Voltando um pouco para o mundo da pixel art, temos um novo RPG em turnos chegando. Para deixar os fãs do gênero empolgados, a desenvolvedora So Romantic liberou esta demo, que demonstra grande potencial para reviver os JRPGs em um misto de estilo clássico com muita cultura cyberpunk e neon, mas com temática um tanto quanto pesada. Não estou falando de hacking, e sim, de sequestro, assassinato e as ruindades dos humanos.
Em Jack Move, você controla a magrela Noa, que consegue o incrível feito de ser uma rata de códigos e atleta lutadora ao mesmo tempo, em um mundo onde o poder da tecnologia garante superpoderes!
O clima é uma mistura de anos 80, mundo disruptivo e muita referência à T.I., onde as pessoas seriam como uma mescla de computadores e seres místicos que conseguem manifestar magia por meio de alterações de programação e implantes robóticos, sem falar que melhorias e upgrades podem ser feitos sem nenhum problema de rejeição. Em um universo em que até os donos de ferro velho e desajustados de rua têm conhecimento de melhorias para o corpo, Noa vai ter que se esforçar muito para lidar com todos que atrapalham a missão de encontrar seu pai, que desapareceu sem deixar muitas pistas.
O game mistura clichês e novidades muito bem, a ponto de podermos classificá-lo como um Final Fantasy em um mundo de Double Dragon, se este fosse cyberpunk. As telas de batalha são estilo naquele estilo de grids verdes de computadores antigos, os tipos de ataque são variados e a estratégia é bem inovadora, apesar de os inimigos e o design e personalidade da protagonista, não. Noa é uma espécie de Marty McFly toda trabalhada na autoestima, que consegue acumular pontos para um ataque poderoso ou duplo de acordo com o que o jogador decide. Isso é primordial, pois esta demo é um “solo RPG”, onde ninguém te ajuda e, sinceramente, espero que seja assim até o final, no máximo com uns guests que possam aparecer esporadicamente sem serem controlados, mas divago.
A pixel art é muito bem feita e todos os cenários têm muitos detalhes. Apesar disso, a personagem não desaparece entre eles, pois fica translúcida quando passa por trás de objetos, que estão sempre bem iluminados. Às vezes, tantos detalhes chegam a gerar poluição visual, mesmo com tantos pontos negros para dar um respiro. Os gráficos poderiam ser maiores para termos menos elementos, pois Noa é muito pequena na tela. Para ajudar, ela “percebe” alguns elementos interativos no cenário e esse cuidado é um ótimo fator de game design, que se importa com o jogador e seu produto final. Com tutoriais e mensagens de objetivo atualizado, Jack Move se mostra um RPG bem linear sem espaço, até agora, para side quests.
O sistema de jogo é bem familiar para quem já jogou os clássicos, com o mais complicado sendo equipar as “magias” de ataque e cura nos decks de configuração, pois essa inserção e troca não estão simplificadas (insistindo, vai!). Como se trata de um RPG sem outros personagens de apoio, Noa terá que fazer tudo de uma vez e ainda perceber quais os tipos de inimigos são frágeis para os estilos de ataque, que variam de orgânico, robótico e mesclados. A desvantagem é que todos os ataques dos inimigos são efetivos em você, por isso, saber a hora de atacar, defender, acumular ataques e se curar é essencial e se mostra muito divertido.
Com um design muito bonito, trilha sonora e efeitos bem feitos, e apesar dos cenários cheio de poluição visual e personagens pequenos, Jack Move é muito legal e vai te deixar com vontade de jogar o game completo, que está previsto para 2021. Sem previsão para lançamento em consoles e rodando até em sistemas operacionais antigos como o Windows XP, esse é o RPG para quem gosta da temática, novos desafios e de pixel art estupendo!