, com talentos que, muitas vezes, descobrimos serem fãs da franquia. Mas acima de tudo, a raiz do trabalho com esses atores é tornar a jornada dos personagens mais “real” e criar uma ligação maior entre os jogadores e o enredo. Poder criar isso nos games da mesma maneira que se faz no cinema é muito importante.

  • NGP: Existe alguma influência de filmes ou séries de TV na criação desse universo?

JP: Muita coisa está acontecendo nesse futuro. Temos um mundo escuro e visceral, e muitos temas para serem abordados. Mas acima de tudo, Black Ops III é uma continuação daquilo que já foi visto nos jogos anteriores.

  • NGP: Posso entender então que teremos menções ao passado, ou quem sabe até um flashback para o Vietnã em CoD: Black Ops III?

JP: [risos] Estou tendo um flashback agora pensando no desenvolvimento desse jogo. É nisso que estamos focando agora e, quanto a outros games, vamos falar sobre isso no futuro.

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