Há quase três anos, analisamos a demo de Trajes Fatais. No final do ano de 2018, a Onanim Estúdios soltou mais uma versão para testarmos e, logo no começo, já dá para perceber que os desenvolvedores conseguiram melhorar o que já estava bom. A edição mais recente tem um design sofisticado, mais personagens e cenários, destacando a Fada Madrinha Natália Clarimond, que que se une aos outros cinco lutadores já conhecidos.
Lucy Fernandez continua igual, mas a sua B-Side está mais focada em contra-ataques e ataques que precisam que o inimigo a acerte para ativar, diferente de Cristiano e seu B-Side, que apesar de diferirem pouco, estão com poderes de vento que têm um alcance maior. Novamente, destaque para o dublador Francisco Bretas, o Hyoga da versão brasileira de “Cavaleiros do Zodíaco”, que interpreta o lutador que ganhou um gameplay mais acrobático, enquanto Lourenço Sombra ganhou facadas que parecem meio overpowered, dado seu longo alcance.
Já Natália solta projéteis para a frente, cima, carrega poder, plana e tem ataques de deslize, uma personagem bem completa que me lembra Menat, de Street Fighter V, com seus recursos anti-aproximação de adversários.
Os mais atentos já perceberam que o layout de todas as telas está com muito glamour e detalhes que remontam à tal festa a fantasia em que os protagonistas estão inseridos, segundo a história do jogo, com mais cenários disponíveis. Claro que a tela de combate também mudou, com o retorno ao clássico sistema de barras em vez das bolas de energia vital. As músicas e efeitos sonoros continuam cativantes e os golpes fáceis de aplicar, com animações fluídas.
Para manter a originalidade, cada round dura meia barra de vitalidade, e quando o jogador é nocauteado no último Round, se tiver barras cheias de Super, elas se tornam energia vital para evitar o desperdício de “morrer com os recursos cheios”. É uma ótima ideia e lembra aquele último suspiro que os heróis de anime possuem depois de ficarem sem energia.
O tradicional sistema das barras de energia e super são uma ótima ideia, mas tem algo que incomoda quando se vai fazer um simples treino ou lutar contra a CPU: uma janela muito pequena para fazer os combos ou personagens que não têm uma aproximação tão fácil em golpes que serviriam para tal. Um exemplo simples é pegar o anjo Cristiano e tentar se aproximar com uma voadora que se desloca pra frente, mas ao acertar, não dá tempo de cair no chão e fazer o combo básico de ataque fraco e segundo ataque que manda pra cima.
Às vezes, executar uma simples voadora, ataque e magia parece um sacrifício e não diversão, pois passa insegurança se o golpe vai linkar, assim como o cancelamento de normais em outros normais ou Supers não seguirem um padrão intuitivo.
Ainda falando de jogabilidade, temos os B-Sides que seriam como a versão Bust dos personagens de Samurai Shodown 4. Mas, apesar da aparência, não existem golpes que provoquem uma mudança muito brusca no sistema de lutas. Falando especificamente da Lucy B-Side, alguns normais não linkarem ao avançar para a frente é meio decepcionante. Claro que estamos falando de uma demonstração e, por isso, dar um feedback honesto para os criadores é uma atitude de contribuição, ainda mais para alavancar os indies nacionais e atrair a atenção internacional para a indústria de games brasileira. Como sempre dizemos, a diversão é o fator mais importante para um jogo, não importa o gênero.
Fazer um jogo de luta, principalmente na era dos competitivos, é um serviço de refinamento quase infinito para gerar diversão aos casuais, engajamento aos profissionais e apelo para e-Sports. Ou seja, precisa ser divertido de jogar E assistir, tendo partidas com combos variados e situações emocionantes de reviravoltas, mas, para isso, é necessário existir uma comunicação semiótica (lá vai ele…) de comunicação intuitiva para perceber que existe uma ordem para fazer combos, hierarquia entre os ataques normais, supers, hypers, sistema de esquiva, aparar (parry) e um balanceamento seguindo o conceito do personagem, sem falar de deixar claro se tal golpe é alto, baixo, overhead, invencível no início, etc, fatores existentes desde a década de 1990.
Com ótimos gráficos, pixel art fantástico e muita originalidade, Trajes Fatais é a grande promessa indie que tem previsão de lançamento para 2019. Você pode se inscrever no site da Onanim e receber em seu e-mail o link pra baixar a demo e testar os seis personagens lindamente desenhados e cheio de detalhes, com seus golpes originais e jogabilidade avançada. Com as opções de Versus local, Versus IA e Treino, já dá para se aquecer para a festa que vai abalar a comunidade mundial dos jogos de luta.
PS: Meu personagem preferido ainda é o Lourenço Sombra, que ficou muito mais apelão!