Vamos concordar que 2018 foi um ano excelente para lançamentos, com a volta de grandes franquias como God of War e gratas surpresas como Celeste. Um dos últimos jogos lançados em 2018, Darksiders III chegou com expectativa alta, não só por sua protagonista feminina, mas pela promessa de trazer um gameplay mais desafiador, história interessante e, principalmente, superar seu antecessor.
Desta vez, controlamos a Cavaleira do Apocalipse, Fury, traduzida para Cólera na localização para o português. Ela é má, impiedosa com humanos, anjos e demônios, mas extremamente carismática, com uma evolução impecável conforme a campanha avança. Nós realmente acreditamos na raiva e no aprendizado dela.
Uma das reclamações de Darksiders 2 foi justamente o protagonista, Morte, sem sal, personalidade e nem metade do carisma que Guerra tinha. Já Cólera anda lado a lado com o herói do primeiro jogo, mantendo sua personalidade mesmo depois de tantos acontecimentos. A história começa quando ela é recrutada para derrotar e capturar os sete Pecados Capitais, para, enfim, restaurar o equilíbrio entre a Ordem e o Caos.
Quem acompanha a franquia já sabe que a coisa sempre é muito mais complexa do que o esperado. Logo no início, vemos Guerra preso por conta de uma traição e Morte desaparecido. Ele fala para a irmã que há algo errado no universo e que não era o culpado pelo apocalipse, então, é hora de chegar ao centro de tudo isso.
Chama a atenção o retorno de personagens clássicos em nova forma, como Vulgrim, com quem o jogador compra itens de cura e relíquias para melhoria de armas, além do Criador, que faz melhorias nos equipamentos. O Vigia, uma praga desagradável do primeiro Darksiders, mesmo sendo dublado pelo simpático Mark Hamill, está de volta com uma certa admiração pela Cólera, dando dicas e até algumas palavras amigas. Quem é fã da franquia pode até estranhar essa atitude, mas se surpreenderá com o andar da carruagem.
Infelizmente, a campanha tem momentos mais corridos do que deveria. Entretanto, há tanto acerto que acabamos por “perdoar” essas gafes, até porque são poucas. Os diálogos, em sua imensa maioria, são ótimos, e o enredo consegue te prender, deixando o jogador curioso para saber o que acontece no final da aventura.
A THQ Nordic nunca fez muita questão de esconder suas referências. Para quem lembra do primeiro Darksiders, que chegou a ser comparado diretamente com God of War, não só pelo estilo hack n’ slash, mas também por elementos inseridos no game, como os baús para recuperar vida, achar itens, adquirir almas, o combo “quadrado, quadrado e triângulo”, entre outros. No terceiro jogo da franquia, foi a vez de se inspirar no temido e respeitado Dark Souls.
Darksiders 3 mostra porque a franquia consegue conquistar fãs. Cólera tem uma evolução incrível e, mesmo sendo escrota, não deixamos de ter simpatia por ela.
Isso tornou o terceiro jogo um desafio enorme para quem gosta da saga dos Cavaleiros do Apocalipse, mas não se dá tão bem no jogo da From Software. A jogabilidade está mais metódica, com punição extrema por erro do jogadoer e dificuldade altíssima, mesmo no modo “normal”. Os ataques acontecem por meio dos gatilhos, enquanto travar inimigos é essencial para atacar.
Essa nova roupagem dividiu opiniões e, para atender aos fãs revoltados, a Gunfire Games chegou a liberar uma atualização para adicionar novos controles clássicos, permitindo que o jogador escolha o que mais lhe agrada. O estilo clássico realmente facilita a vida, mas ainda assim, a dificuldade é alta, principalmente nos Guardiões e chefes de fase.
Caso o jogador morra no meio do caminho, perderá todas as almas e itens utilizados, voltando ao último checkpoint. Retornar ao local da derrota permite recuperar os itens, mas também envolve analissar se vale a pena fazer isso, pois alguns inimigos podem dar trabalho e exigem um upgrade antes de serem enfrentados novamente.
A THQ Nordic nunca fez questão de esconder suas referências e, no terceiro jogo da franquia, foi a vez de se inspirar no temido e respeitado Dark Souls, criando um grande desafio.
As músicas e os gráficos das cutscenes são maravilhosos, principalmente após os chefes, momentos em que sempre há uma cena incrível e violenta. Entretanto, quando estamos jogando, às vezes, vem uma melodia que não faz sentido algum com que está acontecendo, como tambores de guerra e uma batida pesada quando você simplesmente está caminhando e não há nada ameaçador à sua volta. Melodias suaves também podem ser ouvidas enquanto fatiamos inimigos comuns.
Mesmo com o segundo jogo da franquia sendo mais fraco, Darksiders 3 mostra porque, apesar de não ser uma franquia badalada, ela ainda consegue conquistar fãs. As mudanças foram bem-vindas e o título adere ao estilo de muitos jogos do ano passado, em que personagens invulneráveis, indestrutíveis e “fodões” não têm mais tanto destaque. Cólera tem uma evolução incrível e, mesmo sendo escrota, o jogador não deixa de ter simpatia e torcer por ela.
Darksiders 3 é um prato cheio para quem é fã da franquia e fará muitos esperarem ansiosamente pelo próximo jogo. Afinal, queremos saber o que vai acontecer com os personagens e conhecer o último dos Cavaleiros do Apocalipse.
O jogo foi testado no PlayStation 4, em cópia cedida pela THQ Nordic.